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abrys, études féministes/ estudos feministas
janvier /décmbre 2009 -janeiro/dezembro 2009

‘Subterrâneos da liberdade’: mulheres, militância e clandestinidade

Susel Oliveira da Rosa

Resumo:

Subterrâneos da liberdade, de Jorge Amado, é um romance no qual o autor narra a luta dos militantes do Partido Comunista contra a ditadura do Estado Novo. Clandestinidade, organização partidária, luta política, tortura, miséria social, violência da repressão compõem o enredo do livro, publicado em diversos países e lido por muitos militantes nas décadas de 60 e 70. Em suas páginas, os papéis que autorizam a generização do humano em formatos binários, legitimando sua ação no mundo são muito bem definidos. Papéis que foram reafirmados pela esquerda durante a ditadura militar, pois, na suposta relação de igualdade estabelecida pelos grupos de luta política, a transformação coube às mulheres, que deveriam se adequar ao modelo universal masculino do militante político.

Palavras-chave: subterrâneos da liberdade, mulheres, militância

Formação inicial para militância e a clandestinidade

Ao escrever sobre a trajetória de Nilce Azevedo Cardoso[1] – militante que fez parte dos movimentos de luta contra a ditadura militar nas décadas de 60 e 70 – me detive, brevemente, na análise das páginas do romance Subterrâneos da Liberdade.  A formação de Nilce Cardoso para a militância e a clandestinidade – na qual ela deveria aprender a ser “invisível”: entrar e sair dos lugares sem ser percebida, agir discretamente, sair muito rápido em caso de perigo – teve início com a leitura do romance.  

Nessa época ela conta que ficou isolada numa casa distante em São Paulo, para aprender a ser uma “intelectual da revolução” como dizia “Joaquim” – codinome do militante que a acompanhou nesse primeiro momento, guiando-a nas leituras. Publicada em 1954 e composta pelos volumes Os ásperos tempos, Agonia da noite e A luz no túnel, Subterrâneos da liberdade é um romance engajado de Jorge Amado, no qual ele narra a luta dos militantes do Partido Comunista contra a ditadura do Estado Novo. Clandestinidade, organização partidária, luta política, tortura, miséria social, violência da repressão política compõem o enredo do livro, publicado em diversos países. “Li os três e já fiquei emocionalmente abalada (...) e ele disse: ‘é disso que se trata daqui pra frente’”[2].

            Modelo de militância e de revolução, o romance de Jorge Amado tem como uma das principais protagonistas a jovem Mariana, filha de um operário comunista que deixa de herança para a filha seu lugar junto ao partido. Mariana é uma militante corajosa e destemida, envolvida com a causa operária, que deseja mudar o mundo. Mariana representa também o modelo da mulher militante comunista. Ela não ocupa um cargo de direção, sua função é de “estafeta”: deve levar informações, recados, organizar reuniões, recolher doações, etc. Apesar da responsabilidade em organizar encontros entre os líderes do partido, sabendo como encontrar a todos, Mariana também deveria chegar antes ao local das reuniões, organizar a casa e preparar o café para esperar os colegas, como sugere uma passagem do romance: “ela devia ir avisar a José Pedro e Carlos, dar-lhes a data e o endereço. Mas cumpria-lhe também ir abrir a casa e esperá-los lá” (Amado, 1980a:194). E, como acrescenta João -

“se você puder fazer um pouco de café, é uma boa coisa” (Ibid., p.194). João é um dos dirigentes do Partido Comunista e também principal protagonista do primeiro volume de Subterrâneos da liberdade.

Em meio às lutas, ao trabalho clandestino, à organização de greves, às perseguições do governo de Vargas, Mariana apaixona-se por João. E logo pensa em “cuidar da sua comida e da sua roupa” - desejos que Jorge Amado atribui à protagonista - no momento em que ela percebe-se apaixonada: “como era magro o camarada João, e sua camisa estava rasgada em mais de um lugar, ela o notara, dura é a vida dos camaradas, mais dura daqueles que são solteiros e não têm quem cuide de sua comida, de sua roupa, não tem um seio onde repousar a cabeça fatigada...” (Ibid., p.95). Companheirismo, comida, roupa lavada, um seio para descansar a cabeça, eis o que Mariana desejava oferecer a João. O papel da esposa perfeita, como retratado em outra passagem do romance, em que “Ruivo”, também dirigente, fala para João que Mariana é uma “boa menina”, pois “comportou-se bem ante a crítica” – referindo-se à repreensão que ela recebera de ambos por ter participado de um episódio de pichação –, sendo, portanto, uma mulher obediente. A seguir, “Ruivo” fala da importância de ter uma mulher em casa esperando pelo marido, que chega extenuado da luta política: “o que vale é estar casado, senão já tinha batido a bota há muito tempo... é Olga quem me obriga a comer, chegue a hora que chegue encontro comida, é ela quem me obriga a ir ao médico” (Ibid., p.195). Papel da “esposa” que surge com freqüência nas páginas do romance. Como por exemplo, quando Mariana conduz um dirigente nacional do partido:

Mariana encontrava-se um tanto emocionada ao conduzi-lo, era a primeira vez que ela tratava com um dirigente nacional. Fizeram a pé uma grande parte do caminho, e durante quase todo o tempo o camarada lhe falou sobre sua mulher e seus filhos, que viviam em Alagoas, aos quais ele não via há bastante tempo. Fazia sempre planos de mandá-los buscar para o Rio, para junto de si, mas as condições da luta não permitiam. Mariana ficou conhecendo os nomes dos meninos, a habilidade culinária da mulher do dirigente (Amado, 1980b:111-112).

Cozinhar, lavar, passar, ser obediente, esperar o marido ou ainda costurar sua roupa, pensava Mariana olhando para “João” enquanto ele dormia, recuperando-se de uma viagem na qual executara uma tarefa política:

“ela fita a face bem amada, adormecida no sofá (...) Com que sonhará ele? Mariana ajeita-lhe um braço que escorregara. Ri dos buracos nas meias que ele não descalçou. Tirara apenas o paletó e os sapatos, essas meias necessitam de remendos urgentes...” (Ibid., p.289).

Apesar de ter sido escrito em décadas anteriores, o romance de Jorge Amado, relido nos anos 60 e 70, refletia uma postura ainda dominante na esquerda que “aceitava as mulheres em suas organizações, mas não como dirigentes ou tomando iniciativas, nem estava interessada nas questões das mulheres” (Nye, 1995:120). Andréa Nye faz essa afirmação a partir da crítica que Simone de Beauvoir fez ao marxismo dos anos 60, já que para ela “mais uma vez, as mulheres se viam arrumando a casa e fazendo a faxina” (Ibid.). Nesse sentido, Maria Amélia Teles afirma que as mulheres que participaram da luta política no Brasil, especialmente da resistência armada à ditadura militar, “puderam sentir as discriminaçõe

“essas organizações relutaram em absorver a mulher militante de maneira mais adequada ao papel que ela já vinha desempenhando nas diversas áreas da vida social e econômica, talvez por considerarem que as ações guerreiras só diziam respeito aos homens” (Ibid., p.64).

As idéias permaneciam conservadoras, especialmente a respeito das mulheres, conclui Teles.

Jorge Amado reproduz exatamente esse contexto conservador, reforçando os comportamentos e modelos tradicionais, construídos social e culturalmente para homens e mulheres. Mesmo que estas últimas eventualmente participassem da luta política, tanto que Mariana é uma heroína no romance, o autor não deixa de localizar a mulher ora à sombra dos homens da organização – “era com o camarada João que ela se encontrava para receber os papéis ou os recados a transmitir [...] Mariana estivera nos quatro cantos de São Paulo nessa tarde, levando ordens” (Amado, 1980a:186) –, ora em seu tradicional papel de cuidar da casa e dos filhos, situação sugerida em muitos momentos do romance, como no episódio em que Mariana observa João dormindo, narrado anteriormente. Ambos estão na casa de outro militante do partido:

Zé Pedro entra na sala trazendo uma xícara de café e atrás dele aparece Josefa, sua mulher, com o filho pequeno no braço. Os dois riem da contemplação apaixonada de Mariana. Josefa mostra-lhe o filho:

- Você precisa casar e ter filhos...

(...)

Zé Pedro foi sentar-se em frente à mesa de trabalho, debruça-se sobre um livro de Stalin, parece totalmente esquecido de Mariana, de João, da esposa e do filho. Lê ansiosamente como se buscasse no livro do grande líder as respostas para as perguntas que as notícias trazidas por Mariana colocam em sua frente. Mas volta-se e sorri quando a criança, buliçosa nos braços da mãe, balbucia chamando: ‘papá, papá’ (...) (Ibid., p.290)

            Na cena idílica, os papéis que autorizam a “generização do humano em seus formatos binários” (Swain, 2001) são muito bem definidos: a esposa num segundo plano cuidando do filho e possivelmente da casa, e o líder comunista, o homem da ação política, compenetrado lendo os textos teóricos que orientam a revolução. Cena que se repete mais tarde, no segundo volume do livro quando Mariana, já casada, sai para levar recados enquanto João fica escrevendo o informe do partido: “agora, tu vais voltar para avisar Zé Pedro que eu cheguei (...) enquanto tu vais, fico escrevendo o informe sobre a viagem. Mas, vai depressa, eu te peço...” (Amado, 1980b: 202). Papéis que são reafirmados a cada cena do romance, cenas que se repetem enaltecendo as mulheres ora em seus cuidados com filhos, ora em seus dotes culinários, como no episódio em que Mariana vai contatar Carlos: “vamos conversar na mesa. Está na hora do almoço e a dona da casa preparou uma macarronada famosa... – estava escondido em casa do contramestre de uma fábrica de tecidos cuja esposa tinha em alta conta os seus dotes de cozinheira” (Amado, 1980a: 292).

E, mais ainda, Jorge Amado não se furta à função máxima atribuída às mulheres na sociedade patriarcal: Mariana somente se torna uma mulher completa após ter seu primeiro filho, já casada com João. “Como estás bela”, diz-lhe João, “era verdade: jamais Mariana lhe parecera tão formosa, como se a maternidade houvesse dado novos traços a sua beleza trigueira e simples, a houvesse de todo completado” (Amado, 1980c: 129). E o autor continua, com outro trecho idílico:

“A própria Mariana já não era aquela mocinha inexperiente, deixando-se levar por seus impulsos, indo pichar muros, arriscando-se a ser presa. Agora era uma mulher completa, com seu filho nos braços, e melhor militante que jamais, cheia de responsabilidade, capaz de suportar sem protesto a longa separação do marido” (Ibid., p.129).

Mariana era “uma mulher completa”, pois cumpriu os desígnios da “natureza”, uma “natureza” comum a todas as mulheres: definidas pelo útero, sua função é a maternidade. Ora, “para ser sujeito no social, as mulheres aprendem que a maternidade é indispensável e este valor lhes é ensinado e inculcado desde a mais tenra infância”, lembra-nos Tania Swain (2008). Já, aquelas que não querem ter filhos são as chamadas “mulheres desnaturadas” pelo “rumor social que cria excluídas e rejeitadas, solteironas, aberrações. A natureza é sempre invocada na condenação das mulheres que exercitam sua liberdade, que abrem vôos muito além dos limites domésticos” (Swain, 2008).

Corpo feminino, materno, destinado ainda ao espaço privado, pois, apesar de executar tarefas no espaço público, isso não deve impedir a sua função “natural”: ser mãe. Swain lembra ainda que os argumentos reprodutivos, como amamentação, cuidado das crianças, presença no lar, ainda hoje são usados para excluir as mulheres das tarefas e postos de chefia ou direção, “numa divisão de trabalho que constrói e reproduz as dimensões do público e do privado e faz da procriação biológica, a maternidade social” (Ibid., 2008). Maternidade social reafirmada entre os comunistas, no romance de Jorge Amado.

Elaborando um histórico de como comunistas e marxistas viam as mulheres, Andrea Nye retoma as idéias de seus principais pensadores, desde o século XIX. Lembra que o movimento sindicalista na França, embasado nas idéias de Proudhon – que considerava as mulheres “física, mental e moralmente inferiores... um receptáculo passivo para o esperma... dadas aos homens para lhes servirem de auxiliares” –, era tradicionalmente antifeminista, tanto que, em 1866, a Associação Internacional dos Trabalhadores declarou o trabalho das mulheres como uma degeneração da raça, pois seu lugar era cuidando da casa, como boas mães e zeladoras do lar. Já na Inglaterra, no Congresso Sindical de 1877, os mesmos princípios foram reafirmados. Na Alemanha somente em torno de 1900 foi permitido às mulheres filiarem-se ao partido socialista, entretanto não podiam comparecer aos “encontros mistos” e precisavam lutar para falar. Mesmo assim, o marxismo parecia oferecer uma alternativa às feministas da época, principalmente a partir da divulgação do livro A origem da família, da propriedade privada e do estado, de Engels.

Para Engels, a origem da família, como de tudo mais, é econômica: a família monogâmica, liderada pelo homem, advém da propriedade privada. Traçando um evolucionismo rígido, Engels mostrou como o sexismo não era universal, ao relembrar as comunidades matriarcais findadas com a propriedade privada. Esta última era a causadora da derrota do “sexo feminino”. O casamento não se baseava no amor, mas na idéia da posse: “para o burguês, a mulher tem de ser posse, ou em comum, ou em particular. Em vez disso, Engels propunha que as mulheres fossem tratadas como seres humanos, não como objetos ou instrumentos de produção” (Nye, 1995:57).

O problema não era a “derrota do sexo feminino”, mas a propriedade privada. Nos primórdios do movimento feminista, os marxistas criticavam as feministas - que chamavam de liberais - e sua campanha pelo direito ao voto, que para eles de nada resolveria. A solução seria outra: as mulheres deveriam esquecer as preocupações com o voto e com o casamento e voltar-se para a revolução socialista, o objetivo maior. Só a revolução garantiria que a opressão das mulheres desapareceria, já que findaria com a propriedade privada, tornando a família desnecessária do ponto de vista econômico.

Desdobrando as idéias de Engels, August Bebel, que influenciou as feministas Clara Zetkin e Alexandra Kollontai, também enfatizava a importância da revolução socialista. Somente através da revolução as mulheres teriam direitos iguais aos homens e casamentos felizes, sendo que “os defeitos de caráter das mulheres, ressaltados por Bebel (...) poderiam ser corrigidos na sociedade socialista” (Nye, 1995:59). O caráter extremamente limitado com que os marxistas pensavam as relações de gênero fica claro nessa citação das idéias de Bebel. Tão limitado que se os primeiros anos de Revolução Russa aparentemente mostraram-se favoráveis às mulheres, com Stálin isso mudou radicalmente, começando pelo fechamento do grupo das mulheres do Partido Comunista – o Zhendotel.

Em primeiro lugar estava a infra-estrutura econômica, as outras discussões – como as propostas pelas feministas - eram periféricas, superestruturais.  Para Lênin, por exemplo, “o sexo não era assunto para as mulheres tratarem; em vez disso deviam discutir sobre salários, desempregos, impostos. Quando essas questões estivessem resolvidas, o resto entraria nos eixos” (Ibid., p.65). Ou seja, o marxismo não alterou a ordem misógina do mundo, muito pelo contrário, o feminismo continuou relegado pela esquerda.

Muitas mulheres de esquerda, militantes e ex-militantes, teceram a crítica a esse padrão de pensamento, principalmente no final dos anos 70 e inicio dos anos 80. Maria Antonieta Macciochi, por exemplo, dizia em 1983 que o movimento socialista havia interiorizado “uma prática pudica e pequeno-burguesa, aceitando a mesma divisão burguesa dos papéis masculino/feminino, recusando a especificidade da revolta feminina (...) uma teoria revolucionária foi acompanhada por uma concepção antiquada dos valores familiares, como o puritanismo e as regras de produção-reprodução dominantes. (...)”[3]. Maria Amélia Teles, Danda Prado e muitas outras feministas brasileiras se voltavam para essa discussão, descortinando essa postura misógina da esquerda brasileira.

Postura que percebemos no romance de Jorge Amado traduzido em várias línguas, lido em vários países, ícone da revolução durante a ditadura militar. A protagonista Mariana era mãe e mártir, pois, além de ter o filho nos braços, sabia resignar-se com a distância de João, envolvido em tarefas políticas que o levavam a outras cidades. Uma “mulher completa” que deu à luz um menino e ao longo do romance estava sempre aprendendo lições com os homens. Cada vez que se sentia cansada da luta política, um deles ensinava-a como ser forte, com seu próprio exemplo, fazendo-a compreender que a causa do partido era sua vida. Além do mais, depois de casada ela não podia esquecer que se transformara na “esposa do camarada João”. Portanto, precisava se comportar como tal, como a lembra Ruivo: “Vamos, um sorriso... Certamente nos encontraremos mais dia menos dia por causa do trabalho. Bom trabalho, moça, não esqueça que você é a companheira de João e que isso lhe dá muita responsabilidade” (Amado, 1980c: 68-69).

Danda Prado lembra que o termo “família” origina-se do latim famulus, que significa o “conjunto de servos ou dependentes de um senhor” (1981:51), entre eles a esposa e os filhos. No livro Esposa, a mais antiga profissão, diz que as palavras “mulher” e “esposa” são usadas indeterminadamente em quase todas as línguas. Mariana, que no início do romance era a “filha de” um comunista, encarregada de continuar seus passos, agora era a esposa, a mulher, a “companheira de” João, um dirigente, logo, deveria considerar-se honrada e com mais “responsabilidade”. 

A revolução socialista ou comunista era uma revolução feita por homens, mesmo tendo a participação das mulheres, como auxiliares. “O mundo humano teorizado por Marx e projetado na história humana por Engels é um mundo que exclui as mulheres”, afirma Nye (1995:85). A filósofa lembra que o próprio Marx mostrou-se ambíguo ao falar das mulheres trabalhadoras, “deplorando o efeito ‘moral’ do trabalho em fábricas sobre as mulheres jovens e o descuido dos filhos pelas mulheres trabalhadoras” (Ibid., p.84). Marx considerava ainda o trabalho das mulheres nas fábricas como um recurso último e temporário. Em caso de precisarem mesmo trabalhar, as mulheres deveriam escolher “uma profissão não-produtiva numa área tipicamente feminina como enfermagem, assistência social ou ensino” (Ibid., p.84). Para Nye, nenhuma explicação foi elaborada na teoria marxista para esta postura, a de terem as mulheres que escolher profissões afastadas da produção capitalista. Resta então a conclusão de que “o homem produtivo marxista, o homem liberado no Estado socialista, depende desde o início do lar que alimenta e abriga e dos serviços não-produtivos que lhe dão o necessário antídoto mental e material para a sua exaustiva e destrutiva humanização do mundo físico” (Ibid., p.85). Por isso, Mariana desejava cuidar de João, costurar suas meias, oferecer o descanso necessário ao militante marxista.

Mariana que era considerada boa em seu trabalho pelos colegas, pois além de executá-lo bem, sabia ouvir e concordar com as críticas dos seus superiores. Mariana que só muda de cargo, deixa de ser “estafeta” numa ocasião em que todos os dirigentes são presos e só resta ela e um adolescente para reorganizar o partido. Isso, claro, até um novo dirigente ser deslocado do nordeste para assumir o trabalho em São Paulo. Pois não restam dúvidas, nas páginas de Jorge Amado, de que os homens são os melhores militantes, afinal são “machos”: “O que morreu e eles tomaram por mim, valia mais que eu. Que camarada! Um macho” (Amado, 1980c: 260).

Em todos os casos, são os homens os intelectuais que entendem da revolução e “bondosamente” auxiliam as “mulheres boas” a compreenderem do que se trata. Afinal, “mulher é bicho curioso” (Amado, 1980b: 181), diz um outro personagem referindo-se à curiosidade da “sua”: “ela está doidinha para saber quem está aqui...”. Mesmo no final do romance, quando outro personagem, um arquiteto famoso que encarna “o bom burguês” - aquele que ajuda e acaba aderindo ao partido –, conta para sua esposa que aderiu ao partido comunista, esta se diz “burra”, pedindo para que o marido a ensine: “sou burrinha, Marcos, não entendo muito de política. Mas uma vez já te disse que pra mim é assim: os comunistas são os bons, os outros são os ruins. (...) Tu vais me ensinar, não vais? Para que eu possa te ajudar” (Amado, 1980c: 242). “Camarada macho” e “mulher burra”, eis alguns dos modelos presentes em Subterrâneos da liberdade.

Modelo que se repete na relação de Doroteu e sua esposa Inácia, trabalhadores negros da região portuária de Santos. Inácia é descrita como a negra exuberante e linda que todos os homens desejam – “de corpo perfeito, erguidos seios pontudos, duras coxas grossas, modeladas pernas e perfil de doçura, os olhos de dengue e de malícia, desejados lábios, dentes brancos e iguais, perfumados cabelos de canela e cravo” (Amado, 1980b: 9). Doroteu é um negro pequeno e “feio como o diabo” (Ibid., p.54) – “porque o negro Doroteu, magricelo e baixo, de cara chupada e de grossos lábios, não parecia feito para apaixonar ninguém” (Ibid., p.9) – mas valente e comunista, com seu dom de tocar gaita de boca encantando Inácia e ensinando a ela sobre o comunismo. Um dia antes de Inácia ser morta pela repressão, ela confessa a Doroteu: “eu era uma negra tola, só tinha besteira na cabeça, foi tu que me ensinou que eu não era igual ao cachorro de guarda da casa de sinhá Laura, eu pensava que mesmo o gato dela era melhor que eu, que negro valia menos que branco. Foi tu que me deu tudo que eu tenho, mesmo o filho que tá na minha barriga” (Ibid., p.66-67).

Entre as páginas emocionantes do romance - como o episódio da morte de Inácia, ainda grávida, ou na cena em que muitos dos personagens são presos e torturados, incluindo o filho pequeno de Zé Pedro e Josefa –, entre as cenas que convidavam à luta política, os estereótipos reproduzidos por Jorge Amado na generização do humano talvez tenham passado despercebidos por muitos leitores. Leitores ou militantes que estavam envolvidos no combate à ditadura no Brasil, imbuídos do ideal da luta política. Afinal, como é repetido seguidamente ao longo do livro “o que conta é a luta política, o que conta é o marxismo”, a exemplo da cena em que um dirigente comunista – Vitor – conversa com o personagem do arquiteto, citado antes: “um grande arquiteto – comentou Vitor – o maior arquiteto brasileiro, não é? Mas, meu caro, essa cultura de vocês não vale nada se ela não passar pelo crivo do marxismo. Você pode ser todo arquiteto que queiram, para mim você só será no dia que for um marxista” (Amado, 1980c: 263). Mais do que isso, o que conta é o partido comunista: “mesmo que houvesse sobrado um único de nós, era o Partido. Ninguém tem o direito de se desesperar”(Ibid., p.223).

 “Era disso que se tratava daqui pra frente”, disse Joaquim para Nilce, após ela terminar de ler Subterrâneos da liberdade. Sua vida deveria ser dedicada à revolução, e os riscos seriam altos. Nilce aceitou a tarefa e vieram as próximas leituras: “Marx, Engels, Lênin (...) aí foi o aculturamento (...) eu tive que deixar todos os meus referenciais e entrar dentro do materialismo histórico-dialético”[4].

Cabe ressaltar que o Subterrâneos da liberdade que envolveu Nilce durante a leitura foi aquele que mostrava a miséria social, a repressão, a luta pela vida e pela melhoria das condições da população. E, se ela própria, muitas vezes como Mariana executou serviços, foi “estafeta”, ela não se manteve presa a esse modelo de militante que encontro no romance de Jorge Amado. Como “sujeito excêntrico” (Tereza de Lauretis), ora estava dentro, ora fora do ideal de militante descrito no livro. A militância era encarada como um modo de existência, no qual o desejo de transformar o mundo passava também pela transformação de si.

O modelo universal do militante

Embora não seja consenso nos relatos das militantes que participaram das organizações de luta contra a ditadura, muitas delas dizem que ao adentrar no espaço público, compondo a arena da luta política, as mulheres tiveram que adequar-se ao modelo masculino do militante, com base na divisão dimórfica do mundo. A narrativa de Nilce vai ao encontro desses relatos.

O segundo momento da “formação” veio com a transformação da militante, que deveria se transformar apenas em militante – sujeito universal masculino. “E então eu que era loira, usava os cabelos bem grandes assim.... achava aquilo lindo e tal... aí mandaram cortar e eu fiz um cabelinho a la homem e nunca mais pude usar uma pinturinha na cara, eu fiquei horrível”[5]. Ela lembra ainda que isso acontecia nos vários movimentos políticos da época, nos quais a mulher deveria metamorfosear-se visualmente, aproximando-se da figura do militante.

Nos grupos de guerrilha, por exemplo, Maria Amélia Teles diz que os comandantes esperavam que as guerrilheiras se comportassem como homens, já que o modelo masculino era o ideal para a guerra. Duvidava-se da capacidade das mulheres para executar tarefas militares, “o amor e a maternidade eram vistos como peias que enfraqueciam os guerrilheiros (...) buscou-se negar a sexualidade, particularmente da mulher guerrilheira” (Teles, 1993:71). Com isso, “algumas guerrilheiras tentaram se aproximar do modelo masculino. Acreditavam que dessa forma seu desempenho seria melhor nas ações militares” (Ibid., p.71). No caso de Nilce, a justificativa de seus companheiros para a transformação da mulher era a necessidade de se aproximar das classes populares, necessária para o trabalho na fábrica e no meio rural. É a idéia de “proletarização” dos militantes, comum entre a esquerda na época, que incluía a aproximação das mulheres com o modelo masculino do militante. Parece-me, inclusive, que estas se complementavam como em alguns episódios narrados por Nilce.

            Por exemplo, quando em 1968 ela foi trabalhar nas fábricas do ABC paulista e, para executar esse trabalho, conta que foi “enfeada”: “que preconceito é esse com as operárias?”, questiona-se, lembrando de algumas situações irônicas que vivenciou no contato com elas. Como quando após estabelecer laços de amizade com as colegas de trabalho, estas lhe trouxeram maquiagens, sugerindo também que Nilce usasse roupas mais “femininas”, algo como “tão descuidada você, vamos melhorar esse visual”. Ou ainda quando chegou a Porto Alegre, no inverno de 1969, e foi procurar emprego: seus companheiros disseram-lhe que deveria usar uma saia, sem meia-calça e de chinelos de dedo, pois era assim que as operárias se vestiam. Seguindo a sugestão dos colegas, Nilce arrumou-se dessa forma e às 5h da manhã estava esperando na fila para vagas de trabalho. Em meio ao rigor do inverno gaúcho, com temperaturas abaixo de 10 graus, ela conta que literalmente congelou. Olhando à sua volta, percebeu que as demais mulheres vestiam meias quentes e sapatos. Precisou voltar para o apartamento onde estava hospedada e aquecer-se.

            Possivelmente, episódios como esse foram comuns na época, pois os grupos de esquerda dividiam a sociedade entre burgueses e proletários, alienados e revolucionários. Para Ana Maria Colling, que entrevistou mulheres que participaram das organizações de esquerda na época, a diversidade era desconsiderada em prol da luta principal, a revolução proletária. Para tanto, os discursos da esquerda procuravam anular as diferenças construindo “sujeitos políticos únicos, desconsiderando a presença feminina e (...) empurrando-a à invisibilidade” (Colling, 1997:94). Ou melhor, mantendo-a na invisibilidade, já que teoricamente “eram todos militantes”, afirma Colling.

            Nesse contexto muitas mulheres aderiram ao modelo do sujeito político universal masculino “militante”. Uma das entrevistadas por Colling, afirmou que, ao entrar na organização, fez “um esforço de dessexualização”, pois “queria ser uma militante” (Ibid., p.69). De forma semelhante, Nilce diz que pra ela, na época, “militante era militante, não tinha esse negócio de sexo”[6]. Ou seja, para ocupar e compor a arena da luta política, reservada prioritariamente aos homens, as mulheres aderiram ao modelo universal masculino. Foi assim com “Inês”.

            “A primeira vez que eu vi ela, uma mulher com uma roupa estranha, [...] e aí a idéia era me deixar assim, com aquele jeito duro”[7]. Nilce se refere à “Inês” - coordenadora das “células de serviço” – que a conduziu no segundo momento de formação para clandestinidade, ensinando-a a ser discreta, rigorosa com horários e “invisível”:

Eu passei a ser discreta, e antes eu era um excesso só (risos). Você vê, eu entrei no CRUSP e claro que eu fui ser, numa festa junina, a noiva! Era óbvio pra todo mundo que tinha que ser eu! O CRUSP inteiro, aquele mundaréu de gente e me escolheram pra noiva. Você pode imaginar como é que era a coisa: mudança radical![8]

            A extrovertida noiva da festa no CRUSP deveria se transformar na militante discreta, sóbria e “invisível”. Um aprendizado – a “invisibilidade” - que deixou marcas profundas em seu psiquismo, comenta Nilce. Visual e emocionalmente invisível: seus amigos, sua família, ninguém deveria saber onde estava ou o que estava fazendo. Quanto aos companheiros de militância ou os colegas operários, não poderiam saber quem ela era, nem de onde vinha. Para eles, não era mais Nilce, mas sim Regina, Vera, Mônica – seus codinomes na clandestinidade. “Larguei as primeiras bagagens junto com o Joaquim, as outras bagagens com a Inês”[9]. Educada para a militância e a para a clandestinidade, Nilce tornou-se tão invisível quanto “disciplinada”. Não chegava atrasada em nenhum “ponto”, entrava e saía dos lugares sem que a percebessem. Isso foi pra ela uma “quebra total” como diz, pois além de se afastar da família e dos amigos, teve de deixar de lado seu “jeitão espalhafatoso e aberto[10] – “poucas pessoas podem ser tão invisíveis”, diz Nilce.       

            “Invisibilidade” que faz parte da história das mulheres, ou dos lugares reservados a elas historicamente. Sabemos que, em sociedades patriarcais como a nossa, o lugar das mulheres ao longo dos séculos, oficialmente, tem sido o espaço privado – o espaço doméstico da casa, da cozinha, do quarto, etc. Espaço marcado pela invisibilidade e pelo silêncio. Espaço da esposa, por exemplo, reproduzido em algumas tarefas que Nilce deveria executar na clandestinidade: “às vezes, porque tinha muitos homens, era pra passar por esposa de um deles, pros vizinhos e tal, mas tinha isto: aquela invisibilidade, aquela discrição”[11]. Nesse caso, o papel era de coadjuvante, de ajudante discreta e “invisível” na tarefa política, atividade atribuída cultural e socialmente às mulheres, considerando-se o universo generizado e polarizado do humano em “formatos binários – homem e mulher – cujos contornos assimétricos delimitam, autorizam, definem os papéis, a ação, o ser no mundo” (Swain, 2001).

            Nilce lembra, ainda, que os homens, os militantes, não precisaram passar por nenhuma transformação visual. Na suposta relação de igualdade estabelecida pela esquerda, a transformação coube às mulheres, que deveriam se adequar ao modelo universal masculino do militante político – “as mulheres perdem toda e qualquer especificidade, toda”[12]. Essa constatação parte também da relação dela com o primeiro marido, Antônio Ramos Gomes – “Toninho” – ex-seminarista e militante de AP, com quem casou no final de 1968. “Toninho não precisou mudar nada”[13], diz ela. Hoje, ela pensa que esse foi um modelo perverso adotado em nome da revolução, no qual as emoções, os sentimentos e sofrimentos não contavam, tanto para mulheres quanto para homens.  

            Modelo que exigia das mulheres “um esforço para serem vistas pelos companheiros de partido como militantes – e não como mulheres militantes – para serem tratadas com igualdade”, afirma Colling (1997:71). A historiadora que, além de entrevistar seis mulheres que participaram das organizações de combate à ditadura militar, entrevistou também três militantes desses mesmos grupos, afirma que para eles, essa igualdade que as mulheres desejavam, aquela que passava pelo apagamento das diferenças, não existia. “Vitor”, um ex-militante entrevistado por Colling, lembra que foi contra o debate sobre liberdade sexual, numa reunião de exilados brasileiros na França: “eu fui contra o debate, que era sobre a liberdade sexual como um ato revolucionário. De jeito nenhum. Podia ser na Europa, Suécia; no Brasil, liberdade sexual? Lá o problema ainda é a fome”. O mesmo “Vitor” diz, ainda, que a igualdade entre militantes não existiu: “essa igualdade nunca existiu, até pelo sentimento do homem. O próprio companheiro vê a mulher e, claro, sente vontade de dormir com ela” (Colling, 1997:107). Misógino, “Vitor” continua suas observações quanto à presença das mulheres nos grupos de esquerda, dizendo que “a mulher mais bonitinha, mais bonequinha, não entrava, ficava mais de fora, e a mulher sapatona, feia e tal, principalmente da ala trotskista, tinha muito” (Ibid., p.107). “Vitor”, como os demais entrevistados por Colling, enfatiza ainda que mesmo assim prevalecia o respeito e o sentimento de “proteção” dos homens em relação às mulheres militantes – a “superproteção” acompanhada da subestimação de sua capacidade física e intelectual, apontada por Teles (1993:70).

            Para Colling os militantes da esquerda reproduziam o discurso dominante, pois o fato de a mulher ocupar a cena política a transformava numa ameaça à ordem familiar. “Violeta”, outra entrevistada, lembra que as militantes eram consideradas “mal-amadas” ou, então, “mulheres de vida fácil”: “foi para a luta porque aqui, na vida normal, comum, não achava homem. Ou vinha como apêndice, porque tinha um namorado, ou vinha para dar pra todo mundo. Ou tu não eras bem mulher, era machorra, sapatona. Nas entrelinhas, ficava sempre isso” (Colling, 1997:108). Discurso que era reproduzido principalmente pela repressão.

Como podemos perceber, apesar do discurso de igualdade e do aparente apagamento das diferenças, os papéis tradicionais e assimétricos da generização do humano, do qual fala Tania Swain, que autorizam a ação no mundo, eram mantidos e, mesmo, reafirmados pela esquerda.

No entanto - como enfatizou Albertina de Oliveira Costa -, essa postura da esquerda, tradicional e machista, que levou muitas militantes a tornarem-se feministas na época, não deve ofuscar o fato de que “ser de esquerda ou pertencer a organizações de esquerda no Brasil [durante os anos 1960 e 1970], abriu um sem número de possibilidades às mulheres”. E ela acentua:

Sim, fazia cafezinho, é verdade, mas viajava, ia falar, aprendeu a discutir, aprendeu a falar em público. Era secretária, fazia ata, mas aprendeu a fazer conchavo. Ah, aprendemos a fazer política. E tanto aprendemos e essas pessoas aprenderam que não existiu nesse trajeto que eu relatei de um feminismo que não fosse de esquerda. Ou seja, o feminismo situa-se no campo da esquerda[14].

Nilce, algumas vezes, questionou essa postura tradicional do grupo político ao qual pertencia, como quando foi enviada a Porto Alegre pela direção da AP, em função da transferência de seu marido: apesar dos trabalhos diferenciados que cada um executava na organização, ela deveria mudar o seu para acompanhá-lo.  Mesmo não parando para refletir mais atentamente sobre a condição feminina e a militância política, Nilce diz que isso a tencionou em alguns momentos, como nesse caso. Conta que sentiu sua indignação crescer, chegando a solicitar seu desligamento da AP:

Aí o Toninho é que veio para ser dirigente do Rio Grande do Sul... porque tinha caído tudo aqui... (...) Ele que veio. Mas eu vim possessa, eu tinha feito uma carta dizendo que eu achava um absurdo uma militante com sua história já construída, independente do companheiro, daí pra frente ir pra algum lugar porque o companheiro ia (...) vim para acompanhar marido, nossa senhora, eu fiquei muito brava (...) Não, não quero tá num partido que me mandam porque eu sou mulher de alguém![15]

            Enquanto esperava uma posição da direção da AP, Nilce foi a Porto Alegre, mesmo contrariada. Entretanto, ao chegar lá e perceber que a organização havia sido desmantelada pela repressão, imediatamente assumiu o contato com os operários, Toninho se tornou o contato com os intelectuais e um outro militante, com os estudantes - os três formaram um novo comando, reorganizando a Ação Popular no Rio Grande do Sul. Com isso, Nilce deixou de lado o episódio de sua vinda paraacompanhar marido”. Mas as relações do casal já estavam estremecidas, e eles se separaram no ano seguinte. A essas alturas, a formação de Nilce para a militância já havia sido concluída e o estado de exceção vivido no país se aprofundara ainda mais: o Ato Institucional de número 5 e os outros decretos que se seguiram - como o AI-14, que legitimou pena de morte e prisão perpétua no país - já estavam pleno vigor. A caça aos militantes dos grupos de luta política pela repressão tornou-se mais feroz e Nilce mergulhou na clandestinidade.

Bibliografia

Amado, Jorge. 1980a. Subterrâneos da liberdade I: Os ásperos tempos. Rio de Janeiro: Record.

___. 1980b. Subterrâneos da liberdade II: Agonia da noite. São Paulo: Martins Fontes.

___. 1980c. Subterrâneos da liberdade III: A luz no túnel. São Paulo: Martins Fontes.

Colling, Ana Maria. 1997. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997.

Nye, Andrea. 1995. Teoria feminista e as filosofias do homem. Rio de Janeiro: Record/Rosa dos Tempos.

Prado, Danda. 1981. O que é família. São Paulo: Brasiliense.

Swain, Tania Navarro. 2001. Feminismo e recortes do tempo presente: mulheres em revista “femininas”. Revista da SEADE.

___. 2008. Os limites do corpo sexuado: diversidade e representação social.  Labrys - Études Féministes,  http://www.unb.br/ih/his/gefem/labrys13/leituras/anahita.htm.

Teles, Maria Amélia de Almeida. 1993. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense.

Nota Biográfica

Susel Oliveira da Rosa é pesquisadora do Departamento de História da Unicamp, onde desenvolve sua pesquisa de pós-doutoramento com o apoio da Fapesp. Tem experiência na área de Ciências Humanas, com ênfase em História do Brasil (período da ditadura militar), trabalhando com os seguintes temas: violência, biopolítica, estado de exceção, feminização da cultura, narrativas de militantes. Doutorou-se no Departamento de História da Unicamp em 2007. Concluiu o mestrado em História das Sociedades Ibéricas e Americanas pela PUC/RS em 2002. Graduou-se em História pela UFSM em 1998. Dentre suas as publicações recentes estão os artigos: entre o silêncio e as palavras: trajetos possíveis quando a realidade passa dos limites (Labrys, Études Féministes); a escrita de si na situação de tortura e isolamento (Revista História e Imagem); 'cabeça de porco' e 'elite da tropa': relatos de vida nua no estado de exceção (Revista da USS).


 

[1] Nilce Cardoso foi militante do grupo “Ação Popular” durante os anos da ditadura militar. Viveu a clandestinidade, conheceu as prisões e torturas praticadas no DOPS/RS e na OBAN/São Paulo. Para mais detalhes sobre sua trajetória, pode-se consultar o artigo: “Entre o silêncio e as palavras: trajetos possíveis quando a realidade passa dos limites”, publicado na Revista de Estudos Feministas Labrys, n.14 e disponível em  http://www.unb.br/ih/his/gefem/labrys14/textos/susel.htm.

[2] Entrevista à autora, gravada em 13/11/2007.

[3] Jornal Mulherio (janeiro-fevereiro de 1983/Ano III/N.11).

[4] Entrevistas à autora, gravadas em  09/06/2008 e 10/06/2008.

[5] Entrevista à autora em 09/06/2008.

[6] Entrevista à autora em 13/06/2008.

[7] Entrevista à autora em 13/06/2008.

[8] Entrevista à autora em 16/06/2008.

[9] Entrevista à autora em 13/06/2008.

[10] Idem.

[11] Entrevista à autora em 16/06/2008.

[12] Entrevista à autora em 13/06/2008.

[13] Entrevista à autora em 13/06/2008.

[14] Albertina de Oliveira Costa.Conferência no “Colóquio Internacional Gênero, Feminismos e Ditaduras no Cone Sul”, realizada em 07/05/2009.

[15] Entrevista à autora em 13/06/2008.

 

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abrys, études féministes/ estudos feministas
janvier /décmbre 2009 -janeiro/dezembro 2009