labrys,
études féministes/ estudos feministas
Rupturas e.. Anos atrás, Françoise Collin, de modo sucinto e preciso,
sugeriu As escritoras, pintoras, escultoras, Nesse caminho, de ruptura em ruptura, incontáveis estudos das últimas décadas acabaram por formar montanhas de palavras e imagens, entre alguns picos de brilho teórico, que alteraram o cenário usual. Inúmeros fios, como mostrei em outro texto, se tornaram sugestões e foram aproveitados. São fios que agora nos são comuns, tributários de várias disciplinas e campos do saber que trouxeram à tona artistas esquecidas; reconstruíram tradições; desconstruíram representações convencionais, fragmentaram binarismos e categorias essencialistas, traçaram leituras divergentes sem se misturarem ou unificarem. Rupturas também aconteceram através do questionamento a respeito das relações mantidas por mulheres reais, enquanto agentes históricos, com o conceito normativo de “Mulher”, produto do discurso hegemônico. Esses debates implantaram a ideia de pluralidade, mostraram que a noção de identidade fixa deve ser abandonada. Foi preciso ainda, seguindo a sugestão de Virginia Woolf, indagar das dificuldades da artista mulher em seu processo de auto definição que necessariamente precede toda criação e busca de valores estéticos. Hoje existem várias aproximações possíveis para se indagar
das mulheres e das artes, das artes das mulheres, dos feminismos nas artes,
tanto as derivadas da história, da filosofia e da fortuna crítica, quanto
de inúmeras intervenções acrescidas por décadas de reflexões feministas.
Estas reflexões, no
...e Cartografias A preferencia pelas cartografias sugere uma ruptura com a ideia de tempo linear, o histórico dos fatos encadeados. As cartas náuticas, porque viajar é preciso, as terrestres onde nos movimentamos, ou as celestes - pois quem pode viver sem uma paisagem como pano de fundo? - são modelos para reconfigurar a ordenação do sensível bem como o das relações estabelecidas na formação do conhecimento. A produção artística como um trabalho de bricolagem aqui se coloca como montagens, desmontagens e remontagens de seres, coisas, lugares e tempos. As cartas exibem a noção de tempo descontínuo e não linear no qual se justapõe, de maneira não usual, obras de arte de várias épocas. Em vez de tempo história, geografia e espaço. A exposição rejeita assim a narrativa como uma sequência ordenada de eventos que se sucedem e se mostra como ideia relacional de espaços multidimensionais que reconfigura, redistribui os elementos e derruba fronteiras. A identidade, nesse conjunto de ideias nunca será fixa,
mas Identificar contextos onde as mulheres pensaram que as artes eram doadoras de poder, em que falaram de seu prazer e encontravam prazer no movimento de gerar alguma arte, ou conquistar novos territórios; são temas que continuam abertos em nossas análises e teorias e se fazem presente na seleção de textos que aqui se apresenta. Norma Telles
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