labrys, estudos feministas
número 1-2, julho/ dezembro 2002
Ser uma jovem militante hoje? Por que? Como?
;Anne Quéniart e Julie Jacques
tradução: tania navarro swain
Resumo:
Como e porque ser uma jovem militante hoje? Esta é a questão que propõem as autoras deste artigo, uma questão simples, vasta, porém, tendo em vista as dimensões que atravessa. O “porque” leva ao exame das trajetórias para a militância e suas motivações. O “como” conduz à análise das “ maneiras de fazer”, isto é, o modo como as jovens mulheres militam e querem faze-lo. Esta reflexão está baseada nas análises de entrevistas efetuadas com cerca de trinta jovens militantes de partidos políticos, de associações e de um grupo feminista. Fica claro que estas jovens militam a fim de transformar a ordem das coisas, certas de ter um poder de ação sobre o social, uma certeza transmitida por sua família e que as levou, muito cedo, a se engajar social e politicamente.
Introdução
Como e por que ser uma jovem militante hoje em dia? Esta é a questão sobre a qual nos propomos refletir neste texto. Uma questão simples, porém ampla, tendo em vista as dimensões que interpela. A dimensão do “por que” nos leva, é claro, ao exame das trajetórias conduzindo à militância, bem como as motivações que a instigam. A dimensão do “como” aponta para a análise das “maneiras de fazer”, isto é, a forma como as jovens mulheres militam e pretendem militar. Para isto, baseamo-nos sobre os resultados de uma pesquisa [1] que realizamos, sobre o sentido e as formas de engajamento político das jovens mulheres do Québec. O objetivo geral do estudo era compreender o que podia levar estas jovens a militar em associações diversas, em partidos políticos e grupos feministas, em um contexto no qual se enfatiza a despolitização da juventude, a não participação dos jovens e principalmente das mulheres jovens, na vida da cidade. Antes de apresentar alguns resultados, é preciso lembrar o que se conhece sobre estas jovens mulheres e seu engajamento político.
De fato, o balanço será breve, pois poucos estudos se dedicaram a sua participação real “em atos”, dos/as jovens, ao menos no Québec, e nenhum se debruçou especificamente sobre as jovens mulheres. Os estudos têm se dedicado, por um lado, sobretudo à relação das mulheres com o político ou se debruçado sobre as mulheres eleitas, portanto, militantes menos jovens, e, por outro, à análise da participação política de jovens, principalmente do ponto de vista eleitoral, mas sem uma perspectiva de gênero.
Lembremos, antes de mais nada, que no Québec, no plano da representação política, não podemos falar de igualdade entre mulheres e homens, pois tanto a Assembléia Nacional (província do Québec), quanto a Câmara das Comunas (Canadá) contam com menos de 25% de mulheres (24,8% e 20,5%, respectivamente).[2] No plano municipal, a situação não é melhor, pois se conta com uma proporção de prefeitas eleitas em torno de 14%[3]. Estas cifras podem variar, mas, de modo geral, a situação é a mesma no mundo: as mulheres são ainda sub-representadas nas instâncias democráticas (Sineau, 2001). Algumas das razões que explicam esta circunstância são :
a existência de coerções privadas que pesam sobre o engajamento político (Philipps, 2000) , os obstáculos ligados ao sistema político propriamente dito, além da história da própria constituição dos sistemas democráticos (Tremblay, 1999; Sineau, 2001; Conseil du statut de la femme, 1994; Lamoureux, 1989).
Nesse âmbito, as mulheres foram excluídas, em razão de sua identidade sexual, do gozo da cidadania, um conceito, entretanto, considerado universal, “no quadro mesmo do sistema democrático liberal, nascido no fim do século XVIII” (Cohen, 2000 : 87)
A cidadania é, de fato, diferenciada segundo o gênero, de forma que se manifesta como um projeto particularista, em lugar de universalista (Walby, 2000). Ou melhor, a cidadania seria baseada sobre uma universalidade abstrata, que estabelece, assim, o masculino como norma de referencial (Paterman, 2000). Para serem incluídas, as mulheres deviam, ao mesmo tempo, “reivindicar-se no individualismo abstrato, base da figura do cidadão nas democracias ocidentais modernas, mas igualmente colocar em questão este individualismo abstrato já que, por sua substância, ele as exclui.” (Lamoureux, 2000: 24).
Em uma outra ordem de idéias, os estudos sobre as mulheres eleitas no Canadá e no Québec revelam que mulheres e homens não chegam ao poder nas mesmas condições e, aliás, não o exercem da mesma maneira (Tremblay et Pelletier, 1995). As mulheres se diferenciam de seus colegas masculinos pelas trocas com a população (Burt, 1986) e pelo tempo que lhe consagra (Carey, Niemi et Powell 1998; Dodson et Carroll, 1991); estariam também mais presentes em seus gabinetes e em suas comunidades (Thomas, 1992) que os homens. A maioria das deputadas consideraria o fazer político de outra maneira, estimulando a cooperação e mediação em lugar de luta, (Tremblay, 1999), a preocupação pelo detalhe e pelo quotidiano, a importância dada às trocas e à discussão (Conseil du statut de la femme, 1994), mais maturidade, razão, senso do dever e da realidade, gosto pelo concreto (Belloubet-Frier, 1997).
A este respeito, as militantes da Federação das Mulheres do Québec dizem ter deixado os grupos mistos, entre outros motivos, porque havia uma repartição desigual de trabalho, uma valorização do excesso de títulos e da hierarquia e, em geral, porque os homens tomavam todo o espaço (Tardy, 1995). Em resumo, as constatações giram em torno de uma prática política mais humanizada, com valores e modelos de comportamento que as mulheres encarnam, aliás, no seio familiar (Tremblay, 1999).
A prática diferenciada das mulheres na política , caminha de mãos dadas com uma concepção diversa de poder. Este último é habitualmente definido como “a capacidade que possui uma pessoa, ou um grupo de pessoas, de obrigar uma outra a realizar, ou não, um ato determinado, sob pena de sanção” (Lamoureux, Gélinas e Tari, 1993: 237) [4]; é um “poder sobre” e isto seria uma maneira masculina de concebe-lo. Ora, “o poder é também a capacidade de agir, de decidir, de orientar ‘com’ alguém” (Lamoureux, Gélinas e Taru 1993: 237), “é a autonomia ou a capacidade de exercer habilidades,” (Tardy 1995), uma concepção melhor associada a um modo “feminino” de atuar.
Comenta-se, em geral, a despolitização da juventude, sua falta de interesse, sua recusa do político, dos homens e partidos políticos, sua deserção dos cenários eleitorais. Além do individualismo, muitas vezes identificado como uma das razões desta despolitização, acentuam-se as preocupações próprias a este momento de sua vida. Com efeito, as/os jovens estariam preocupadas/os com um início de vida que compreende emprego, casa, formação de uma família. Uma vez estas condições estabelecidas, quando a precariedade diminui, “o desinteresse pela ‘coisa política’, quando se evidencia, traduz menos uma incompetência que um distanciamento crítico da dimensão adulta e trivial da ‘política politiqueira” (CEVIPOF, 2000). Ou seja, a participação política da juventude aumentaria em função da integração aos mecanismos sociais, notadamente pelo viés da inserção no mercado de trabalho. (Hudon et Fournier, 1994)
Em uma outra perspectiva, alguns/umas autores/as estimam que o desengajamento das/os jovens é apenas aparente e vem da própria definição que damos a engajamento. Este não deveria ser visto como um ato de adesão a uma ideologia de um grupo específico (um Nós), mas como um ato conduzido por um interesse pessoal (um Eu) por uma causa que poderia tornar-se coletiva, como um gesto concebido primeiramente de forma pessoal (Ion, 1997). Nesse raciocínio, o engajamento hoje seria mais setorial e marcado por um processo de individuação, remetendo não a uma introspecção, mas a valores tais como “a liberdade, a dignidade, o desabrochar dos indivíduos, o antiautoritarismo” (Barthélemy, 2000 : 73), valores associados tanto aos movimentos dos anos 60 e 70, quanto aos da atualidade.
É, portanto, o próprio modelo de cidadania que conheceria uma mutação: teríamos passado do modelo comunitário de cidadania engajada ao modelo societário do associado (Ion, 1994). A juventude não seria, assim, apolítica, mas agente de novos esquemas de engajamento, mais ecléticos e trabalhados, ancorados em um movimento associativo, mais que em partidos ou sindicatos. Esta juventude estaria assim sempre pronta a agir para defender idéias e interesses (Borredon, 1997, Bréchon, 1998), mas recusando as etiquetas e filiações político-ideológicas, dando preferência às ações setoriais e que tem um resultado mais imediato. (Guay et Nadeau, 1994). Dito de outra forma, “o que se percebe habitualmente como ‘despolitização’ poderia ser uma outra politização” (Bouamana, 1993 : 156), a afirmação de um outro repertório político (Muxel, 2001).
Em relação às práticas concretas de engajamento ou de militância da juventude, pouco se conhece; existem, porém, alguns dados. No Québec, Piché (1999) estudou as jovens provenientes de meios operários, participantes em um movimento de juventude, a Juventude Operária Católica (JOC). Mostrou que, para estas jovens, a militância representou um meio de se afirmar socialmente, de adquirir um treinamento em organização e gestão, de desenvolver suas capacidades de liderança e animação, etc. De fato, a JOC constituiu um espaço social para as jovens do meio operário e permitiu a emergência de um novo modelo de mulheres, engajadas ativamente.
Ainda no Québec, uma pesquisa-ação de Quéniart e Lachance (1997), sobre os/as jovens membros (menos de 35 anos) da Central de Ensino do Québec (CEQ), mostrou que acreditavam ainda no sindicalismo. As razões de sua participação variavam: para uma melhor compreensão do meio de trabalho e seus problemas, para defender um assunto julgado importante, para sensibilizar os/as colegas, para expor o ponto de vista dos/as empregados/as e, às vezes, porque houve um “recrutamento” feito pelos membros mais antigos. O que os/as jovens apreciavam mais nos sindicatos era seu peso político, a força coletiva que representam, dando poder aos/às empregados/as e permitindo-lhes um avanço de sua causa. A visibilidade dos/as trabalhadores/as, assim como a dimensão da “segurança” foi também identificada como primordial. Os aspectos mais negativos apontados foram : as possibilidades de “desvio” econômico e também alguns efeitos perversos do sindicalismo, como o princípio de antigüidade, que preocupa particularmente os/as mais jovens. Enfim, as autoras mostraram que, se a juventude é menos numerosa nas linhas dos militantes, o é ,sobretudo, porque geralmente representa uma menor número entre os/as trabalhadores/as sindicalizados/as.
No plano metodológico, escolhemos os lugares de engajamento segundo três critérios que consideramos influentes no engajamento e na prática militante: grupos mistos ou não, grupos de jovens exclusivamente ou grupos de idade mista ( multigeracional) e seu grau de institucionalização. Quanto às jovens militantes, os critérios de amostragem foram sua idade e seu engajamento: deveriam ter entre 18 (idade do direito de voto) e 30 anos (esta categoria correspondia à dos principais grupos de jovens ou comitês jovens dos grupos) e ter atividades concretas em um grupo.
Nosso grupo final de amostragem foi composto de 30 jovens mulheres: 10 militavam na Federação das Mulheres do Québec (FFQ), uma associação não mista, muligeracional e fortemente institucionalizada; 10 em dois partidos políticos tradicionais, os que se alternam com mais freqüência no poder, ou seja, o Partido Québecois (PQ) e o Partido Liberal do Québec (PLQ), estruturas mistas e multigeracionais, além de serem igualmente institucionalizadas; e finalmente 10 em grupos mistos, cujo grau de institucionalização era variável, segundo os grupos, e que eram ou reservados aos/às jovens (associações de estudantes, Forças juventude, etc), ou ainda com marcada presença de jovens ou lutando por questões relativas aos/às jovens (operação SALami, grupos antiglobalização, etc) As entrevistas semi dirigidas, de duração de uma hora e meia em média, foram realizadas em torno das temáticas seguintes: 1) a trajetória do engajamento (motivações, elementos encorajadores, origens do interesse pelo político, etc); 2) a história de vida (percurso familiar e escolar); 3) o sentido do engajamento (definições, representações, etc.); 4) a prática concreta do engajamento (descrição das atividades quotidianas ou pontuais); 5) a(s) representação(ões) do social (percepções da sociedade québéquoise, questões sociais, etc.)
As jovens militantes que encontramos tinham entre 18 e 30 anos, com uma média de 22 anos. Seus rendimentos variavam de 57.000/ano a zero, com uma média de 20.000 dólares/anom, para aquelas filiadas aos partidos políticos e da FFQ.
Entre as responsáveis pelas associações, a média dos salários era de 11.000 dólares/ano. As que tinham rendas maiores eram aquelas que ocupavam um emprego formal, o que explica, em parte, as diferenças salariais. Suas situações residenciais também variavam: com cônjuge, só, com co-locatárias, em casa de familiares. Quase todas tinham um trabalho ou estudavam, mas a maior parte combinava ambos. Duas destas mulheres tinham uma criança. Algumas militavam em seu partido ou associação há pouco tempo, outras há muitos anos. Além dos dados sobre sua situação sócio-econômica, quisemos recolher informações sobre sua família. Em resumo, quase todas tinham mãe/pai trabalhando fora – somente quatro tinham as mães trabalhando em casa. As ocupações eram as mais variadas, mas com uma tendência: as mães ocupavam, muitas vezes, profissões tradicionalmente “femininas”: enfermeiras, professoras, secretárias.
1.Por que militar?
1.1 Militar para mudar as coisas....
Por que militar? A esta questão, há uma resposta: para mudar as coisas, transforma-las. O engajamento é feito para se passar à ação, pois tem, para estas jovens mulheres, uma dimensão ativa: implica “um caminho para a ação” (Perrineau, 1994). Representa um poder de agir para as mudanças na sociedade, um poder de agir sobre a sociedade. De fato, em todas as respostas, o motor de seu engajamento é esta vontade de agir, este desejo de transformar as coisas.
“O futuro está verdadeiramente longe de ser cor-de-rosa. É por isto que milito, para torna-lo menos sombrio.” (Olive, 20 anos, RAJ)
“Farei política pelo poder, o poder de mudar as coisas, e pela possibilidade de realizar algo que é necessário, ou seja, que as mulheres tomem o lugar que nunca lhes foi dado como o merecem.” (Gabrielle, 26 anos, FFQ)
“Sempre tive a esperança de uma mudança na sociedade, e por meio de minha militância, sobretudo na educação, espero... que este mínimo que faço leve a alguma transformação social” (Geneviève, 21 anos, PLQ).
É assim esta vontade de agir que as tem levado, muito jovens, desde os estudos primários, a se engajar gratuitamente em diversos comitês de escola, em seguida em associações (conselhos de classe, comitês ambientais, jornais de estudantes, manifestações pela paz, contra a alta dos preços das escolas, etc), bem como fazer um trabalho benévolo em diferentes organizações. Todas estas experiências foram descritas por estas jovens mulheres como locais de formação, de aprendizado, que as “aguilhoaram para agir”.
Enfim, elas acreditavam na mudança; havia entre elas a certeza que se as pessoas, individualmente, se dessem ao trabalho de se interessar pela atualidade, de tomar a palavra publicamente em vez de denunciar as insatisfações no âmbito do privado, uma transformação da sociedade seria possível. A mudança coletiva depende, segundo elas, dos esforços de cada um/a e do engajamento individual e pessoal. É, dizem elas, de cada uma e cada um a responsabilidade de agir para a mudança e isto sob qualquer forma ou lugar. Entretanto, para que o “poder de agir” opere, um trabalho em comum é necessário. Elas sublinham, assim, a necessidade de um agrupamento para uma ação coletiva, para um “agir -em- comum”
“Se todo o mundo se desse ao trabalho de não se desencorajar, de não abandonar, se todo o mundo se juntasse, haveria meios para se fazer algo. Tenho o sentimento pessoal que se critico a sociedade, se não estou de acordo com o que acontece, faço algo para tentar mudar isto. Não se pode estar engajada em toda parte, não podemos estar em todo lugar e em uma associação de estudantes, há meios de se fazer muitas coisas.” (Lydia, 22 anos,Associação de estudantes de do 10 ciclo em sociologia da UQAM)
Mudar o que?
O que elas querem mudar difere segundo o local em que militam, claro. Assim, para as militantes da FFQ, o engajamento visa a transformação das relações mulheres/homens, a fim de torna-las igualitárias. Visa também desmistificar o feminismo em sua pluralidade, junto às jovens e incita-las a um engajamento, principalmente as que “tem medo da palavra feminismo” (Sophie, 27 anos, FFQ), conscientizando-as sobre as desigualdades mulheres/homens, que existem ainda hoje. A militância está, portanto, ligada, entre todas as mulheres do comitê Jovem da FFQ, à sua condição de mulheres e coincide com suas aspirações mais profundas, que dão um sentido a seus atos e mobilizam suas identidades pessoais . Os feminismos constituem, , para elas nesta perspectiva, um instrumento de mudança; são mesmo definidos como um combate “pela liberdade de escolha”.
Para as jovens mulheres do Partido Québécois, fala-se de um engajamento que visa uma mudança coletiva maior: a busca da soberania do Québec. Mas para elas, como para as militantes do PLQ, ou nas associações, engajar-se é também trabalhar para reduzir as desigualdades de todas as espécies, e, mais especificamente, conduzir uma ação para as jovens, fazer-lhes um espaço mais amplo.
De fato, além das especificidades nos objetivos do engajamento, as 30 jovens mulheres interrogadas atribuem-se uma responsabilidade no futuro da sociedade, e isto em diferentes níveis. Encontramos, em primeiro lugar, uma dimensão prospectiva da responsabilidade, em relação às futuras gerações (Jonas, 1990), que, colocando a questão do tempo, lembra que o engajamento se define em longo prazo. Há ainda, entre elas, a dimensão da responsabilidade como obrigação em relação aos outros, em relação à coletividade. O engajamento equivale, com efeito, à uma responsabilidade de cidadania, um dever de cidadã, o de participar da vida da cidade, da vida social e política.
“A cidadania é como uma responsabilidade que se tem face à sociedade na qual vivemos. Um comportamento de cidadã é um comportamento responsável. Sim, vou usar meu direito de voto, vou utilizar meu direito à palavra, vou utilizar as lixeiras públicas, vou pedir auxílio no Natal, pouco importa, isto é agir em seu meio.”(Annick, 28 anos, FFQ)
“É um dever. Vejo isto como algo que devo fazer enquanto cidadã.” (Caroline, 22 anos, PQ)
“Penso que todo o mundo, em meu modo de ver, tem o dever de refletir sobre seu meio e o sistema no qual vive. Não apenas uma vez cada quatro anos, quando vai votar, pois assim, é simples demais. É realmente muito simplificador. (Irène, 25 anos, SalAMI)”.
1.2.Militar como herança de um interesse pelo político
Se as trajetórias levando a uma militância são variadas, tem em comum, de início, uma forte socialização familiar quanto ao engajamento social ou político. A maior parte das entrevistadas tinha, de fato, mães e pais engajados no plano político (global) ou feminista em particular. Assim, a maioria das militantes do FFQ se dizia feministas de mãe a filha, as dos partidos e associações percebiam que seu gosto pelo político lhes foi dado na infância por suas mães e pais. Todas afirmaram ter uma família que lhes abriu os olhos às questões sociais, que delas fez verdadeiras cidadãs, no sentido de indivíduos comprometidos com sua coletividade, primeiro localmente, depois de forma mais global.
“Eu tenho a impressão que foi como para Obelix, caí dentro quando era pequena, isto sempre fez parte de minha maneira de pensar, de ver as coisas, minha mãe é feminista e meu pai também, era natural lá em casa. Estiveram presentes nos primeiros embates: minha mãe quanto às primeiras clínicas de aborto, centro de saúde para as mulheres, depois, comitês de cidadãs, comitês de habitação; meu pai ocupou-se de cooperativas de habitação, estavam bem presentes , ambos; o dossiê no trabalho de minha mãe é disto testemunho, mas agora ela está no C.A da FFQ” (Cindy, FFQ, 26 anos)
“Sempre gostei de política, desde os 9 anos de idade. Meu pai levava-me sempre nas reuniões do comitê do Partido Liberal, comecei a gostar verdadeiramente lá, e à medida que aprendi foi como um let’s go, vamos em frente.” (Emmanuelle, 18 ans, PLQ)
“Sempre fui engajada. Tenho uma família militante, as assembléias sindicais fazem parte de minha história pessoal. [...] meu pai, militante nos anos 60[...] minha mãe, ela, participou da política municipal, trabalhou sobre a questão de emprego, da economia, sobre o mundo do trabalho, assim percebi como é a vida na política e penso que minha mãe me influenciou nisto mais que meu pai, mesmo que meu trabalho seja mais próximo de meu pai.” (Annie, 21 anos, Force Jeunesse)
1.3 Militar porque o contexto é favorável
Outro ponto comum a suas trajetórias: todas começaram a militar em um contexto político particular. Assim, para algumas jovens mulheres engajadas junto a FFQ e para algumas de associações, este comprometimento concretizou-se em um momento bem preciso no tempo, ou seja, o da Marcha Mundial das Mulheres, no outono de 2000. Esta Marcha Mundial parece ter sido um estopim, ou um catalisador de seu engajamento.
“Eu achava que era um super projeto e pensava também que era único, histórico talvez, que seria a última vez na história que as mulheres do mundo inteiro se reuniriam, e achava isto genial, mas como estava desempregada, decidi dar dois meses de minha vida à Marcha, durante dois meses não procurar emprego ou quase não faze-lo, e participar realmente deste movimento.” (Rébecca, 27 anos, FFQ).
Entre certas militantes do PQ ou do PLQ é igualmente o contexto político de sua adolescência que parece ter tido um papel importante em seu engajamento concreto, aliás, mais precoce que o das militantes feministas. Assim, o Acordo do Lago Meech, os acontecimentos em Charlottetown, bem como o referendo de 1995 [5], foram elementos importantes que levaram à ação. Da mesma forma, muitas entrevistadas de associações citaram o referendo como o momento estopim, e outras, diversos contextos, como “a semana de mundialização”:
. “Comecei meu engajamento um pouco antes do referendo. O que me chocava era ver que todo o mundo dizia ‘os jovens fazem assim”, todos iguais, isto me chocava muito. Pensei que ‘eu não ajo assim e não devo ser a única’ e já que eu me dizia isto, seria talvez importante que o dissesse aos outros” (Mélissa, 24 anos, PLQ)
“ Durante a semana da globalização, que teve início em outubro, em Seattle, na qual havia muitas conferências, fui a algumas, mas claro, fui à das mulheres, esta me interessava muito. E aí todo mundo era legal e aí disseram que gostariam de fazer um comitê permanente. É bem assim que as coisas se passaram e que, finalmente, nos encontramos em um grupo de mulheres, e tivemos o desejo de fazer um Comitê Mulheres. “ (Irène, 25 anos, SalAMI
É preciso sublinhar, enfim, um último elemento comum a suas trajetórias: para muitas jovens mulheres, foi através de um encontro ou de um convite explícito de uma/um militante, ou ainda, para seguir o exemplo de uma amiga/amigo, que elas se inscreveram como membros. Além da família, outros indivíduos interferiram, assim , no processo de socialização com o político, substituindo-a, principalmente neste tempo de juventude, em que o papel dos pares, parceiras/os ou amigas/os é particularmente importante (Muxel, 2001: 76).
1. Como Militar:
2.1. Militar por uma causa, em nome de convicções e não de uma ideologia
Como se apresentam , então, as “ maneiras de fazer” das jovens, sua prática como militantes? Pelo que se caracterizam? Essencialmente, poderíamos dizer que existe a recusa de engajamentos muito fortes, pela importância dada à liberdade de pensamento: em resumo, a defesa é de convicções e não de uma linha de partido. Seu engajamento, mesmo se passa por um grupo, não é sinônimo de uma adesão completa a esta ou aquela ideologia “em bloco”. As jovens militantes prezam sua independência de espírito, recusam um pensamento único. O que é importante para elas é, antes de tudo, uma causa mais do que um grupo, assim como os aspectos práticos da política, o trabalho de campo, mais valorizado entre elas que os grandes discursos dos políticos, considerados como a política fechada sobre si mesma ou ainda a defesa das grandes ideologias.
“As grandes causas, os grandes discursos, não me tocam muito. Sou muito terra-a-terra, pragmática, assim, se há um problema, é preciso resolve-lo.[...] Entretanto, sei que é importante, há aqueles que o fazem, melhor para eles, a mim não interessa.” (Fanny, 21 anos, PLQ)
“A maneira como trabalhamos, entre nós, é de ir diretamente às pessoas, é realmente o contacto direto, é sempre com os jovens e para os jovens, é muito mais social.” (Marion, 23 anos, JOC)
Mesmo no interior dos partidos com grandes linhas de orientação, a preferência é pela mobilização em torno de objetivos específicos, mas que podem ter um longo alcance. Neste aspecto, nossas entrevistadas não são diferentes das jovens em geral, para as quais, muitas vezes, é a vontade da ação concreta que é enfatizada (Muxel, 2001; Boy et al., 1994). É por isto que, em todas as entrevistas, a importância do que as jovens mulheres chamam de “trabalho de campo” retorna como um leitmotiv. Estas jovens mulheres se situam mais ao lado da defesa das causas, em nome de convicções, que da adesão em bloco à ideologia de um partido ou de uma associação.
Pode-se qualificar seu engajamento de distanciado, no sentido em que implica “mobilizações pontuais, com objetivos limitados, e uma duração determinada”, e privilegia “a ação direta e a eficácia imediata, mesmo restrita” (Ion, 1997: 100). De fato, mesmo aquelas que militam em estruturas tradicionais não aderem no sentido tradicional do termo: associam-se, “onde já existe o reconhecimento de um lugar, mas onde é possível uma distância.” (Ion, 1994: 36). Como bem afirmou uma dentre elas, “Há meios de se ter valores e de se crer em algumas coisas assim mesmo, de não perder sua individualidade em nome de uma linha de partido” (Célia, 20 anos, PLQ).
A recusa de uma certa unificação de pensamento, a necessidade de liberdade de palavra, a ausência, pode-se assim dizer, de uma fidelidade absoluta ao partido, tudo isto traduz as mudanças nos sentidos do engajamento político, principalmente entre as jovens; significa, com efeito, “a contestação de uma palavra de organização irredutível à expressão específica das aderentes, consideradas individualmente. O habitual era, em princípio, expressar sempre seu acordo e isto implicava em um “ nós” homogêneo, em bloco (Ion, 1994: 33).
O que se reivindica hoje é que o “Eu” seja predominante no seio do “Nós” e que possa mesmo se destacar, sair do “Nós”. Em suma, o engajamento das jovens mulheres ilustra bem a emergência de novas formas de subjetividade no campo político. É o que Dubar (2000) chama “identidade para si”, ou seja, aquela que decorre de uma
“[...] consciência reflexiva que coloca em ação ativamente um engajamento em um projeto com um sentido subjetivo [...] É, por exemplo, o engajamento político em um movimento escolhido por convicção e que constitui uma ‘paixão’. Isto diz respeito à unidade do Eu, sua capacidade discursiva de argumentar, uma identidade reivindicada e unificadora, uma identidade reflexiva.”(Dubar, 200: 11)
2.2. Militância no feminino
A prática militante destas jovens caracteriza-se também pela reivindicação de valores e seus “ modos de fazer” diferentes das dos homens. De fato, segundo várias dentre elas, a relação das mulheres e dos homens quanto ao político, assim como suas práticas concretas da política ativa, apresentariam diferenças fundamentais. As mulheres seriam mais sensíveis, com uma tendência a adotar comportamentos maternais, caracterizados pela preocupação de ajudar os outros, de compreende-los, de dar crédito aos outros membros do partido ou do grupo.
Mais ainda, não reconheceriam a dinâmica ‘guerreira’, de confronto, que prevalece na política. Suas declarações coincidem com aquelas encontradas em várias pesquisas feitas junto aos eleitos, que mostram como características próprias das mulheres a cooperação e a mediação em lugar da batalha (Tremblay, 1999), a preocupação com o detalhe e o quotidiano, a importância dada às trocas e às discussões (Conseil du statut de la femme, 1994), o gosto pelo concreto. Em resumo, as constatações giram em torno de uma prática mais humanizada, de valores e de modelos de comportamento que as mulheres encarnam além do espaço familiar (Tremblay, 1999).
“Penso que somos diferentes dos homens. Temos tendência a tomar as coisas mais no plano pessoal, os fracassos, as críticas nos afetam muito, mas penso também que, por outro lado, temos nosso lugar, temos que toma-lo pois nos pertence, penso que podemos trazer uma dimensão mais humana, menos racional, tentando ver sob um outro ângulo, mais ameno, com maior compromisso. ” (Célia, 20 anos, PLQ)
“Está claro que a maneira das mulheres e dos homens é muito diferente, pois não é... não é o mesmo gênero de visão, sobretudo em nível de coordenação. Não falaria em nível de conteúdo, somos muito mais ‘maternas’ neste sentido;[...] É uma outra diferença entre rapazes e moças, quando nos engajamos é totalmente, estamos inteiramente presentes, corpo, espírito, coração. Penso que isto acontece com mais força quando algo não funciona. Temos tanta vontade que dê certo, acho que nos damos mais.” (Émilie, 24 anos, PQ)
2.3 Militar como jovens
Finalmente, muitas jovens militantes sublinharam que suas práticas militantes eram diferentes das gerações precedentes. Elas seriam mais abertas às diversidades culturais do Québec que seus ascendentes que viviam, segundo elas, em uma sociedade monolítica deste ponto de vista. E ainda mais, estas jovens mulheres eram as filhas do divórcio de seus pais, ou mesmo as crianças que foram sacrificadas por suas carreiras; elas dariam hoje muito mais importância aos valores familiares e à vida privada em geral.
“Os homens que aqui estão, atualmente, são aqueles da antiga geração ou da geração dos divorciados, aqueles que criaram o divórcio, que o viveram, os que se divorciaram, sacrificaram suas famílias, dando muito maior importância a suas carreiras. E nós, porque somos mais jovens, vivemos estas situações e assim voltamos aos valores familiares, tanto as moças quanto os rapazes”. (Célia, 20 ans, PLQ)
Conclusão
O que reter do por que e do como estas jovens mulheres são militantes em grupos hoje? Primeiramente, para a maior parte delas, é uma conjugação de fatores pessoais, familiares e históricos o que as levou à militância. Elas apontam um contexto sócio-político particular, muitas vezes, como motivação para o desejo de militar ativamente, seja a Marcha Mundial das Mulheres, o referendo sobre a soberania do Québec, ou, ainda, por ocasião das reuniões econômicas de cúpula.
Entretanto, este último não pode ser compreendido sem mencionar os fatores que compõem a história pessoal e familiar de cada uma das entrevistadas. Assim, suas trajetórias revelam um interesse precoce pelo social, pelo coletivo, traduzindo-se em engajamentos em diferentes meios. Este interesse tem como origem, em parte, o contexto familiar no qual viveram, e principalmente, a afirmação, em casa, de valores feministas e políticos strictu sensu. políticos e feministas Enfim, além destes fatores, este tipo de explica-se também, e em primeiro lugar, pela sua crença, sua fé, poderíamos dizer assim, na idéia que cada ação individual pode transformar as coisas, agir sobre a sociedade em seu conjunto.
Nesta perspectiva, é preciso reter igualmente que o uso de uma definição tradicional da militância e do engajamento político contribui para a projeção da imagem de uma juventude apolítica e não participante, enquanto que a realidade é outra. De fato, os poucos estudos existentes confirmam que os discursos sobre o não-engajamento da juventude não se sustentam senão sobre uma concepção estreita de engajamento, referindo-se ao modelo tradicional e que é preciso estar atenta à outras formas de ação cívica. (Ion, 1997: 89). Aliás, as jovens militantes que encontramos mostram todas uma concepção ativa da cidadania e que, sobretudo, não se limita ao engajamento político estrito. Ser engajado/da, disseram algumas das entrevistadas, é uma maneira de ser, um modo de vida, que implica uma ação coerente no quotidiano, de uma vida segundo seus ideais.
Referências :
Barthélemy, M. 2000. Associations: un nouvel âge de la participation? Paris: Presses de Sciences po, 286 p.
Belloubet-Frier, N. 1997. «Sont-elles différentes ?» Pouvoirs, no.82, p. 59-75.
Borredon, A. 1997. «Les jeunes et le changement social». Futuribles, no 219, p. 5-23.
Bouamana, S. 1993. De la galère à la citoyenneté. Les jeunes, la cité, la société. Paris : Desclée de Brouwer, 172 p.
Boy, D., Muxel, A. et A. Roche. 1994. «Jeunes écologistes. Un portrait en creux.» In Engagement politique. Déclin ou mutation? Sous la dir. de P. Perrineau, p. 267-287. Paris: Presses de la fondation nationale de science politique.
Bréchon, P. 1995. «Politisation et vote des jeunes». Agora débats/jeunesse, vol. 2, 3e trimestre, p. 9-21.
Burt, S. 1986. «Different Democracies? A Preliminary Examination of the Political World of Canadian Men and Women», Women & Politics, vol. 6, no.4, p. 57-79.
Carey, J. M., R. G. Niemi et L. W. Powell. 1998. «Are Women State Legislators Different ?» In Women and Elective Office : Past, present, and Future. Sous la dir. de S. Thomas et C. Wilcox., p. 87-102. New York : Oxford University Press.
Cohen, Y. 2000. «Chronologie d'une émancipation. Questions féministes sur la citoyenneté des femmes. Globe. Revue internationale d’études québécoises, volume 3, numéro 2, p.43-64. CEVIPOF. 2001. «Crise urbaine et citoyenneté. Le rapport des jeunes des quartiers dits «sensibles» à la politique». Synthèse, 26 mars.
Conseil du statut de la femme. 1994. Femmes et démocratie de représentation. Quelques réflexions. Gouvernement du Québec, 83 p.
Dodson, D. L. et S. J. Carroll. 1991. Reshaping the Agenda : Women in State Legislatures. New Brunswick (N.J.) : The State University of New Jersey.
Dubar, C. 2000. La crise des identités. Paris: PUF, 239 p.
Guay, J-H. et R. Nadeau. 1994. «Les attitudes des jeunes Québécois face à la politique, de 1969 à 1989.» In Jeunesses et politique. Tome 1 : Conceptions de la politique en Amérique du Nord et en Europe. Sous la dir. de R. Hudon et B. Fournier, p. 221-247. Sainte-Foy : Les Presses de l’Université Laval.
Hudon, R. et B. Fournier (dir. publ.). 1994. Jeunesses et politique. Tome 1 : Conceptions de la politique en Amérique du Nord et en Europe. Sainte-Foy : Les Presses de l’Université Laval, 548 p.
Ion, J. 1994. «L’évolution des formes de l’engagement public.» In Engagement politique. Déclin ou mutation? Sous la dir. de P. Perrineau, p. 23-39. Paris : Presses de la fondation nationale de science politique.
Ion, J. 1997. La fin des militants? Éditions de l’Atelier : Paris, 123 p.
Jonas, H. 1990. Le principe responsabilité : une éthique pour la civilisation technologique. Paris : Cerf, 336 p.
Lamoureux, D. 1989. Citoyennes ? Femmes, droits de vote et démocratie. Montréal : les Éditions du remue-ménage, 195 p.
Lamoureux, D. 2000. «La démocratie avec les femmes». Globe. Revue internationale d’études québécoises, vol. 3, no 2, p. 23-42.
Lamoureux, J., Gélinas, M. et K. Tari. 1993. Femmes en mouvement : trajectoires de l'Association féminine d'éducation et d'action sociale (AFÉAS) : 1966-1991. Montréal : Boréal, 259 p.
Muxel, A. 2001. L'expérience politique des jeunes. Paris : Presses de Sciences Politiques, 190 p.
Neveu, É. 1996. Sociologie des mouvements sociaux. Paris : La Découverte, 122 p.
Pateman, C. 2000. «Féminisme et démocratie», Genre et politique. Débats et perspectives, sous la dir. de T-H. Ballmer-Cao, V. Mottier et L. Sgier, Paris : Gallimard. p. 88-121
Perrineau, P. (dir. pub). 1994. Engagement politique. Déclin ou mutation? Paris : Presses de la Fondation nationale des sciences politiques, 444 p.
Piché, L. 1999. «La jeunesse ouvrière catholique féminine : un lieu de formation sociale et d’action communautaire, 1931-1966.» <span lang=FR-CA>RHAF, vol. 52, n° 4, printemps.
Philipps, A. 2000. «Espaces publics, vies privées». In Genre et politique. Débats et perspective, op.cit., p. 397-454.
Quéniart, A. et J. Jacques. 2002. Apolitiques les jeunes femmes ? Regard sur les formes et le sens de leur engagement. Rapport de Recherche. Montréal : UQÀM/Relais-femmes/ARIR.
Quéniart, A (dir.) et É. Lachance. 1997. Les jeunes membres de la CEQ et le syndicalisme. Rapport de recherche. Montréal : UQÀM/CEQ, 73 p.
Sineau, M. 2001. Profession : femme politique, sexe et pouvoir sous la cinquième République. Paris : Presses de la Fondation nationale des sciences politiques, 305 p.
Tardy, É. (avec la coll. d’A. Bernard) 1995. Militer au féminin. Montréal : Éditions du remue- ménage, 191 p.
Thomas, S. 1992. «The Effects of Race and Gender on Constituency Service». Western Political Quaterly, vol. 45, no.1, p. 169-180.
Tremblay, M. et R. Pelletier. 1995. Que font-elles en politique? Sainte-Foy : Les Presses de l’Université Laval, 284 p.
Tremblay, M. 1999. Des femmes au Parlement : une stratégie féministe? Montréal : Les Éditions du remue-ménage, 314 p.
Walby, S. 2000. «La citoyenneté est-elle sexuée ?» In Genre et politique. Débats et perspectives, Sous la dir. de T-H. Ballmer-Cao, V. Mottier et L. Sgier, p. 51-87. Paris : Gallimard.
biografias :
Anne Quéniart é professora do departamento de sociologia da Université du Québec à Montréal. Obteve seu PhD em 1987 com uma tese sobe a experiência da maternidade, publicada por Éditions St-Martin , com o título Le corps paradoxal. Regards de femmes sur la maternité. Há mais de 10 anos divide suas atividades de ensino e pesquisa entre metodologia e o campo da família, relações sociais de sexo e engajamento político. Publicou numerosos artigos sobre as representações de maternidade e paternidade , sobre os aspectos jurídicos do divórcio, sobre o não-compromisso paterno e, mais recentemente, sobre a militância das jovens mulheres.
Julie Jacques é estudante de doutorado em sociologia na Université du Québec à Montréal. Terminou sua dissertação de mestrado sobre o sentido e as formas de engajamento político entre as militantes de dois partidos políticos. Trabalha como assistente de pesquisa no grupo de pesquisa sobre o engajamento político, dirigido por Anne Quéniart.
[1] Pesquisa em colaboração como o Serviço de Coletividades da UAM, Federação das mulheres do Québece Aliança de pesquisa IREF- Relais-Femmes.
[2] Resultados de 14 novembre 2001