labrys, études féministes/ estudos feministas

julho/dezembro2007- juillet/décembre 2007

 

Um Aceno de Resistência: representações humorísticas do feminino e do feminismo

Maria da Conceição Francisca Pires*

Resumo:

 A proposta do artigo é discutir o questionamento de uma perspectiva naturalizada da dominação masculina presente em fragmentos das histórias em quadrinhos do cartunista Henrique de Souza Filho - Henfil, produzidos entre os anos de 1970 e 1980. A análise concebe o texto humorístico como uma arena onde os conflitos sociais foram colocados à mostra, cotejados, recusados e/ou reforçados. Defende-se a premissa de que a narrativa humorística propôs a instauração de uma nova e inversa condição hierárquica entre homens e mulheres contribuindo, desse modo, para o destronamento de referenciais e identidades preestabelecidos.

Palavras-chave: feminismo, humor, política.

 

A análise terá como foco central o universo discursivo dos quadrinhos referentes ao Grupo do Alto da Caatinga, criado pelo cartunista Henfil, em 1972. O grupo surgiu com a função de apaziguar a insatisfação do leitor do Caderno B do Jornal do Brasil contra o caráter desregrado do humor que caracterizava os personagens Fradins, também de sua autoria.

De acordo com Henfil:

(...) o tipo de leitor do JB, leitor classe A, me achava grosso. (...) Aí começou a censura à imprensa. O fradinho começou a perder condições de diálogo. Eu não tinha mais condições de fazer o fradinho como ele era... a partir de 1972; (...) Então eu comecei, no Jornal do Brasil, a sair para outro esquema. Surgiu a possibilidade de fazer um quadrinho no segundo caderno, sem nada a ver com os fradinhos: o Zeferino, a Graúna, o Bode Orelana que come livros e assume a cultura dos livros (...). (Revista Fradim, 1977: 29).

A adoção de uma “tática bem flexível de comunicação” atenuou os conflitos com o público do JB, cuja acolhida à personagem Graúna se deu com especial calor. Contudo, a forte crítica aos dois frades não inibiu a exposição dos traços pessoais também marcantes do pessoal da caatinga, tampouco comprometeu o aspecto mordaz de suas histórias.

O grupo era composto por uma minúscula ave preta, definida por um ponto de exclamação, um bode intelectual devorador de livros e um “cangaceiro-macho-lutador”; Para cada qual, na intimidade da caatinga, uma alcunha diferente: Zefé ou Zezé era forma como Zeferino atendia aos carinhosos chamados da Graúna, sua Ninita.

Ambos, por sua vez, chamavam de Chiquim ou Chico o bode pensador que, talvez por seu caráter pragmático e pouco afeito a sentimentalismos, em geral não adotava diminutivos ou apelidos afetuosos no tratamento com os parceiros.

Esses se tornaram os responsáveis pela representação, esporádica no Pasquim, cotidiana no JB e mensal na revista Fradim, de autoria de Henfil, dos problemas e contradições sócio-econômicos vividos durante os anos de 1970 no Brasil. Por intermédio das recriações paródicas com relação às discussões do campo da política, se efetivava um rebaixamento de certas atitudes e práticas também políticas proporcionando uma leitura diferenciada das mesmas.

Através da narrativa humorística o Grupo do Alto da Caatinga discutia, de forma crítica, os costumes da classe média e os problemas sociais e políticos nacionais. Ao mesmo tempo expressava um sentimento misto de perplexidade e inconformidade, associado a um esboço de reação, contra o cerceamento das liberdades no cotidiano brasileiro durante a ditadura militar.

O caráter abrangente da problemática tratada pelo Grupo do Alto da Caatinga é algo que merece ser colocado em relevo.  Apesar de o autor ter se inspirado no “comportamento e na linguagem regional nordestina” (Henfil, 1977: 42) e das representações míticas presentes em algumas de suas declarações terem contribuído para reforçar visões clássicas sobre o Nordeste (Silva, 2000: 156), não se tratou de uma produção com caráter meramente regionalista.

As suas histórias utilizavam problemas regionais para colocar em relevo contradições sociais que eram nacionais. A vida na caatinga seria, então, uma metáfora da vida no interior do auge da ditadura, em que predominava a desesperança e a constante iminência da morte. O sertanejo sem terra, alimento e trabalho, pode ser percebido como uma representação da cotidiana luta pela sobrevivência naquele ambiente de completa restrição das liberdades civis e políticas.

Assim, as histórias do Alto da Caatinga não eram só tentativas artísticas de reprodução de uma realidade, mas uma recriação do Brasil a partir de duas faces que são reais: “a da caatinga (Brasil real, sofrido, silenciado pelos mecanismos de poder político) X sul maravilha (Brasil do milagre brasileiro, do privilégio, das multinacionais que invadiam o país)” (Seixas, 1980: 85).

As relações estabelecidas entre o grupo favoreceram o desenvolvimento de discussões sobre questões referentes aos mitos e preconceitos inerentes às relações homem/mulher, ao duelo e/ou convívio entre senso comum e saber intelectual, às formas cotidianas de opressão e violência física e simbólica, a crise do sujeito e da idéia de mudança revolucionária, a função social da intelligentsia, a expansão da indústria cultural.

Além desses temas, foram colocados em discussão problemas e contradições especificamente relacionadas à realidade brasileira, tais como: a censura e a autocensura, o crescimento da fome e da miséria, a mortalidade infantil, a propaganda ideológica disseminada pela ditadura, a burocratização dos órgãos públicos, a expansão e o domínio econômico das empresas multinacionais, a questão fundiária, o patriarcalismo e o patrimonialismo, o caráter da abertura política, as “patrulhas ideológicas”, dentre outros temas contemporâneos.

Como Henfil afirmou em resposta a uma leitora estrangeira:

(...) se você entendeu (a historinha do Zeferino) é porque você percebeu o Brasil. E mais, meu maior problema é o número de brasileiros que não entendem o Zeferino. Lêem com a maior boa vontade, viram de cabeça pra baixo e nada. Para ler o Zeferino pressupõe estar bem informado de quase toda a nossa realidade. As piadas, em geral, são comentários sobre fatos que se pressupõem familiares. (Revista Fradim, 1977: 42).

Outro elemento que merece destaque é a participação da natureza no interior das histórias. Os cactos, as caveiras de gado – chamadas de Caverinos –, simbolizando a proximidade com a morte, e o causticante sol apareciam não só como representação ficcional de um espaço geográfico, a caatinga, mas como atores coadjuvantes que, em diversas ocasiões, interagiam com os personagens centrais, salientando as contradições e os problemas sociais existentes.

Essa metáfora de aspectos da vida real favoreceu, de forma singular, a abrangência das temáticas abordadas nas estórias do Alto da Caatinga, atuando como paródias de personagens ou de situações vivenciadas no cenário nacional.

Mesmo quando a natureza não se apresenta o cenário está subentendido através do branco, comumente utilizado pelo autor, que oferece ao leitor a extensão da condição social em que vivem os personagens. Para Henfil mostrava-se desnecessário e redundante a utilização de outros elementos como “nuvens, detalhes, árvores, ruas, detalhes, passarim, cachorrinho, poste, casas”, pois:

O conflito em minhas historinhas não é com a natureza (como no Pato Donald, Fantasma), mas sim entre os homens. O cenário atrapalharia, seria gratuito e idiota. Dependendo do tamanho do branco é que teremos o posicionamento dos bonecos naquela determinada cena. Um branco enorme com os bonequinhos bem pequenos é para (acho) dar a visão da solidão, do esmagamento, às vezes, do espírito sonhador, da distância dos personagens. Já o boneco ocupando o espaço todo, sem branco quase nenhum deve dar uma demonstração de força, de close de centralização da preocupação dentro dele. (Revista Fradim, 1976: 44/45).

A partir desse contexto explicativo entende-se o caráter alegórico das referências e interações entre personagens e a natureza como parte do conflito vivido na caatinga. Desse modo, a pressão que o sol exercia sobre a vida na caatinga foi freqüentemente utilizada para representar a condição sufocante imposta pela ditadura. Por outro lado, as formas de lidar com o sol e seus efeitos indicavam turvas e cotidianas táticas de resistência medradas pelos sobreviventes da caatinga.

Nesse artigo centrarei a análise na astuta personagem Graúna das Mercês, cuja primeira aparição se deu no número 2 da revista Fradim. Trata-se de uma personagem que estabeleceu sua qualidade humorística através da dialética e do paradoxo e materializou a afirmativa do seu criador de que “é na reversão da expectativa, no susto, que o humor se realiza” (Revista Fradim, 1978: 40).

O desenho da personagem é o indicador inicial desse caráter paradoxal que a constitui. Dentre os três componentes do Grupo a Graúna é aquele cujos traços minimalistas foram usados com maior despudor pelo seu criador, sem que isso tenha interferido em sua expressividade.

Ela não trazia junto a si nenhum apetrecho externo que contribuía para sua caracterização ou para a formação de sua personalidade.


  

 

 

 

Os pequenos traços pretos que definem seu corpo, compondo algo similar a um ponto de exclamação, ajudam a divisar sua personalidade.

 

 

 

 

Em seu rosto destaca-se o delicado e saliente bico e os grandes olhos que com freqüência se dirigiram aos leitores, os envolvendo em suas construções argumentativas. Esses foram os reais definidores de sua personalidade, de seu estado de espírito ou de seu humor.

grauna 2
  

Tais traços, espessos nas primeiras estórias, foram gradativamente se tornando delgados contribuindo para a configuração do espírito arguto e distante da ação contemplativa que lhe é particular. 

Sua atuação se baseou na capacidade de colocar em relevo o imprevisto, bem como na habilidade para silenciar e amedrontar, apesar de sua fragilidade física, seus parceiros da caatinga com suas irreverentes constatações e questionamentos. Desse modo, seus discursos e práticas a transformaram no personagem que conferiu real dinâmica à vida na caatinga.

Através de arroubos de sagacidade reflexiva, ingenuidade e atitudes carnavalizadas e/ou carnavalizadoras, essa personagem concentrou e expôs, às vezes numa mesma história ou num mesmo enunciado, os distintos, e nem sempre harmoniosos, elementos históricos, sociais e lingüísticos presentes na vida cotidiana.

Assim, “o discurso se converte em palco de luta entre duas vozes” (Bakhtin, 2000: 72) e a Graúna manifestava, de forma dialógica e dialética, os diferentes valores ou consciências valorativas,  em que se encontrava imersa a realidade política, cultural e social brasileira.

A sua primeira história girou em torno do confronto entre ela e Zeferino.  Trata-se de uma representação humorística sobre a inextrincável vivência conflituosa - em seus diversos âmbitos: políticos, econômicos, culturais, ideológicos e/ou sociais - de duas visões de mundo próprias da época.

A monológica, representada por Zeferino, repleta de irascibilidade e que usava a força para negar qualquer possibilidade de alteridade, e a dialógica, interpretada pela Graúna, que constituía a interseção de várias formações discursivas, independentes, distintas e, às vezes, imiscíveis. Desse entrecruzamento textual vislumbra-se o universo de identidades ideológicas, caracteristicamente de esquerda, do qual a personagem tornar-se-á representativa.

Entretanto, foi também através da Graúna que o autor, sem esconder seu ponto de vista, desenvolveu uma relação dialógica especial com tais formações discursivas desafiando, questionando, replicando e também assentindo às suas proposições, numa intertextualidade contínua. Tendo esse aspecto em vista compreende-se o caráter dialético e paradoxal da Graúna na medida em que este universo é apresentado com suas pluralidades e contradições.

Grande parte de suas reflexões e de seus questionamentos transcendeu um gesto de crítica e/ou de desmistificação das ações e proposições da ditadura, favorecendo também um olhar distanciado sobre as formas de atuação e os discursos das esquerdas no interior da ditadura militar.

Foi a isto que Henfil denominou “o canto feminino de autocrítica da Graúna” e que a fez atuar como sujeito enunciador: por um lado, desvenda esse jogo de máscaras e, por outro, “produz um olhar externo revertido, que lhe permite observar-se no acontecimento de linguagem e, como efeito desse olhar, reconhecer-se como sujeito da/na linguagem.” (Zoppi-Fontana, 2005: 115).

Foi também a partir daquela história que se definiu o tipo de relação estabelecida entre a Graúna e Zeferino, com expressivo teor sexual marcadamente sadomasoquista. O jogo sadomasoquista que permeia esse relacionamento (Zeferino que bate e Graúna que gosta de apanhar) possui um sentido social, freqüentemente colocado em relevo pelo bode Orelana, na medida em que reproduz uma estrutura da luta de classes, além de solidificar a hierarquia de forças entre os personagens.

Entendo que para além de um enaltecimento do desvio, o comportamento da Graúna perante Zeferino relativizou a noção de certo e errado, prática comum numa personagem cuja característica base é a habilidade para reverter expectativas e explorar o inesperado. Ao mesmo tempo identificam-se sinais da freqüente suspeição do autor diante de discursos cerrados, sejam estes de homens, mulheres, da esquerda ou da direita.

Por outro lado, percebe-se na adesão da Graúna à forma de violência praticada pelo seu parceiro um gesto de reiteração de certos axiomas que naturalizam a dominação masculina. Parece proveitoso nesse momento recorrer à idéia de que:

(...) uma tal incorporação da dominação não exclui a presença de variações e manipulações, por parte dos dominados. O que significa que a aceitação pelas mulheres de determinados cânones não significa, apenas, vergarem-se a uma submissão alienante, mas, igualmente, construir um recurso que lhes permitam deslocar ou subverter a relação de dominação. Compreende, dessa forma, uma tática que mobiliza para seus próprios fins uma representação imposta - aceita, mas desviada contra a ordem que a produziu. (Soihet, 1997: 107).

Pensada desta forma, na ação da Graúna vislumbra-se um aceno de resistência, possível quando se identifica o exercício de “reapropriação e um desvio dos instrumentos simbólicos que instituem a dominação masculina, contra o seu próprio dominador” (Idem).

Do mesmo modo, fica patente que a hierarquização de forças é rompida nos momentos em que a Graúna, com a astúcia que lhe é singular, silenciou, venceu e/ou colocou em estado de suspensão o cangaceiro, evidenciando suas fragilidades e instaurando uma nova e inversa condição hierárquica.

Tem-se, então, uma abordagem carnavalizada sobre o conflito social e de gênero, na medida em que referenciais e identidades preestabelecidos (homem, macho e violento X ave, fêmea e frágil) são destronados e invertidos.

A Graúna se tornou emissária das demandas específicas do movimento feminista que não encontrava espaço nos tradicionais meios de comunicação. Ao mesmo tempo, colocou em discussão as imposições feitas às mulheres em nome dos valores e convenções sociais. Tais discussões eram veiculadas nos jornais alternativos organizados pelo movimento de mulheres ou simpáticos à sua causa, fundamentais para a expansão e consolidação.

Entretanto, um problema que se mostrava patente, tanto para o movimento feminista como para outros movimentos sociais, é que a restrição do espaço por onde tais idéias, questões e propostas circulavam poderia se tornar nociva aos mesmos, pois, em longo prazo, esse “se via transformado numa espécie de cassandras. Podia falar sim, mas ninguém a ouvia. A não ser outras cassandras idênticas” (Sussekind, 2004: 24).

Levando em consideração a pluralidade e o número dos leitores da Revista Fradim,[1] do Jornal do Brasil e do Pasquim, onde eram publicadas as tiras do Alto da Caatinga, supõe-se a importância que a incorporação desse debate adquiriu para a propagação dessas idéias. O aborto, a atuação da BEMFAM na campanha do controle da natalidade, a liberação sexual, foram alguns temas explorados por Henfil através da Graúna.

Esses temas foram associados a condutas questionadas inclusive pelo movimento feminista, como o prazer em apanhar do Zeferino. Através do recurso a ironia e da apropriação das enunciações contrárias às propostas feministas, explicitava-se sua inconsistência e contradição. Sobretudo quando estas se fundamentavam em pressupostos morais que se tornavam abstratos quando confrontados com a absoluta ausência de moral e de ética na conduta pública de seus representantes.

Ao abordar esse convívio, fiquei interessada não só nas formas como se fundou a relação de poder entre o par (através de quais símbolos, representações ou linguagem), mas como se exercitaram práticas de resistência a tal dominação (Soihet, 2002), como essas práticas se estenderam aos conflitos políticos e como recriaram as significações (Bakhtin, 1981: 129) sobre as relações de gênero.

 Na abordagem sobre a feminilidade da Graúna partilho com Marcos Silva (2000) a preocupação em não circunscrevê-la a uma identidade fechada. Aliás, esse é um dado aplicável a todos os personagens henfilianos, pois Henfil pluraliza “as identidades com que trabalha (...) explorando a necessidade de não se deter à interpretação do mundo em nenhum de seus aspectos mais visíveis e imediatos.” (Silva, 2000: 158).

Silva destaca que:

(...) os confrontos entre Orelana, Zeferino e Graúna encenaram as relações entre gêneros sob o signo de atributos tradicionalmente associados a homens e mulheres: inteligência e informação (o primeiro). Força e violência (o seguinte), fragilidade e burrice (a última). Acontece que essas ligações foram mescladas, invertidas, anuladas, o que resultava num Orelana intelectualizado e nada prático, assustado e mesmo paralisado em diferentes situações; num Zeferino que anunciava façanhas e não as concretizava; e numa Graúna extremamente sagaz, demonstrando os limites dos outros dois, inclusive quando repete que é burra (Silva, 2000: 39).

A partir dessa conflituosa relação a realidade é reformulada sob novo prisma, dando a conhecer as diversas vozes que interagem, se atraem e se repelem na arena política e social, constituindo uma dialética interna.

Com seu espírito crítico a Graúna ficou marcada como o personagem que colocava às claras as questões subjacentes aos textos do Zeferino e do Bode Orelana, mas que também se constituiu no principal agente metaforizador das histórias. Nas palavras de seu criador: “(...) em várias situações a Graúna chegava e falava assim: o que vocês estão querendo dizer com isso usando esta metáfora aí? É isso, né?” (Souza, 1984: 38).

Paralelamente, como parte ou reforço da sua ambivalente identidade, destaca-se certa ingenuidade que o autor acreditava ser o que a tornava “muito humana e muito passível de o leitor se identificar (...)” (Idem). Tal ingenuidade se associava ao desconhecimento de coisas frugais, como a fita durex.

Considerando alguns aspectos da construção ideológica do regime autoritário vigente, compreendo estas duas características da Graúna, inocência e o desconhecimento, como metáfora dos artifícios utilizados pela ditadura para fortalecer, justificar e legitimar os mecanismos de dominação existentes. Desse modo, a inocência da Graúna tratou-se de uma representação alegórica do clima de regozijo e positividade sugerido e emanado pela propaganda política da ditadura.

De acordo com a análise desenvolvida por Carlos Fico (1997), houve uma especial preocupação dos militares, própria dos governos autoritários, em “através de recursos alegóricos, figurados valorizar o esquecimento dos velhos tempos e suas mazelas que arruinaram o Brasil” (Fico, 1997: 123), cultivando um fundo aparentemente inocente no material de divulgação do regime.

O caráter pseudo despolitizado da propaganda política colaborava para a difusão de um clima apaziguador fundamental na tarefa de ocultação da predominância do arbítrio e dos conflitos políticos existentes.

Os ideais de prosperidade e harmonia foram reiterados com o auxilio da televisão brasileira, em especial da Rede Globo, cuja divulgação dos anúncios publicitários do governo militar configurou sua principal fonte de investimento, só perdendo para os recursos aplicados na infra-estrutura para a ampliação do seu alcance.

Outro elemento de apoio para o regime foram as novelas brasileiras, onde inexistem contradições sociais e a narrativa se funda “nas aventuras e desventuras amorosas de personagens movidos por oposições binárias como bem e mal, lealdade e traição, honestidade e desonestidade” (Hambúrguer, 1998: 441).

No caso da Graúna a inocência e o desconhecimento serviram de modo inverso, para ampliar seu horizonte de possibilidades e de transgressão. Sua ignorância sobre determinados temas a levava a desenvolver indagações que, por vezes, comprometiam as estruturas em que estes se alicerçavam.

Desconhecendo-se o óbvio, e o óbvio poderia ser a condição de opressão que caracterizava a realidade brasileira, podia-se tudo, inclusive infringir os limites estabelecidos pelo contexto opressivo. Assim, desconhecer implicava além de ignorar, negar coisas que pareciam só existir no sul-maravilha, representação do Brasil venturoso vulgarizado nas propagandas oficiais.

Inocência e ignorância caminhavam juntas ao estimular a dúvida, participando no destronamento e na carnavalização das estruturas políticas e dos enunciados oficiais, ao mesmo tempo em que ressaltava o seu caráter mistificador.

Dialética, crítica, ambivalência foram os aspectos predominantes nas ações e práticas discursivas da Graúna, bem como nas relações que ela desenvolveu com os outros personagens da caatinga.  

Essa personagem foi utilizada por Henfil para discutir temas femininos, como gravidez, e outros que se tornaram bandeiras do feminismo nos anos 70, como contracepção e legalização do aborto. Sabe-se que Henfil concedia prioridade ao tratamento político da sua produção humorística e foi assim que ele versou sobre esses pontos em seu trabalho: não eram questões especificamente femininas ou do movimento feminista, mas faziam parte dos problemas sociais vividos no interior de uma dada realidade econômica (capitalismo) e política (ditadura).

Priorizando um enfoque político buscou-se, através da paródia e do jogo de metáforas, explorar, também, o discurso e os projetos do poder instituído sobre essas questões, assinalando ora o caráter retrógrado e conservador dos seus enunciados, ora a incompatibilidade com as necessidades e realidades sociais vigentes.

Nas histórias que serão examinadas foram colocados em relevo temas como sexualidade, opressão feminina gerada pela reprodução de padrões tradicionais e o direito à autonomia feminina sobre o corpo. Com a forma de abordagem adotada, essas deixaram de ser tratadas como questões que diziam respeito exclusivamente às mulheres e tornaram-se um problema público e político que deveriam, portanto, ser tratado como tal.

Nas revistas Fradim nº 12, 13 e 14 encontram-se as histórias cujo enredo girou em torno da gravidez da Graúna.  A partir desse fato Henfil tratou de uma extensa variedade de temas ligados aos problemas sociais, políticos e econômicos nacionais. Pincelei as passagens em que esses problemas estavam associados às discussões desenvolvidas pelo movimento feminista.

Na série que aborda a gravidez da Graúna destacaram-se os inusitados e, de acordo com o contexto moral e político da época, subversivos desejos que acometeram a ave durante sua gestação e os planos e dúvidas acerca do futuro do bebê vindouro.

 

 

 

 

 

Os planos que ela apresentou rompiam ou faziam menção irônica às normas de conduta determinadas para os sexos. Mostravam-se alinhados senão com os intentos emancipadores do feminismo, certamente com as objeções apresentadas sobre tais padrões e com as práticas libertárias difundidas pela contracultura.

Significativa é a primeira declaração da ave tão logo tenha sentado sobre o ovo para chocá-lo. Primeiro, lançou, com um linguajar popular, a possibilidade de ter um filho homossexual, menino muié. Em seguida, associada a essa possibilidade, propôs a inversão dos padrões de cores convencionalmente estabelecidos para os sexos. Seu propósito confronta de forma irreverente os modelos tradicionais de comportamento, largamente defendidos pelo discurso moral conservador da ditadura.

 

Por outro lado, do ponto de vista de uma discussão especificamente política, o despojamento de obrigações com as cores representaria também um descompromisso partidário e ideológico, nesse momento marcadamente definido pelas cores: vermelho para os sectários da esquerda comunista, verde-amarelo para o ufanismo militar.

 

Isso não implicou em abandonar uma postura de esquerda, algo sobre o qual Graúna demonstrou preocupação em enfatizar, mas em afrontar posicionamentos “reacionários” presentes tanto na direita como entre as esquerdas e, por isso, bastante discutidos e refutados pelo autor. 

 

 

Mesmo entre os que propagavam a luta democrática percebe-se a reprodução e o reforço de padrões tradicionais de comportamento. Com isso, foram colocadas em pauta formas diversificadas de tirania que vão do comportamental ao político, ao mesmo tempo em que se apresentou um posicionamento político que valorizava e respeitava a diversidade e as liberdades democráticas.

Em conjunto com a exposição de proposições dessa natureza, o comportamento da Graúna durante sua gravidez reforçava essa conduta transgressora aberta pelo seu discurso.

 

 

Afinal, para desespero de Orelana e   Zeferino, a Graúna era uma grávida que fuma, sem se preocupar com a saúde do bebê, e questionava as limitações e imposições exigidas da mulher grávida, condenando uma compreensão de maternidade que a colocava num estado de inércia e lhe tratava de forma infantilizada.

 

A postura censora de Orelana, quase paternal, no segundo desenho ilustra essa última assertiva.

 

Os seus atos não representam simples falta de responsabilidade. Tratava-se de desnaturalizar práticas corriqueiras, de desvelar os sentidos subjacentes aos estereótipos de sensibilidade feminina, e provocar, através do humor, um distanciamento que demonstre a intrínseca relação entre o político e o cotidiano.

Revelava, assim, formas cotidianas de opressão cuja natureza coerciva nem sempre são claramente identificadas. Discute-se uma mulher marcada por mitos que de forma indireta alimentam o modo de produção capitalista.

No quadro abaixo, a maternidade, como instância restritiva da autonomia e da capacidade produtiva feminina, foi constatada pela Graúna. É interessante a transformação que se efetua em suas feições em conformidade com o desenrolar de sua prédica.

Contentamento é o que inspira seu rosto no primeiro quadro; aos poucos esse vai ganhando contornos sóbrios, no segundo quadro, se somando à dúvida, como indica a sobrancelha em pé no terceiro quadro, culminando num estado de perplexidade paralisante.

 

É com esse ar atônito, sob um sol causticante que reforça o caráter tirânico subjacente a este projeto de abnegação maternal, que ela encerrou a série constatando as limitações que esse conjunto de princípios morais, tradicionalmente reproduzidos e legitimados, inclusive pela mulher, trazem ao fundo.

 

 

 

 

 

Mesmo quando incorporou tabus e mitos difundidos sobre a gravidez, ela o fez com um aguçado senso crítico, ao contrário dos “rapazes”, sobretudo o bode Orelana cuja condição de intelectual parece reforçar sua ingenuidade.

 

 

 

Esse procedimento por parte da Graúna, explorando a imaturidade dos seus companheiros, conferiu um novo sentido aos estigmas, mitos e tabus femininos; um sentido político que destronou os anteriores.

           

 

 

       

O caráter transformador e subversor de suas atitudes ficou patente quando ela foi assaltada por uma série de desejos que foram prontamente satisfeitos, embora freqüentemente indagados, por Zeferino e Orelana.

 

 

 

 

 

Para aflição e constrangimento dos seus parceiros, seus desejos eram de difíceis alcances, quase impossíveis de se realizar. Mas aí termina a similaridade com os desejos tradicionais, pois a Graúna teve desejos, por sua natureza, políticos, tais como votar, assistir ou ler filmes, livros e revistas proibidos.

 

 

 

O conteúdo de uma das cartas de Henfil escritas de Nova York, em 03 de dezembro de 1973, ajuda a compreender o quão subversivos eram os desejos da ave. Nessa Henfil narra pro amigo José Eduardo a sua ida ao cinema para assistir ao censurado filme Último Tango em Paris.

 

 

 

A exibição do filme foi proibida no Brasil sob alegação de que continha cenas consideradas impróprias à moral da sociedade brasileira pelo forte teor erótico. Eis trechos do seu depoimento:

 

Taí, fiquei decepcionado. Talvez pelo excesso de expectativa que a gente aí no Brasil tem por este filme proibido para nós. (...) Me lembro da correria que foi para comprar aquela Manchete que trazia as fotos. Sumiu em meio dia das bancas. E todos guardaram seu exemplar como se fosse panfleto subversivo. Houve, é claro, uma emoção muito grande quando entrei no cinema para ver o fruto proibido. Parecia que eu estava vendo o filme pelo buraco da fechadura, no maior voyerismo. E pelo buraco da fechadura não vi nenhuma das safadezas que sonhava. (...) mais que rupiado, fiquei desapontado. (...) é um filme tão excitante quanto dançar com irmã! (...) A pensar que só de ouvir falar no nome Último Tango a gente aí no Brasil já começa a tirar as calças. (...) Zé, quando este filme passar um dia no Brasil vai ser vaiado! A expectativa é tal, construíram já nas cabeças um filme chamado Último Tango tão diferente do que é, que a turba vai pedir o ingresso de volta pelo logro (Revista Fradim, 1976: 38).

Em condições igualdade, no que tange ao caráter transgressor e subversivo, estão práticas que são consideradas maléficas aos bons costumes (o filme e a revista) ou as instituições (o voto democrático). Os desejos da Graúna, na verdade, eram desejos coletivos, camuflados pela força da ditadura.

 

 

Isso explica o porquê do bode Orelana se sentir contagiado pelos desejos da Graúna.

São desejos que há muito vinham sendo socializados entre a classe média intelectualizada e cuja simples referência expressava uma forma de oposição.

 

Finalmente, após essa insólita gravidez, nasce no número 13 sua filha, a Grauninha, desestabilizando emocionalmente Zeferino e Orelana e a relação entre os três. Essa passou a ser permeada pelos impasses sobre qual tipo de educação a ser adotada com a pequenina. A presença infantil na caatinga foi breve, na história duraram 31 dias, na revista o desfecho se deu no número seguinte. Como ocorre a várias crianças nos rincões mais pobres do Brasil a Grauninha morreu vítima da desnutrição.

A morte de sua filha serviu como um marco para que a Graúna assumisse a luta pela liberação do aborto. Mais do que a defesa dos direitos reprodutivos e sexuais, o posicionamento aguerrido da Graúna constituiu uma defesa radical do direito à cidadania e à saúde. Trata-se, portanto, de uma discussão que diz respeito aos interesses de toda a sociedade e, ao mesmo tempo, da representação de uma contrapartida de luta por direitos fundamentais em regimes democráticos. 

A série sobre o aborto está no número 14 da revista Fradim. Extremamente reduzida quando comparada com as anteriores, restringe-se a 20 quadros distribuídos por seis páginas, constitui uma espécie de desfecho à temática feminina (feminista).

Orelana e Zeferino participaram tentando persuadir a Graúna a voltar atrás na decisão de quebrar seus ovos. Seus argumentos centraram-se em pressupostos ora jurídicos (aborto é crime!), ora sentimentais (o coração dela endureceu), ora religiosos (crendospadre! assistimos a um infanticídio!!!), enquanto a Graúna se fundava na constatação da ausência de condições para a sobrevivência infantil na caatinga para recusar, de forma enfática, qualquer possibilidade de procriação.

 

 

 

 

Considerando o fio condutor da história, o problema que perpassa toda a seqüência refere-se a distinção entre o que poderia ser considerado de fato criminoso. De um lado, a mortalidade infantil, fruto da miséria difundida pela veemente concentração de renda estimulada pelo Estado; De outro, a opção pelo aborto após se constatar a total ausência de expectativa de vida entre as camadas pobres.

Desse modo, a atitude deliberada da Graúna adquire um contorno político que discute as condições socioeconômicas do país.

 

Henfil apresentou uma forma de liberalização da mulher que necessariamente não estava vinculada a aquisição de uma pluralidade de alternativas para escolha. Ao contrário, Graúna simbolizava uma mulher ciente da realidade econômica e social em que vive, da subtração de seus direitos por um Estado autoritário que se apoderou do poder de intervir sobre sua vida privada sem dar conta dos deveres garantidos constitucionalmente.

 

 

Enclausurada entre os valores propalados pelo universo familiar e público, essa mulher substituiu a fragilidade que lhe fora conferida de forma estereotipada, por uma atitude que comporta uma agressividade até então própria do universo masculino.

 

 

Uma mulher que ignorou os chamamentos morais e/ou religiosos e, nesse momento, hasteou uma bandeira há muito içada pelo movimento feminista em defesa da autonomia feminina sobre seu corpo e sua história.

 

 

 

 

 

 

Trata-se, assim, do desfraldar de uma bandeira associada a uma atitude de recusa, um protesto contra as condições estabelecidas por cima. Recupera-se o direito de escolha: agora entre a pílula e o aborto.

Novamente é a atitude feminina, através de ações ponderadas e não de arroubos, que a colocou na condição de sujeito político que ao adquirir uma consciência de gênero promove uma revolta       molecular    

 

 

     

 

Assim, a “dependência natural” transforma-se em “autonomia social” (Varikas, 1996: 59). As histórias analisadas enfatizaram o caráter político, jurídico, teológico e de saúde que envolve as discussões desenvolvidas pelo movimento feminista desde os anos 70 e que ganhou profundidade nos anos 80. Insere ainda um instigante debate sobre os direitos humanos.

Embora longe de empunhar a bandeira do movimento feminista, Henfil se manteve antenado à sua movimentação e suas demandas e soube explorar, de forma crítica, essas questões. Essa afinidade é perceptível após a apreciação de alguns pontos defendidos na Carta das Mulheres aos Constituintes produzida pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher em 1987, tais como:

-        Garantia de Assistência Integral à Saúde da Mulher em todas as fases da sua vida, independentemente de sua condição biológica de procriadora, através de programas governamentais discutidos, implementados e controlados com a participação das mulheres.

-        Será vedada ao Estado e às entidades nacionais e estrangeiras toda e qualquer ação impositiva que interfira no exercício da sexualidade. Da mesma forma, será vedado ao estado e às entidades nacionais e estrangeiras, públicas ou privadas, promover o controle de natalidade.

-        Será garantido à mulher o direito de conhecer e decidir sobre seu próprio corpo.

-        Garantia de livre opção pela maternidade, compreendendo-se tanto a assistência ao pré-natal, parto e pós-parto, como o direito de evitar ou interromper a gravidez sem prejuízo da saúde da mulher.

-        É dever do Estado oferecer condições de acesso gratuito aos métodos anticoncepcionais, usando metodologia educativa para esclarecer os resultados, indicações, contra-indicações, vantagens e desvantagens, alargando a possibilidade de escolha adequada à individualidade de cada mulher e ao momento específico de sua história de vida[2].

A abordagem humorística reconheceu as demandas feministas, associando-as à luta por direitos sociais e políticos, bem como desnaturalizou práticas e discursos ligados às relações de gênero, reconhecendo a condição despótica que as caracteriza. Desse modo, “a noção de público estende-se ao cotidiano e aos códigos familiares, expondo a indissociabilidade do civil, do econômico e do próprio político; também não abstrai o privado, uma vez que, nessa perspectiva, o pessoal é político”. (Costa, 2002: 55).  

Bibliografia Citada:

Bakhtin, M. 1981.Marxismo e Filosofia da Linguagem. SP: Hucitec _________.2002.Problemas da Poética de Dostoievsky. RJ:Forense Universitária.

Costa, Suely G. 2002.Proteção Social, Maternidade Transferida e Lutas pela Saúde Reprodutiva. Em Estudos Feministas, vol. 10, n. 2, Florianópolis, jul/dez

Fico, Carlos. R1997einventando o Otimismo. RJ: Fundação Getulio Vargas .

Hambúrguer, Éster. 1998.Diluindo Fronteiras: a televisão e as novelas no cotidiano. Em SCHWARCZ, Lilia M. (org.) História da Vida Privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. SP: Cia das Letras

Revista Fradim, 1976.n. 13

Revista Fradim 1976.n. 15

Revista Fradim, 1977.n. 17

Revista Fradim,1977.n. 21

Revista Fradim, 1978.n. 23

Seixas, Rozeny. 1980. Zeferino: Henfil & Humor na revista Fradim. Dissertação de Mestrado em Comunicação. Escola de Comunicação da UFRJ .

Silva, Marcos. 2000.Rir das Ditaduras: os dentes de Henfil (ensaios sobre Fradim – 1971/1980). Tese de Livre Docência em Metodologia (História), SP: FFLCH/USP

Soihet, Rachel.1997. História, Mulheres, Gênero: Contribuições para um Debate. Em Aguiar, Neuma (org.) Gênero e Ciências Humanas – desafio às ciências desde a perspectiva das mulheres. RJ: Ed. Rosa dos Tempos

____________. 2002. História das Mulheres e Relações de Gênero: algumas reflexões. Em Pontucuschka, Nidia Nacib e Oliveira, Ariovaldo Umbelino. Geografia em Perspectiva. SP: Ed. contexto

Souza, Tarik. 2004.Como se faz humor político. Depoimento a Tarik de Souza. Petrópolis: Vozes, 1984..

Sussekind, Flora. Literatura e Vida Literária. Polêmicas, diários & retratos. BH: Ed. UFMG

Varikas, E. O Pessoal é Político: desventuras de uma promessa subversiva. Tempo, vol. 2, n.3, Rio de Janeiro, 1996.

Zoppi-Fontana, Mônica G. 2005.O Outro da Personagem: enunciação, exterioridade e discurso. Em BRAIT, Beth (org.). Bakhtin: dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora Unicamp

 

Nota biográfica

Maria da Conceição Francisca Pires , Doutora em História pelo Programa de Pós Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, com a tese “Cultura e Política entre Fradins, Zeferinos, Graúnas e Orelanas”. Atualmente trabalho como pesquisadora/bolsista no Setor de História da Fundação Casa de Rui Barbosa, onde desenvolvo a pesquisa “A Construção da Ilusão: humor e republicanismo no eclipse do Império” e participo do Núcleo de Pesquisas em História Cultural – NUPEHC, na linha de pesquisa “Cultura e Poder”. Publicou vários artigos em revistas e capítulos de livros .  

* Pesquisadora/bolsista da Fundação Casa de Rui Barbosa. Doutora em História Social pela Pós Graduação em História da Universidade Federal Fluminense.

 


[1] Não possuo dados precisos sobre a tiragem da revista, mas identifiquei nas cartas de Henfil imensa alegria quando esta alcançou a quantidade de 40 mil exemplares.

[2] Direito ao Aborto em Debate no Parlamento. Em http://www.redesaude.org.br

labrys, études féministes/ estudos feministas

julho/dezembro2007- juillet/décembre 2007