labrys, estudos feministas
número 1-2, julho/ dezembro 2002
Sexualidade e Política no Começo do Séc. XX:
o caso do Movimento Internacional das Mulheres. *
Leila Rupp
Tradução: Anna Lúcia Cunha
Resumo
Nas sociedades industrializadas da arena euro-americana, as primeiras décadas do século marcaram uma transição crítica, algumas vezes adornada com o rótulo de “revolução sexual”, de um mundo de sexualidade privada para outro de sexualidade mais pública e comercializada. À medida que as barreiras entre os mundos públicos das mulheres e dos homens começaram a ser rompidas, nas décadas em torno de 1900, e que as jovens mulheres em Chicago e no Harlem, Londres e Copenhagen reivindicaram novos e assertivos direitos sobre sua própria sexualidade, definições cada vez mais rígidas de heterossexualidade e homossexualidade lançaram suspeitas sobre todo um conjunto de formas de organização e relacionamentos entre mulheres. As mulheres poderiam atravessar os limites da heterossexualidade respeitável envolvendo-se com homens fora do casamento, mas as mulheres sem homens – tanto “solteironas” quanto em casais femininos – receberam mais freqüentemente o rótulo de “desviantes”. E, como discuto aqui, esse movimento teve conseqüências para as políticas de organizações, formadas unicamente por mulheres.
Em sua autobiografia, Lena Madesin Phillips, fundadora norte-americana da International Federation of Business and Professional Women, que morou 33 anos com uma mulher, por quem ela "se apaixonou", relatou que uma colega austríaca, certa vez, indagou-lhe a respeito do grande número de mulheres solteiras na organização. "Vocês mulheres parecem bastante contentes em fazer reuniões sem homens presentes, e felizes, apesar de solteiras... Certas mulheres norte-americanas contaram-nos haver participado de um banquete esplêndido, em que tiveram “boa comida, alguns discursos e nenhum homem” – comentou a mulher austríaca, com uma perplexidade evidente. [1]
Nos mesmos círculos do Movimento Internacional das Mulheres, Bertha Lutz, membro da Brazilian International Alliance of Women, expressou sua aversão às táticas lobistas da diretora da Pan American Union, Doris Stevens, uma “mulher emancipada”, que trabalhava para um tratado internacional de igualdade de direitos, procurando o apoio de representantes homens do governo para a Pan American Union. Lutz chamou Stevens de “ninfomaníaca” e a acusou de “pagar aos representantes mexicanos com beijos... e de atrair os haitianos por meio de sua secretária francesa”. [2]
Essas observações contrastantes – sobre um mundo feminino, surpreendentemente feliz, e outro, (hetero) sexual, perturbador – alertam-nos para algumas das tensões subterrâneas que agitaram a aparentemente plácida superfície das organizações de mulheres, do começo do século XX.. Nas sociedades industrializadas da arena euro-americana, as primeiras décadas do século marcaram uma transição crítica, algumas vezes adornadas com o rótulo de “revolução sexual”, de um mundo de sexualidade privada, para outro de sexualidade mais pública e comercializada. À medida que as barreiras entre os mundos públicos das mulheres e dos homens começaram a ser rompidas, nas décadas em torno de 1900, e que as jovens mulheres em Chicago e do Harlem, Londres e Copenhagen reivindicaram novos e assertivos direitos sobre sua própria sexualidade, definições cada vez mais rígidas de heterossexualidade e homossexualidade, lançaram suspeitas sobre todo um conjunto de formas de organização e relacionamentos entre mulheres. [3].
As mulheres poderiam atravessar os limites da heterossexualidade respeitável envolvendo-se com homens fora do casamento, mas as mulheres sem homens – tanto “solteironas” quanto em casais femininos – receberam mais freqüentemente o rótulo de “desviantes”. E, como discuto aqui, esse movimento teve conseqüências para as políticas de organizações, formadas unicamente por mulheres.
A respeitabilidade sexual não era uma questão nova nos movimentos de mulheres do início do século XX – tem-se apenas que pensar nos escândalos em torno de Mary Wollstonecraft ou Victoria Woodhull – mas a atenção destacada ao sujeito lesbiano desviante transformou o contexto em que mulheres se encontravam em organizações só de mulheres. Antes da categorização de “Fêmea invertida” ou “lesbiana”, ao final do século XIX, as mulheres, nos movimentos de mulheres, podiam formar relacionamentos intensos e apaixonados mais facilmente, como “amigas românticas”, ou escolher levarem suas vidas como mulheres solteiras, sem o diagnóstico da anormalidade.[4] A pesquisa acadêmica enfatizou a importância dos relacionamentos de apoio entre mulheres, para o fortalecimento dos movimentos das mulheres.[5] Apesar de trabalhos recentes terem aberto nossos olhos para a naturalidade com que amigas românticas no século XIX, e mesmo antes, podiam transgredir a “amizade feminina normal”, assim denominada pelo advogado de defesa, no famoso caso da Senhorita Woods e Senhorita Pirie contra Dame Helen Cumming Gordon, não há dúvidas que casais de mulheres tiveram que se precaver cada vez mais, com o passar do tempo [6].
As organizações constituintes dos movimentos internacionais de mulheres fornecem um caso particularmente interessante de tais tensões, já que estas instituições passaram a existir, transformando os conceitos sobre como se apresentavam os relacionamentos entre mulheres. Estas organizações também aproximaram mulheres de uma variedade de culturas, primordialmente mulheres das classes média e alta,e oriundas da Europa Ocidental e da América do Norte. Como veremos, diferenças não apenas afetivas, mas também geracionais, de classe e nacionais – e suas complexas interações nas vidas das mulheres – moldaram respostas para as práticas nas organizações uni-sexuadas.
Minha pesquisa se concentra nos três maiores grupos transnacionais de mulheres – o International Council of Women,o International Alliance of Women, e aWomen’s International League for Peace and Freedom – e nas instituições de menor visibilidade com as quais estes três grupos interagiram em uma base regular, nos anos entre a emergência de organizações internacionais, na década de 1880, e a conclusão da Segunda Guerra Mundial, que marcou o fim da primeira onda do movimento internacional das mulheres e sua latência até a segunda vaga.
Nesse período, as três organizações permaneceram com composição e liderança fortemente elitista e euro-americana. Não só a Europa e o que foi chamado “as neo-Europas” contribuíram para todas as seções nacionais, com a exceção de uma, até 1923, como também foram as mulheres dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Europa Ocidental e do Norte, que foram suas fundadoras e diretoras. Esse padrão se perpetuou por meio das escolhas das linguagens oficiais – inglês, francês e alemão – e da localização dos congressos majoritariamente na Europa, com algumas incursões na América do Norte [7]. Apesar de as mulheres da América Latina, Oriente-Médio, Ásia e África terem, cada vez mais, conseguido voz nas organizações internacionais, depois que a Primeira Guerra abalou a dominação européia no sistema mundial, seu silêncio relativo nos debates documentados sobre sexualidade é testemunha de sua marginalidade nos círculos de amizade organizacional. [8]
O International Council of Women (ICW), o grupo mais vagamente definido, se reuniu em 1888 e acolheu todas as organizações de mulheres, quaisquer que fossem seus objetivos, trazendo um enorme número de membros, mas evitou o comprometimento com objetivos controversos.[9] A International Alliance of Women (IWSA), mais tarde conhecida como International Alliance of Women (IAW) se separou do ICW em 1904, a fim de se posicionar a favor do sufrágio, e permaneceu um corpo fortemente identificado como feminista; após as múltiplas conquistas do voto feminino nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, suas propostas originais foram minadas[10]. A International League for Peace and Freedom (WILPF), fundada em 1915 por mulheres do IWSA, que insistiram em se encontrar apesar das hostilidades do período de guerra, consistentemente adotou posições bastante radicais, em uma série de questões[11]. Os três grupos, em conjunção com várias organizações, articularam-se em escala regional, ou com grupos particulares de mulheres ou dedicando-se a questões específicas, e formaram coalizões nos anos “entre guerras”, a fim de coordenarem a ação internacional coletiva, especialmente fazendo lobby na Liga das Nações.
Os grupos transnacionais de mulheres centraram-se em questões como os direitos das mulheres, a paz e o trabalho feminino, prestando atenção mínima a questões de sexualidade, com a exceção do que chamaram de “o tráfico de mulheres”. O diálogo a respeito de sexualidade e política, assim, deve ser investigado fora das fontes mais oficiais, a partir de suposições e associações. Explorando discussões sobre diferenças entre mulheres e homens, argumentações sobre a pertinência das organizações unicamente de pessoas do mesmo sexo, assim como correspondências pessoais comecei a perceber tensões dentro das organizações internacionais que diziam respeito aos padrões de vida das mulheres enquanto indivíduos bem como seus contextos culturais respecitos , orientando suas escolhas políticas.
Amor entre pessoas do mesmo sexo, Homossocialidade e Separatismo
Nas organizações internacionais, algumas mulheres formaram casais com outras mulheres, os quais parecem ter sido relacionamentos “lésbicos” ou de “amigas românticas”, e, às vezes, relacionamentos em que uma mulher servia de protetora para a outra. Algumas mulheres nunca tiveram relacionamentos íntimos seja com outras mulheres ou com homens. Nenhuma pode ser facilmente categorizada, mas, de uma forma ou de outra, todas viveram suas vidas com outras mulheres.
Não temos dados diretos de nenhuma mulher envolvida no movimento internacional de mulheres ser identificada como lésbica, mas o conceito de lesbianismo não era desconhecido em seu mundo intelectual. Já em 1904, em um discurso ao Scientific Humanitarian Committee, o pioneiro grupo alemão de direitos homossexuais, Anna Ruhling associou lésbicas (“mulheres uranianas”, na terminologia daquele tempo) ao movimento internacional de mulheres, defendendo que a mulher homossexual é particularmente capaz de exercer um papel de liderança, no movimento internacional do direito das mulheres pela igualdade. [12] E, de fato, do começo do movimento das mulheres até os dias presentes, um número significativo de mulheres homossexuais assumiu a liderança em numerosas lutas, e, por meio de sua eficiência, despertou as “naturalmente” indiferentes e submissas mulheres medianas para a consciência de sua dignidade e seus direitos. [13]
De acordo com Mineke Bosch, ao identificar lésbicas no movimento internacional de mulheres, as pessoas que Ruhling mais tinha em mente eram as ativistas alemãs Kathe Schirmacher, Anita Augspurg, e Lida Gustava Heymann. Schirmacher e sua parceira, Klara Schleker, foram, como diz Ilse Kokula em sua antologia sobre a homossexualidade feminina na Alemanha, “o único casal lésbico conhecido no primeiro movimento alemão de mulheres”[14]. Já a participante holandesa da IWSA, Martina Kramers, se referiu, em 1913, a rumores sobre o homossexualismo de Augspurg, bem como o de Schirmancher. [15]
É evidente que as mulheres, no movimento internacional das mulheres, possuíam alguma familiaridade com o discurso da “homossexualidade”, que emergia ao final do século XIX. A líder holandesa da IWSA e fundadora da WILPF, Aletta Jacobs, pode ser destacada como uma das mais progressistas em relação à questão sexual e reconheceu, não só a natureza sexual das mulheres, como também a possibilidade do lesbianismo. Escreveu a Rosika Schwimmer, em 1905, sobre a relação que acreditava existir entre o uso que Schwimmer fazia da morfina e seus desejos sexuais reprimidos e esperava que Schwimmer, um dia, pudesse lhe dizer: ”encontrei uma boa amiga, e agora posso dizer se sou sexualmente normal ou anormal”. [16]
A médica dinamarquesa J. A. Leunbach discutiu com Jacobs sobre a World League for Sexual Reform, fundada pelo ativista de direitos homossexuais Magnus Hirschfeld, e solicitou seu “valioso nome” para a organização[17]. Discussões nos círculos do movimento internacional das mulheres, das fairies, sobre a utilização dos termos “queer” e “perversão sexual”, com referência a mulheres “másculas” e mulheres que “circulavam juntas, em Haia, com cabelos bem curtos e vestidas de forma masculinizadas”, bem como a respeito de uma descrição da paixão de uma colegial “como adoração de sua heroína... mas não havia nada de sórdido ou exagerado naquilo”, sugerem que pelo menos as mulheres européias possuíam alguma familiaridade com o trabalho de sexólogos. [18]
Apesar desses usos depreciativos, as mulheres do movimento aceitavam relacionamentos de casais de mulheres, concebendo-os como amizades românticas ou como “casamentos de Boston”, mais do que como casos de amor lesbianos. Anita Augspurg e Lida Gustava Heymann formaram um desses casais, no círculo das mulheres internacionalmente organizadas. Augspurg, líder da ala radical do movimento alemão de mulheres e primeira mulher advogada do país, conheceu Heymann em uma conferência internacional de mulheres em Berlim, no ano de 1896, e Lida libertou-se da vida de filha de um rico mercador de Hamburgo para se tornar assistente social e organizadora de um sindicato. Em suas memórias, Heymann descreve sua primeira impressão sobre a mulher com a qual viveria por mais de 40 anos. Atenta à poderosa voz de Augspurg, viu-a em uma conferência, em um vestido de veludo marrom. “Cabelos curtos já grisalhos emolduravam sua testa, e dois penetrantes olhos brilhavam. Um perfil impetuoso contrastava marcadamente, mas não desarmoniosamente, com uma encantadora boquinha, queixo e pequenas orelhas”. [19]
Obviamente, esse foi um encontro momentâneo, e a descrição física indica uma espécie de “amor à primeira vista”.
Apesar de terem decidido não viver juntas, rapidamente quebraram a promessa. “A cada ano nos aproximávamos mais”, Heymann escreveu, “nossa amizade se aprofundou e nos fez perceber que não apenas em questões de Weltanschauung... mas também em todos os acontecimentos de nosso cotidiano... permanecíamos em uma grande harmonia”. Mudaram-se para o interior, onde iniciaram uma série de ambiciosos e bem-sucedidos empreendimentos agrícolas, atividade incomum para duas mulheres. Em conseqüência disso, relataram que seus vizinhos camponeses da Alta Bavária as olhavam com suspeita. Na seção de suas memórias, intitulada “Vida Privada”, Heynmann afirmou que “causava inveja e ódio aos fazendeiros que duas ‘vagabundas de saia’ fossem bem-sucedidas, criativas e felizes em organizar suas vidas, de acordo com suas próprias vontades e inclinações”. Um dia, um negociante de gado veio com propostas de casamento para as duas mulheres, explicando que a fazenda era esplêndida e que faltava apenas um homem. “Custou muito esforço para permanecermos sérias e esclarecermos para o homem o quanto seu desejo era sem sentido. Assim que ele saiu, nós morremos de rir”, comentou Heymann[20].
Como fica evidenciado nessas descrições, Heymnann e Augspurg se apresentavam sem constrangimentos como um casal, em público, no dia-a-dia, e foram assim tratadas no movimento de mulheres. Correspondentes regularmente tanto enviavam quanto recebiam mensagens das duas mulheres. Heymann enviou "cumprimentos carinhosos de nós duas" a Rosika Schwimmer em 1919; "espero que você e Dr.ª Augspurg não estejam cansadas demais, após estes dias árduos de Viena," uma amiga escreveu em 1921. Quando a seção alemã da WILPF emitiu uma tradução do relatório do congresso de 1924 uma fotografia de Heymann foi substituída por outra, em que as duas mulheres estavam juntas, porque, de acordo com Heymann, "nossas participantes alemães assim o preferem"[21]. Augspurg e Heymann ficavam em quartos tipo “duplo” quando participavam de congressos, recebiam amigas do movimento em sua casa, e possuíam uma vida feliz de família: "a viagem de volta foi boa, e encontrei Anita e nosso cão em boas condições de saúde", Heymann escreveu à líder francesa Gabrielle Duchene, da WILPF, em seu retorno de uma viagem a Paris[22]. Quando Heymann planejou viajar a Genebra para uma reunião, em 1930, uma mulher da equipe da WILPF relatou: "ela está vindo sem a Dr.ª Augspug, o que é inacreditável!"[23]
Heymann e Augspurg gozavam férias no Mediterrâneo, em março de 1933, quando Hitler ocupou o poder na Alemanha. Por serem pacifistas e feministas, fizeram-se inimigas dos nazistas e nunca retornaram a sua terra natal. Embora, desta forma, tenham permanecido fora das garras dos nazistas, o regime apreendeu todas as suas propriedades, incluindo seus livros e papéis pessoais, advertindo suas amigas da WILPF para não tentar ajuda-las. Clara Ragaz, vice-presidente suíça da WILPF, esperando arranjar hospitalidade no quartel general de Genebra, comentou sobre Augspurg, que sofria de doença do coração, "é um tempo muito difícil para sua amiga – e, naturalmente para ela mesma". Quando Heymann morreu, em junho de 1943, a norte- americana Emily Greene Balch esforçou-se para levantar fundos, a fim de ajudar a amiga de longa data e colega de trabalho de Heymann “..., por quem tinha se dedicado tão devotamente”. Porém, Augspurg não viveu por muito tempo. "Você notou que Lida Gustava Heymann e Dra. Anita Augspurg morreram em um intervalo de poucas semanas?" Rosika Schwimmer perguntou a uma amiga. [24]
Augspurg e Heymann encontraram um outro casal bem conhecido, a fundadora da Hull House e presidente da WILPF, Jane Addams, e Mary Rozet Smith, no curso de seus trabalhos, no movimento internacional de mulheres. As mulheres alemãs apreciaram a hospitalidade de Addams e de Smith quando foram aos Estados Unidos para o congresso da WILPF, em 1924 e em 1929. Heymann e Augspurg enviaram a Addams "e à senhorita Smith, lembranças carinhosas." [25]
Assim como o casal alemão, Addams e Smith se correspondiam, faziam reservas para quartos “duplos” quando viajavam e cuidavam uma da outra, embora essa responsabilidade caísse mais pesadamente sobre Smith: Addams "sofreria com a sua ausência", escreveu a participante britânica da WILPF, Mary Sheepshanks, à Smith quando esta estava doente demais para viajar à Europa, em 1929. Smith, que Addams descreveu a Heymann como sua "amiga mais íntima” inspirou grande entusiasmo em colegas de Addams[26]. "Você beijará sua cara amiga, senhorita Smith, para mim e lhe dirá que, tanto em noites em claro como em sonhos, eu a vejo diante de mim como um anjo bom", escreveu Aletta Jacobs, em 1915. "A lembrança que tenho dela é a de uma das mulheres mais meigas que eu já conheci”, adicionou Jacobs, quatro anos depois. E, ainda mais extravagantemente, Jacobs concluiu, em 1923, que "eu sempre a admirei e, fosse eu um homem, teria me apaixonado por ela". É interessante que Jacobs, uma progressista em matéria de sexualidade, que reconhecia e aparentemente aceitava o lesbianismo, tenha expressado sua admiração de um ponto de vista heterossexual[27].
Se os relacionamentos de Heymann e Augspurg, e de Addams e Smith, se encontravam no limite da fronteiras entre o lesbianismo e a amizade romântica, o cuidado de Smith, com sua parceira, ilustra este devotamento por parte de uma mulher em relação à outra, tão bem descrito por Karin Lutzen, em seu livro sobre amizade e amor entre mulheres. [28]
O relacionamento entre mulheres mais velhas e mais jovens, entre aquelas mais ou menos poderosas, obscurecia, a um olhar exterior, a ligação de amor que existia. O relacionamento entre Anna Howard Shaw, pastora americana, oradora carismática e líder internacional, e Lucy Anthony, uma sobrinha de Susan B. Anthony, idolatrada por Shaw, encontra-se nesta categoria. Anna H. Shaw tinha a fama, nos círculos das sufragistas, de ter "ligações fortes e apaixonadas com outras mulheres", sendo que algumas dessas ligações “acabaram de forma bastante turbulenta”[29]. Anna H. Shaw descreveu seu “permanente amor pela casa e pela vida do lar”, em sua casa de campo, Moylan, a qual compartilhava com Lucy Anthony. Quando Anna H. Shaw caiu e quebrou seu pé e Lucy Anthony, ao mesmo tempo, fraturou seu cotovelo, Anna Shaw chamou-as de “um casal quebrado”. Contudo, Aletta Jacobs via Anthony como “secretária, amiga e governanta” de Shaw, uma vez que Anna Shaw lhe pagava um salário. Lucy Anthony referiu-se a Anna Shaw, após sua morte, como "meu amor precioso" e "a alegria de minha vida"[30].
O mesmo ocorreu no relacionamento entre a presidente da International Woman Suffrage Alliance, Carrie Chapman Catt, e a líder nova-iorquina pelo sufrágio, Mary Garrett Hay. A reserva de Catt e sua distância em relação a demonstrações públicas – uma amiga íntima comparou- a a “um frio fervido linguado”– podem ter obscurecido a realidade de seus relacionamentos, ou o fato de Catt ter se casado por duas vezes, pode ter conduzido o observador – como ocorreu com acadêmicos – a menosprezarem seus laços com mulheres[31]. Mas, Catt nem mesmo viveu integralmente com seu marido, quando este ainda era vivo, e quando ele morreu, Catt e Hay passaram a viver juntas. Embora Hay, assim como Catt, fosse abastada, de acordo com Shaw "parece que ela tomava sozinha o encargo de quase todos as responsabilidades domésticas”. Contudo, Hay era mais do que uma empregada. A participante holandesa da IWSA, Martina Kramers, se referiu a ela, cinicamente, como "a eterna Hay", maravilhada com o fato de não estar acompanhando Catt em uma viagem à Europa. Bastante autoritária, Hay não era popular nos círculos internacionais. Shaw, que a detestava, imaginava que “o poder de Hay sobre Catt aumentava a cada dia”. Shaw não compreendia como Catt sentia vontade de se relacionar, como amiga íntima, com uma mulher tão comum e “uma criadora de casos[sic]". Martina Kramers concordou com a descrição de Shaw, mencionando Hay como "uma fonte permanente de desavença”. Mas Shaw "pensou não existir possibilidade de aquele caso terminar”. A norte-americana Rachel Foster Avery concluiu que Hay “realmente amava” Catt, em 1910, e, quando Catt morreu, em 1947, foi enterrada, a seu pedido, não junto de seus dois maridos, mas ao lado de sua “inesquecível amiga e companheira” Hay. [32]
Mais ambivalente, porém seguindo um padrão similar, era o relacionamento de Emily Greene Balch, professora de Wellesley, diretora da WILPF e vencedora do prêmio Nobel da Paz, com sua amiga de infância, Helen Cheever. Balch, como Catt, era uma mulher reservada; descreveu sua educação ianque como valorizando "a moderação não só da expressão das emoções, mas também das emoções em si". Cheever era uma mulher rica, sustentava financeiramente Balch e com ela queria viver permanentemente. Mas Balch, que admitiu que tanto amava quanto se irritava com Cheever, recusou. Talvez, escreveu ela a sua irmã, sua recusa tenha sido resultado do fato de Cheever "me dar mais amor do que eu posso digerir"[33]. Contudo, quando Balch estava em Genebra, como secretária internacional da WILPF, suas colegas de trabalho avidamente anteciparam, por demanda de Balch, uma visita de Cheever. "Eu acho que ela está com saudades e seria muito bom se sua amiga da América viesse logo para fazer-lhe companhia e também para cuidar de sua saúde física", confiou Lida Gustava Heymann a Jane Addams. Três anos depois, Cheever quis renunciar a seus escritórios, na seção da WILPF norte-americana, a fim de ir a Genebra onde "minha utilidade à W.I.L. se resumirá a ficar com Balch."[34]
Emily Greene Balch resistiu a fazer parte de um casal de mulheres e se identificava como uma mulher solteira. Na apresentação de um diário de 1904, descreveu-se como feliz perdendo, porém, "a esfera mais profunda da vida," "não somente solteira, mas virgem em minhas emoções, nunca tendo amado ou sido amada." "O amor intenso das crianças, o instinto para a criação de um lar, a preferência pela companhia de homens a de mulheres – tudo isso se fez sentir apenas quando minha trajetória de vida se estabeleceu irrevogavelmente”, escreveu em um documento intitulado "Confissões de uma mulher profissional". E, em resposta ao exame de Jane Addams sobre o novo fenômeno da mulher profissional solteira, Balch escreveu em sua autobiografia, Second Twenty Years at Hull House, que tais mulheres devem ter perdido as experiências mais preciosas, mas que "não há nenhuma evidência de que elas mesmas ou aqueles que melhor as conheciam encontrassem nelas a anormalidade pela qual psicanalistas freudianos teriam procurado”. As mulheres solteiras consideravam isto estranho, disse ela, estimando que "tudo o que não concerne ao jogo de desejos entre homens e mulheres é sem emoção" [35].
A defesa pública das mulheres solteiras pode ter se originado quando surgiu a suspeita de que as mulheres, vivendo sem homens, poderiam ter desejos pervertidos, ou pode simplesmente ter sido provocada por suposições populares de que essas mulheres não tinham nenhuma ligação íntima. Em uma antologia alemã, de 1931, sobre as mulheres modernas profissionais e solteiras, Elisabeth Busse explicou que tais mulheres não eram "amazonas", “invertidas” ou "homossexuais”, embora "convivessem em uniões de mulheres" [36].
Assim, não é de se surpreender que a secretária do ICW, Alice Salomon, uma judia alemã, pioneira no mundo da assistência social, que nunca se casou, tenha pedido desculpas, em sua autobiografia, por “esse livro poder às vezes parecer um livro sobre mulheres, de forma tal como se eu tivesse vivido em um harém”. Realmente, assegurou a seus leitores, “eu sempre tive homens e mulheres, velhos e novos, ricos e pobres, e , às vezes, famílias inteiras como meus amigos". Mas, de fato, Salomon viveu sua vida em um mundo de mulheres pela reforma social e no movimento de mulheres. Sentiu-se aparentemente compelida a explicar porque nunca se casara, afirmando que o trabalho "me desviou de minha formação" e "me fez relutante em formar uma união que não pudesse combinar o amor com interesses e convicções comuns"[37].
No boletim de outubro, de 1932, do ICW, Salomon publicou uma defesa das mulheres solteiras, a primeira geração de mulheres independentes e que tinham uma carreira. Reconheceu que a cadeira de Psicologia havia modificado as atitudes em relação às mulheres solteiras – que continuavam consideradas desviantes pelo solteirismo – mas cita uma mulher "de fama internacional", mostrando que as solteiras "estão vivas, ativas, e participam inteiramente na vida moderna, por meio de milhares de outros interesses". De forma semelhante, Lena Madesin Phillips reconheceu: "levar a vida como um velha solteirona... foi considerado algo deplorável"; insistiu, entretanto, que não tinha "nenhuma queixa, nenhum pesar, nenhum medo", por não ter se casado, mas de ter vivido sua própria vida como um casal de mulheres. Helen Archdale, uma advogada britânica pela igualdade de direitos, ativa na arena internacional, reagiu irritada à união de Doris Stevens, aparentemente aprisionada, após seu segundo casamento. "O que você diz sobre os efeitos benéficos do casamento, na vida de alguém, deixa-me perplexa. Porque as solteironas deveriam ser tristes?" Archdale dividiu um apartamento, em Londres, e uma casa de campo com Lady Margaret Rhondda, outra ativista internacional, na década de 1920, período depois do qual "se distanciaram muito"[38]. Tais respostas defensivas e desconfiadas, em relação à vida sem homens, refletem o poder da visão em que o casamento era tido como a única alternativa saudável para mulheres.
Nas primeiras décadas do século XX, portanto, além dos quadros do lesbianismo, da amizade romântica, do devotamento pessoal e vida de solteira, existiram outras escolhas para as mulheres, em suas histórias pessoais. As organizações unicamente de mulheres ofereceriam um porto seguro atraente para aquelas que viveram suas vidas com outras mulheres, quaisquer que fosse a natureza de seus laços. Mas, em um contexto em que a homossociabilidade freqüentemente carregava uma aura de desvio, o desejo de trabalhar e viver sem homens cresceu.
Quase todas as participantes das principais organizações internacionais de mulheres aceitavam – ou não levantavam objeções públicas em relação a – uma ideologia da diferença fundamental entre mulheres e homens[39]. A noção da diferença sustenta aquilo que chamamos de "política maternalista" – a construção de posturas públicas sobre a formação dos papeis biológicos e sociais das mulheres, como mães[40]. Porém, entre as mulheres não envolvidas em relacionamentos íntimos com homens, a crença no valor feminino – leia-se valor superior – conduziu a um sentido diferente: à expressão comum de sentimentos contra homens, tanto na vida pública quanto na privada. Lida Gustava Heymann e Anita Augspurg tentaram, ao máximo, empregar somente mulheres para o gerenciamento de sua fazenda, e Heymann contrastou a satisfação que sentiam com suas empregadas mulheres ao descontentamento com um administrador homem: “Vaidade, seu nome é homem!" proclamou. "O julgamento habitual defende, claro, que o sexo feminino é dominado pela vaidade, mas esta afirmação habitual é um erro e contradiz a lei de natureza entre seres humanos e animais". [41]
De forma semelhante, Anna Howard Shaw lidava pouco com homens em sua vida privada. Em relação ao braço quebrado de Lucy Anthony, que nunca se recuperou totalmente, Shaw anunciou que se uma médica mulher tratasse Anthony, tudo teria funcionado perfeitamente. Durante a Primeira Guerra Mundial, Shaw queixou-se dos "peritos homens", que desperdiçavam "milhões de dólares no fumo e na bebida", enquanto recomendavam às esposas apertar os cintos. "Estou convencida de que homens nunca crescem e que, de toda as criações animais, são os menos capazes da razão"[42].
Tais perspectivas difundiam-se no trabalho do movimento internacional das mulheres, reforçadas especialmente com a comum associação dos homens à guerra e das mulheres à paz. A deflagração da Primeira Guerra Mundial desencadeou uma série de proclamações contra os homens. Shaw declarou "que a loucura e a barbárie da guerra eram impensáveis" e proclamava, expondo sua baixa estima em relação aos homens, que "eu não tenho mais nem a metade do respeito que costumava ter em relação ao julgamento dos homens ou ao seu senso comum, uma vez que são tolos o bastante para matar e serem mortos, sem saber o porquê". Heymann condenou “as mentiras, o ódio e a violência" dos homens no congresso da WILPF, em 1919, afirmando que a guerra "nunca viria à tona, tivéssemos nós, as mulheres, mães do mundo, tido oportunidade de ajudar a governar os povos e participar da vida social das nações". No congresso da WILPF, em 1934, Augspurg denunciou o "mundo dos homens" como "construído sobre o lucro e o poder, baseando-se em adquirir riqueza material e em oprimir os povos". As mulheres "seriam capazes de construir um novo mundo, o qual produziria o suficiente para todos". De acordo com Carrie Chapman Catt, "todas as guerras são guerras de homens. A paz já foi realizada por mulheres, mas guerra nunca"[43].
A defesa de organizações separatistas, logicamente, emanou de tais suposições sobre a superioridade moral das mulheres e sobre sua eficácia potencial para criar um mundo pacífico. Não é que as mulheres, que constróem vidas longe dos homens, nunca tenham se associado ou trabalhado com eles – tanto Lida Gustava Heymann quanto Jane Addams, por exemplo, participaram de partidos políticos – porém, parece que tendiam a valorizar o mundo das mulheres dos movimentos de mulheres. Contudo, poucas mulheres, no movimento internacional, defenderam explicitamente a prática do separatismo. Emily Greene Balch parecia preferir trabalhar com mulheres, mas sentia que a WILPF deveria considerar a admissão de homens. No primeiro ano após o congresso de Haia, escreveu que "meu interesse e opinião na nossa organização de mulheres são tão fortes quanto sempre foram". A WILPF debateu o engajamento no separatismo, no começo da década de 1920, mas decidiu permanecer uma organização composta somente por mulheres, em nível internacional; no processo, fez circular um panfleto que explicava as razões para a exclusão dos homens, um dos únicos documentos públicos que defendia a prática do separatismo. Balch parece ter se forçado a considerar o mergulho em um “corpo internacional pela paz composto por homens e mulheres” porque "eu realmente odeio e temo a dedicação a uma organização como um fim em si mesmo”[44].
Dada a persistência de todos os grupos unicamente compostos de mulheres, a falta da defesa vigorosa do princípio do separatismo é curiosa. Contudo, tal silêncio fala. É possível que tal necessidade nunca tenha ocorrido àquelas, há muito envolvidas na organização de grupos só de mulheres. Porém, uma vez que a questão de se admitir homens realmente surgiu, é possível que o silêncio tenha sido um sinal do constrangimento que assolou as associações tradicionais, formadas somente por mulheres, em um mundo cada vez mais hetero-social. Ficou bem claro que as inclinações para o separatismo permaneceram fortes, como mostra a apologia de Eva Fichet, participante da seção de gênero-misto da WILPF de Tunis, que planejou trazer seu marido, que também era membro, ao congresso internacional de 1934. Notando que "sua presença ofenderia algumas de nossas colaboradoras", ela prometeu que "ele somente faria aparição em reuniões públicas, se houvesse alguma". Ainda, os comentários da sufragista britânica e membro da WILPF, Catherine E. Marshall, que nunca se casara, se destacam nos registros do movimento internacional das mulheres: "É sempre um prazer encontrar companheiras de trabalho mulheres.... Eu realmente prefiro as mulheres! Como se diz: quanto mais homens conheço, melhor é meu conceito sobre as mulheres!"[45]
Tais sentimentos expressaram a convicção de que as mulheres tinham mais em comum umas com as outras do que com homens e marcam a tendência a construírem, tanto a vida pessoal como a profissional, com outras mulheres.
Heterossexualidade e Convivência com os Homens
Algumas mulheres do movimento internacional tiveram vidas conjugais tradicionais, enquanto outras cultivaram formas pouco convencionais de relacionamentos heterossexuais. O modelo de mulher líder, casada com um marido colaborador, possuía grande estima, mas a heterossexualidade não-ortodoxa perdeu a respeitabilidade muito mais do que os relacionamentos de casais de mulheres, e, consequentemente, começou a ser vista com desaprovação. Essa diferença, provavelmente, reflete a mudança de geração que separava as mulheres, predominantemente mais velhas, do movimento internacional das mulheres, de colegas mais novas, mais blasées a respeito da expressividade heterossexual e mais em sintonia com as possibilidades sexuais entre mulheres.
Lady e Lord Aberdeen, aristocratas escoceses, foram, sem dúvida, o casal mais enaltecido nos círculos do movimento internacional das mulheres. O ICW regularmente mencionava-o como exemplo de casal comprometido com o mesmo trabalho, apesar de Lord Aberdeen não ter nenhum papel na organização. Assim que chegaram ao 50.º aniversário de casamento, em 1927, suas admiradoras, no ICW, solicitaram contribuições para a compra de um presente, um automóvel, e a primeira página do boletim de ICW exibiu, na capa, uma fotografia do feliz casal, ao lado de sua nova e reluzente propriedade[46]. A devotada amiga de Lady Aberdeen, Alice Salomon, descreveu o casamento como moderno e ideal e afirmou que o ICW era matéria de interesse, tanto para Lord quanto para Lady Aberdeen. A própria presidente do ICW admirava “o apoio nunca hesitante de seu marido...e sua confiança no ICW", o que possibilitou todas as suas realizações. Emma Ender, presidente da seção alemã do ICW, respondeu que sabia, de sua própria experiência, "o que significa viver ao lado de um homem que compreende totalmente e apoia o trabalho que assumimos". Mesmo após a morte do Lord Aberdeen, Lady Aberdeen referiu-se "à benção inestimável dos maridos que apoiam nossa participação em todas as esferas da vida, trabalho e responsabilidade"[47].
Aletta Jacobs, a primeira médica mulher dos Países Baixos e uma líder internacional, e seu marido, Carel Victor Gerritsen, também atraíram atenção favorável, como um casal modelo, no movimento internacional das mulheres. Jacobs ingressou no casamento, apesar de perceber toda a injustiça da instituição, em respeito à carreira política de seu marido e devido ao desejo mútuo de terem um filho. Descreveu Gerritsen como "feminista desde o princípio", e, quando se casaram, ela manteve seu nome de solteira e os dois mantiveram quartos separados, na casa que compartilhavam. Gerritsen realmente assumiu a causa de Jacobs, não somente a apoiando, como também discursando em favor do sufrágio feminino[48]. Anna Howard Shaw, conhecida como uma não admiradora dos homens, colocou Gerritsen na sua lista dos seis homens "de quem eu digo, muito freqüentemente, que provaram que é possível ser tão feliz casado quanto solteiro". Rosika Schwimmer planejou escrever sobre Jacobs e Gerritsen, em seu livro sobre ideais de casamento e casamentos ideais, embora a versão final, publicada em alemão, não mencionasse nada sobre o casal, aparentemente porque Jacobs não aprovou o que Schwimmer disse.
Quando Gerritsen morreu, em 1905, uma amiga escreveu a Jacobs a fim de expressar sua compreensão de quão difícil era “ser privada da companhia de seu caro marido, pois vocês eram muito harmoniosos, em todos os seus gostos e pensamentos"[49].
Um outro marido que apoiava sua mulher, embora nunca tivesse pensado no voto feminino antes de conhecer a família de sua esposa, foi casado com Margery Corbett Ashby, presidente da IWSA/IAW de 1923 a 1946. Brian Ashby às vezes participava de congressos internacionais com ela; e quando não o fazia, Margery lhe escrevia regularmente, submergindo-o com suas preocupações e vitórias e declarando o amor que sentia por ele e pelo filho. Do congresso de Paris, em 1926, escreveu-lhe: "meu caro amor, não sei o que fazer sem você e nosso querido filho. Em todos os momentos, de crise e de triunfo, me equilibrei pensando em você e nele, em vocês e em tudo o que significam para mim, e nos olhos dele, que olham assim tão confiantemente para os meus, pensando que sou perfeita. Porque, honestamente, sem vocês dois eu ficaria desesperadamente assustada." O filho deles, quando cresceu, descreveu o casamento de ambos como uma parceria complementar, cada um "realmente feliz porque o outro existia"[50].
Madeleine Doty, secretária internacional da WILPF, na década de 1920, teve um casamento bem menos convencional com o co-fundador da American Civil Liberties Union, Roger Baldwin, e, talvez por isso, Doty parece ter conseguido menos apoio de suas colegas de trabalho. Doty, advogada e mulher independente, que viveu em Greenwich Village, candidatou-se a um emprego em Genebra, porque Baldwin estava tirando um ano de licença, e planejou viajar, deixando-a “livre para fazer o que quisesse”. Quando ela deixou Genebra e seu trabalho para visitá-lo na Inglaterra, em 1927, relatou que a equipe de funcionários/as da matriz era "muito rigorosa", mas Doty imaginava "quão boa a matriz seria se suas funcionárias não vissem seus maridos há 15 meses." As visitas de Baldwin aos centros da WILPF fizeram Doty observar que "a Maison tem uma atmosfera feminina demais". "Ele certamente fez aqui ficar mais alegre e nós decidimos que um ou dois homens são necessários nesta casa de mulheres”, escreveu Doty a Jane Addams[51].
Apesar de seu compromisso com uma organização inteiramente de mulheres, parece que Doty preferia o trabalho em um ambiente misto. Tanto "mulheres novas", como Doty, quanto mulheres de uma geração mais velha, como Aberdeen, as mulheres que viveram e trabalharam , lado a lado com homens, talvez tenham tido mais dúvidas sobre o separatismo como a melhor forma de se organizar.
De fato, as líderes casadas falavam abertamente pela defesa da cooperação entre os gêneros. No seu discurso como presidente da organização, de 1899, Lady Aberdeen referiu-se às organizações unicamente de mulheres como "um recurso provisório para atender a uma necessidade provisória" e esperava que não fosse permitida "sua cristalização como um elemento permanente na vida social". A presidente sucessora, a norte-americana May Wright Sewall, também casada, concordou: "a idéia do conselho não é a da separação entre mulheres e homens, mas sim a reunificação de ambos na consideração de grandes princípios gerais e interesses públicos”. Em uma entrevista em 1976, Margery Corbett Ashby explicou que o objetivo das organizações de mulheres era eliminar a necessidade de organizações de mulheres, embora admitisse que seria difícil para as participantes mais aguerridas aceitarem isto[52].
A queixa de Doty sobre a falta de compreensão de suas colegas, quanto à sua necessidade de deixar o trabalho para ir ver o marido, sugere que nem todas as ligações heterossexuais mereceram a bajulação que tinha a da Lady Aberdeen. As mulheres entendiam que aquelas envolvidas demais – ou em relacionamentos impróprios – com homens atraíam duras críticas. Martina Kramers, que manteve uma relação longa, mas pouco convencional, com um homem, enfrentou a censura de Carrie Chapman Catt, em 1913. Bobbie, a quem Kramers chamou de "marido canhoto", era socialista e um homem casado, cuja esposa se recusava a dar o divórcio. Como presidente do IWSA, Catt escreveu a Kramers a fim de aconselhá-la a renunciar ao cargo de editora do jornal da organização, o Jus Suffragii, porque suas "transgressões morais" tinham provocado o "horror e a repugnância" das participantes americanas da IWSA. Kramers reagiu com desafio e ceticismo, recusando-se a desistir ou de seu homem ou de seu trabalho e afirmando a Catt que não era uma "propagandista do amor livre". Também igualou, implicitamente, a quebra de convenções, apesar de aceita, da parceira de Catt, comparando sua situação “aos exemplos de Anita Augspurg, Kathe Schirmacher e Sr. Stanton Coit, que foram acusadas/o por bisbilhoteiros de manterem relações homossexuais". Ofereceu a Catt e a eles "uma resposta que efetivamente silenciaria pessoas intrometidas". Mas não adiantou. Catt conseguiu, como Kramers expôs, "me expulsar de todo o movimento", mudando o escritório do Jus Suffragii para Londres e nomeando uma nova editora. O que realmente feriu Kramers foi o apoio de sua conterrânea, Aletta Jacobs, a Catt. Uma defensora "neo-malthusiana" do controle de natalidade espalhou boatos que Kramers “antegozou o casamento e praticou aborto”. Jacobs tinha, mesmo antes de 1913, começado a agir, de acordo com Kramers, "como se fosse a mais pura esposa de filisteu", "tão respeitável e disciplinada que poderia estar no parlamento". [53]
Pouco antes dos conflitos sobre a moralidade de Kramers, um escândalo semelhante aconteceu no movimento alemão de mulheres e se espalhou nos círculos internacionais. Desavenças na German League for the Protection of Motherhood, a associação principal pela reforma sexual progressista, levaram a revelações sobre o "casamento aberto" de Helene Stocker e um de seus principais aliados homens, Bruno Springer, e sobre contra-acusações de Stocker à sua adversária, Adele Schreiber-Krieger, que também dormia com seus colaboradores homens. [54]
Como resultado deste caso, Aletta Jacobs relatou com repulsa a Rosika Schwimmer que "a dr.ª Stocker se comportou em Haia assim como se comportava em toda parte, sempre se grudando em um dos homens", também sugerindo, talvez, a dependência excessiva em relação ao sexo masculino.[55]
A heterossexualidade descomedida transformou-se, também, em uma questão na Inter-American Kcommission of Womenden, como vimos. Doris Stevens atacou Bertha Lutz, uma mulher solteira que se autodenominava “filha” de Catt, não somente chamando-a de ninfomaníaca, como ainda "psicopata louca por sexo" e "mulher mentalmente perturbada”. De fato, Stevens se envolveu em casos heterossexuais, fora do casamento e, em seu trabalho para a Inter-American Commission of Women, flertou com diversos diplomatas latino-americanos. Longe de se sentir envergonhada por tais relações, observou que era bem provável que as mulheres e os homens, ativos na política, concluíssem que "a ligação pessoal profunda se realiza na forma do amor heterossexual." Na conferência de Montevidéu da Pan American Union, em 1934, Lutz acusou Stevens de deixar "em muitos homens latino-americanos a impressão de que as feministas são como as mulheres gregas que compartilharam da vida e da vida livre dos homens de Atenas". Dois anos depois, na conferência de Buenos Aires, Lutz emitiu a opinião de que Stevens “envergonhara todas as mulheres”[56].
Em todos estes casos, as mulheres não só expressaram fortes críticas sobre os comportamentos que evidentemente, consideravam vergonhosos, mas também vinculavam os relacionamentos heterossexuais aberrantes ao trabalho político com homens e condenavam a ambos. Kramers tinha se associado ao partido socialista, sob a influência de Bobbie, em 1912, e lutou internamente por seus princípios feministas. Já em 1908, percebeu que Aletta Jacobs desconfiava de que ela se tornava mais ligada ao socialismo do que ao feminismo, de acordo com as declarações de Bobbie[57]. O conflito na German League for the Protection of Motherhood envolveu também a combinação de ligações sexuais com alianças políticas. E Doris Stevens fez sua reputação – e é necessário interpretar este termo –, no seio do movimento internacional das mulheres, como abertamente advogando ambas as formas: trabalhar e “brincar” com os homens.
CONCLUSÃO
Meu propósito não é afirmar que as linhas sobre a questão do separatismo funcionaram estritamente de acordo com a sexualidade ou que nenhum outro fator tenha configurado as práticas políticas de organização separatista. Como mostram os dados apresentados aqui, as mulheres, no movimento internacional das mulheres, na primeira metade do século XX, se envolviam em uma variedade de relacionamentos, tanto com mulheres, quanto com homens, e esses relacionamentos não podem ser de forma alguma facilmente classificados como "homossexuais" ou "heterossexuais". Havia mulheres casadas, tais como o Carrie Chapman Catt, que amou e viveu com mulheres, e mulheres solteiras, tais como Alice Salomon, que admiravam desmedidamente Lady e Lord Aberdeen. Os relacionamentos de casais femininos talvez possam ser definidos como parcerias lésbicas, amizades românticas, devotamento, ou alguma combinação desses. De fato, dada a variedade das relações, podemos nos perguntar se as mulheres internacionalmente organizadas conseguiram ultrapassar os limites da sexualidade mais facilmente do que os de classe, de religião e de nacionalidade[58]. Certamente, os conflitos sobre a sexualidade, no movimento, tenderam a contrapor muito mais os comportamentos "respeitáveis" aos não convencionais, do que as relações entre pessoas do mesmo sexo aos relacionamentos heterossexuais.
E mesmo se pudéssemos classificar as mulheres em categorias puras, a associação não seria perfeita. Rosika Schwimmer, que foi casada em sua juventude, mas que viveu a maior parte de sua vida em relações próximas com mulheres, rejeitava a forma separatista de organização durante os anos de 1930[59]. Mildred Scott Olmstead, uma das diretoras norte americanas da WILPF, que manteve um relacionamento íntimo com uma mulher durante boa parte de sua vida de casada, propôs, em 1934, que a organização internacional admitisse homens[60]. E as líderes casadas e as renegadas heterossexuais continuaram envolvidas em grupos formados unicamente por mulheres, quaisquer que fossem suas idéias sobre a forma apropriada de se organizar o movimento.
Além disso, as escolhas afetivas não formaram o único elemento forjador da política do separatismo. As diferenças nacionais e de geração, que ajudaram a construir interpretações sobre a sexualidade, são particularmente notáveis. As mulheres européias se mostraram tanto mais abertas à expressão sexual quanto menos interessadas nas organizações de sexo único, ao contrário de suas colegas anglo-americanas. Embora documentações e análises do contraste entre as culturas européias mais "sexo-positivas" e as sociedades Anglo-Americanas mais "sexo-negativas" estejam curiosamente em falta na literatura secundária, tais diferenças são ampla e, acredito eu, corretamente percebidas.
Certamente as mulheres, nas organizações internacionais, aceitavam esse contraste, sem dúvida. Alice Salomon relatou uma conversa com Lillian Wald, que vivia em um mundo de mulheres, do Henry Street Settlement, em Nova York. Wald e outras de suas conterrâneas tinham a opinião de que a vida de solteira era mais fácil para as mulheres, mas Salomon achava que poucas mulheres alemãs concordariam com essa idéia. Expressando a convicção de diferenças nacionais a respeito das posturas assumidas com relação à sexualidade, Salomon sugeriu que as mulheres dos Estados Unidos se formaram segundo "os escrúpulos excessivos da criação puritana”; porém, as americanas o negaram, retrucando que as mulheres alemãs eram super sexualizadas.
Rosa Manus fez a mesma avaliação sobre essas visões puritanas quando ela e seus pais levaram Carrie Chapman Catt a um espetáculo, no Cassino de Paris, em 1923, "o mais chocante Veau de ville [sic-vaudeville] de Paris, com uma série de mulheres nuas. Ela nunca tinha visto nada semelhante, e eu acho que isso foi bom para sua formação”, relatou Manus.
Emily Greene Balch ficou sabendo de boatos que começaram a circular a respeito de uma inocente jovem norte-americana, que trabalhava em Genebra, na década de 1920, o que a levou a concluir que as mulheres européias não conseguiam compreender a peculiar combinação americana da moderação sexual com a maneira informal com que as mulheres se relacionavam com homens jovens. E quando Martina Kramers enfrentou a condenação de seu relacionamento com Bobbie, notou que "em nenhuma parte da Europa, começando pelo meu próprio país, as pessoas estão tão certas da minha imoralidade quanto estão nos Estados Unidos"[61]. Talvez, em conseqüência disso, quando Kramers escreveu para Rosika Schwimmer sobre o conflito, ela optou pelo alemão ao invés do inglês.
Parece que as mulheres, nas sociedades e círculos (hetero)sexualmente mais permissivos, diferiam de suas compatriotas na questão do separatismo. Refletindo as preferências nacionais de grupos mistos, a presidente do Conselho Nacional das Mulheres dos Países Baixos explicitamente associou a exclusão dos homens pelas mulheres com "o novo mundo". As mulheres dinamarquesas responderam ao anúncio do Woman’s Peace Party, nos Estados Unidos, e a um apelo para a formação de grupos similares, em outros países, afirmando que "nós preferimos trabalhar juntos, homens e mulheres, na mesma organização". No congresso de Haia, em 1915, as mulheres holandesas pediram a concentração de todas as forças, masculinas e femininas, para o trabalho pela paz. Fizeram a observação que "um movimento unicamente de mulheres não é necessário e, por isso, é indesejável. A força de um movimento onde os dois sexos cooperem trará melhores resultados”.
Mulheres sindicalistas da Alemanha e da Áustria recusaram-se a mandar representantes para o segundo congresso da International Federation of Working Women, em 1921, porque "se negavam a participar de uma organização sindical unicamente de mulheres" nos moldes americanos. E a mulher austríaca que fez comentários sobre os banquetes, sem homens, na International Federation of Business and Professional Women, prosseguiu: "isso simplesmente seria algo de que nunca tínhamos ouvido falar"[62].
Da mesma forma, as mulheres que lutavam lado a lado com os homens de sua classe ou grupo nacional, por justiça ou independência, tinham razão em olhar criticamente a organização separatista. As mulheres, envolvidas nos poderosos partidos socialistas e social-democráticos da Europa, tiveram razões particulares para evitarem os grupos de um único sexo, como ilustra o conflito na International Federation of Working Women.. Katherine Bompas, secretária britânica da IAW, contrastando o movimento das mulheres "mais velhas" com a Women’s International Democratic Federation, de inspiração soviética, depois da Segunda Guerra Mundial, acreditava que os grupos existentes, afastando-se de filiações com partidos políticos (cuja dominação era masculina), pareciam “burgueses e até mesmo conservadores aos olhos das mulheres trabalhadoras”.
Em 1935, Margery Corbett Ashby relatou que as grandes dificuldades que enfrentava a luta nacionalista no Egito "aproximavam os homens e as mulheres" e fundou o principal movimento nacionalista egípcio, o Wafd, "bastante progressista em relação ao status das mulheres". Uma mulher síria, ao discursar no congresso da IAW, em Istambul, no mesmo ano, defendeu sua crença na necessidade de trabalhar, em seu país, ombro a ombro, com homens, pela prosperidade e liberdade. “A situação político-econômica do meu país está tão grave que é extremamente difícil para nós mulheres gastarmos todos os nossos esforços, somente na causa do feminismo"[63].
As diferenças de geração, quanto à questão do separatismo, também são notáveis. As mulheres jovens que experimentaram, em primeira mão, a decomposição acelerada entre as esferas sociais femininas e masculinas, no mundo do século XX , contestaram mais prontamente os movimentos só de mulheres do que suas colegas mais velhas, que se mantiveram fiéis ao tipo de organização separatista. A chefa britânica da WILPF, Mary Sheepshanks, relatou, em 1930, que as mulheres jovens de uma reunião da International Federation of University Women, em Genebra, anunciaram que "nós não vamos participar de mais nenhuma dessas organizações de mulheres".
Em 1931, a canadense Dorothy Heneker salientou que as mulheres européias jovens consideravam adequado o trabalho com os homens e o comitê da juventude da IAW relatou, em 1938, que o sentimento geral favorecia uma organização mista de jovens mulheres e homens[64]. Diferenças de geração, bem como de nacionalidade e de classe, em relação à questão do separatismo, cresceram a partir de padrões distintos de interação homossocial contra heterosocial e, assim, resistências aos grupos só de mulheres vieram tanto de fontes tradicionais quanto de progressistas.
O caso do movimento internacional das mulheres, neste período, ilustra os paradoxos de um mundo das mulheres em uma era atravessada por profundas mudanças nas relações entre os sexos. As mulheres internacionalmente organizadas, ou ao menos algumas delas, conheciam o lesbianismo, mas escolheram ver os relacionamentos de pessoas do mesmo sexo, entre suas colegas de trabalho, sob moldes mais antigos. As atitudes das mulheres solteiras variavam entre a provocação e a defensiva; isto sugere que o enfraquecimento da segregação social dos sexos, no mundo ocidental industrializado, e a classificação, insistente, de mulheres sem homens como lésbicas ou “solteironas”, fizeram com que a escolha de uma mulher como parceira, ou até mesmo a não-parceria, fosse considerada suspeita, levando assim, o mundo feminino das organizações separatistas a uma grande instabilidade.
As respostas polarizadas às mulheres em relacionamentos heterossexuais decorosos versus indecorosos, e as condenações mais acerbas quanto às mulheres que desafiavam a respeitabilidade, com relações sexuais com homens, indicam que a transformação das relações sociais e sexuais levou a desavenças no processo de organização política.
A história do movimento internacional das mulheres revela quão importante é a atenção à interação entre sexualidade e política. Conflitos sobre sexualidade e separatismo aumentaram as tensões nacionais, de classe e de geração, que já estavam fervilhando nas organizações internacionais, e prefiguraram algumas das criticas contemporâneas ao separatismo lesbiano, nos Estados Unidos, proposto por mulheres da classe trabalhadora e por mulheres de cor. Ao mesmo tempo, o silêncio das defensoras da organização de tipo separatista pode ter contribuído para o enfraquecimento do poder potencial de um movimento global de mulheres, nestes anos, por questionar a validade do re-agrupamento, longe dos homens, em um mundo cada vez mais heterossocial. Qualquer que seja o caso, a dinâmica, na primeira onda da organização internacional das mulheres, deixa claro que nossas lutas sobre sexualidade e política têm uma história mais longa e complexa do que freqüentemente imaginamos [65].
*Este artigo foi originalmente publicado em Feminist Studies 23 (Fall 1997): 577-605.
Agradeço ao American Council of Learned Societies e ao Ohio State University Office of Research and Graduate Studies, à Faculdade de Humanidades, Departamento de História, ao Centro de Estudos sobre Mulheres e a Mershon Center pelo apoio financeiro a essa pesquisa. Também gostaria de agradecer a Margot Badran, Minede Bosch, Estelle Freedman, Susan Hartmann, Karin Lutzen, Birgitte Sfland, Verta Taylor, e diversos leitores anônimos pelos vários desafios e contribuições que fizeram ao meu pensamento; a Helen Fehervary, pelo auxílio na tradução de algumas frases alemãs difíceis; e Ayfer Karakaya Stump, pela assistência na pesquisa.
Biografia
Leila J. Rupp é professora de História e Chefe deste Departamento na Ohio State Universty, tendo sido professora de Women's Studies na University of California at Santa Barbara. É autora de várias publicações, como Mobilizing Women for War: German and American Propaganda, 1939-1945, co-autora cp, Verta Taylor of Survival in the Doldrums: The American Women's Rights Movement, 1945 to the 1960s, autora of Worlds of Women: The Making of an International Women's Movement, e também de A Desired Past: A Short History of Same-Sex Love in America co-autora com Verta Taylor, do livro, no prelo Drag Queens at the 801 Cabaret. É editora do Journal of Women's History.
[1] Marjory Lacey-Baker, "Chronological Record of Events and Activities for the Biography of Lena Madesin Phillips, 1881-1955"; e Lena Madesin Phillips, "Unfinished History of the International Federation of Business and Professional Women," Phillips Papers, cartons 7 and 9, Schlesinger Library, Radcliffe College, Cambridge, Massachusetts.
[2] Bertha Lutz para Carrie Chapman Catt, 12 Feb. 1934, 7 July 1936, National American Woman Suffrage Association Papers, reel 12, Library of Congress, Washington, D.C.
[3]Ver Joanne J. Meyerowitz, Women Adrift: Independent Wage Earners in Chicago, 1880-1930 (Chicago: University of Chicago Press, 1988); Kathy Peiss, Cheap Amusements: Working Women and Leisure in Turn-of-the-Century, New York (Philadelphia: Temple University Press, 1986); Hazel V. Carby,"It Jus Be's Dat Way Sometime': The Sexual Politics of Women's Blues," in Unequal Sisters: A Multicultural Reader in U.S. Women's History, ed. Ellen Carol DuBois and Vicki L. Ruiz (New York: Routledge, 1990), 238-49; Judith R. Walkowitz, City of Dreadful Delight: Narratives of Sexual Danger in Late-Victorian London (Chicago: University of Chicago Press, 1992); Birgitte Sfland, "Gender and the Social Order:Danish Women in the 1920s" (Ph.D. diss., University of Minnesota, 1993).
[4] A respeito da emergência da categoria e identidade “lesbiana”, na virada do século, ver George Chauncey Jr., "From Inversion to Homosexuality: Medicine and the Changing Conceptualization of Female Deviance", Salmagundi, nos. 58-59 (fall 1982-winter 1983): 114-46; e Lisa Duggan, "The Trials of Alice Mitchell: Sensationalism, Sexology, and the Lesbian Subject in Turn-of-the-Century America," Signs 18 (summer 1993): 791-814.
[5] Blanche W. Cook, "Female Support Networks and Political Activism: Lillian Wald, Crystal Eastman, Emma Goldman", Chrysalis 3 (autumn 1977): 43-61; Estelle B. Freedman, "Separatism as Strategy: Female Institution Building and American Feminism, 1870-1930", Feminist Studies, 5 (fall 1979): 512-29. Ver Mineke Bosch com Anne Marie Kloosterman, Politics and Friendship: Letters from the International Woman Suffrage Alliance, 1902-1942 (Columbus: Ohio State University Press, 1990); Ian Tyrrell, Woman's World, Woman's Empire: The Woman's Christian Temperance Union in International Perspective, 1880-1930 (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1991), que discute a questão de casais no movimento cristão de mulheres pela temperança World Woman's Christian Temperance Union; e Johanna Alberti, Beyond Suffrage: Feminists in War and Peace, 1914-1928 (London: Macmillan, 1989), que descreve o amor entre mulheres no movimento de mulheres na Inglaterra. Ver também Ute Gerhard, Christina Klausmann, and Ulla Wischermann, "Frauenfreundschaften-ihre Bedeutung fur Politik und Kultur der alten Frauenbewegung," Feministische Studien 11 (May 1993): 21-37, que analisa os laços entre as mulheres no movimento de mulheres da Alemanha; Leila J. Rupp and Verta Taylor, Survival in the Doldrums: The American Women's Rights Movement, 1945 to the 1960s (New York: Oxford University Press, 1987), que enfatiza a importância dos casais de mulheres no movimento norte-americano pelos direitos das mulheres.
[6] No início do século XIX, na Escócia, a neta de Dame Cumming Gordon acusou duas de suas professoras de terem um relacionamento sexual, causando a ruína da escola. Ver Lillian Faderman, Scotch Verdict (New York: William Morrow, 1983). Faderman conceitua as “amizades românticas “ em Surpassing the Love of Men: Romantic Friendship and Love between Women from the Renaissance to the Present (New York: William Morrow, 1981), mas trabalhos recentes problematizam e tornam mais complexa a aceitação de tais amizades. Ver especialmente os diários de Anne Lister, I Know My Own Heart: The Diaries of Anne Lister, 1791-1840, ed. Helena Whitbread (New York: New York University Press, 1988) e No Priest but Love: The Journals of Anne Lister from 1824-1826, ed. Helena Whitbread (New York: New York University Press, 1992); Martha Vicinus, "They Wonder to Which Sex I Belong': The Historical Roots of the Modern Lesbian Identity, "Feminist Studies 18 (fall 1992): 467-97; Lisa Moore, "Something More Tender Still than Friendship': Romantic Friendship in Early-Nineteenth-Century England,"Feminist Studies 18 (fall 1992): 499-520; Sylvia Martin, "`These Walls of Flesh': The Problem of the Body in the Romantic Friendship/Lesbianism Debate", Historical Reflections/Reflexions Historiques 20 (summer 1994): 243-66; and Marylynne Diggs, "Romantic Friends or a `Different Race of Creatures'? The Representation of Lesbian Pathology in Nineteenth-Century America", Feminist Studies 21 (summer 1995): 317-40.
[7] Ver Leila J. Rupp, "Constructing Internationalism: The Case of Transnational Women's Organizations, 1888-1945."American Historical Review 99 (December 1994): 1571-1600”, e "Zur organisationsgeschichte der internationalen Frauenbewegung vor dem Zweiten Weltkrieg," trans. Beate L. Menzel, Feministische Studien 12 (November 1994): 53-65.
[8] Ver Leila J. Rupp, "Challenging Imperialism in International Women's Organizations," NWSA Journal 8 (spring 1996): 8-27. Margot Badran ressaltou o “ brilho especial” de Saiza Nabarawi, participante egípcia da International Alliance of Women, quando falava sobre suas amizades, entretanto Nabarawi não aparece em lugar nenhum nas reflexões pessoais das participantes européias... Personal communication from Margot Badran, 29 Dec. 1995; ver também Margot Badran, Feminists, Islam, and Nation: Gender and the Making of Modern Egypt (Princeton: Princeton University Press, 1995).
[9] Women in a Changing World: The Dynamic Story of the International Council of Women since 1888 (London: Routledge & Kegan Paul, 1966) é uma útil história interna desta organização.
[10] A respeito da história da International Alliance of Women, ver Arnold Whittick, Woman into Citizen (London: Athenaeum with Frederick Muller, 1976); e Bosch.
[11] Sobre a WILPF e o Congresso de Haia, ver Gertrude Bussey and Margaret Tims, Women's International League for Peace and Freedom, 1915-1965 (London: George Allen & Unwin, 1965); Lela B. Costin, "Feminism, Pacifism, Internationalism, and the 1915 International Congress of Women, "Women's Studies International Forum 5, no. 3/4 (1982): 301-15; Catherine Foster, Women for All Seasons: The Story of the Women's International League for Peace and Freedom (Athens: University of Georgia Press, 1989); Jo Vellacott, "A Place for Pacifism and Transnationalism in Feminist Theory: The Early Work of the Women's International League for Peace and Freedom," Women's History Review 2, no. 1 (1993): 23-56; e Anne Wiltsher, Most Dangerous Women: Feminist Peace Campaigners of the Great War (London: Routledge & Kegan Paul, 1985).
[12] The term "Uranian" ("Urning" in German) came from Karl Heinrich Ulrichs, who coined the term, according to David F. Greenberg, The Construction of Homosexuality (Chicago: University of Chicago Press, 1988), 408, based on a discussion in Plato's Symposium. Plato distinguishes heavenly love, associated with the Uranian Aphrodite, whose attributes are male, from earthly love and discusses both in terms of men's love for boys.
[13] Anna Ruhling, "Welches Interesse hat die Frauenbewegung an der Losing des homosexuellen problems?" (What interest does the women's movement have in the homosexual question?), in Lesbian-Feminism in Turn-of-the-Century Germany, ed. and trans. Lillian Faderman and Brigitte Eriksson ([Weatherby Lake, Mo.]: Naiad Press, 1980), 81-91, quotation on p. 88. Ver também Mecki Pieper, "Die Frauenbewegung und ihre bedeutung fur lesbische Frauen (1850-1920)," in Eldorado: Homosexuelle Frauen und Manner in Berlin, 1850-1950 (Berlin: Frolich & Kaufmann, 1984), 116-24.
[14] Ver Bosch, 85, 287; Ilse Kokula, Weibliche Homosexualitat um 1900 in zeitgenossischen Dokumenten (Munich: Verlag Frauenoffensive, 1981), 31; Kokula cita Amy Hackett, "The Politics of Feminism in Wilhelmine Germany, 1890-1918" (Ph.D. diss., Columbia University, 1976).
[15] Martina Kramers to Carrie Chapman Catt, 2 June 1913, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-33, Rare Books and Manuscripts Division, New York Public Library, Astor, Lenox, and Tilden Foundations.
[16] Aletta Jacobs para Rosika Schwimmer [German], 16 Feb. and 20 Apr. 1905, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-6 and box A-7. Jacobs, cujo alemão não era perfeito, usa a forma masculina de “amigo” com o final feminino no artigo e adjetivo. Como o holandês de alemão tem uma forma similar de terminar as palavras em caso de amizades femininas ou masculinas, considero que se referia a um amigo, homem.
[17] J.H. Leunbach to Aletta Jacobs [German], 17 Sept. 1927, Jacobs Papers, Internationaal Informatiecentrum en Archief voor de Vrouwenbeweging, Amsterdam .
[18] Rosika Schwimmer to Wilhelmina van Wulfften Palthe, 29 July 1917, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-90, sobre "fairies" e "queer"; Marguerite Gobat to Vilma Glucklich [French], 27 Oct. 1924, Women's International League for Peace and Freedom Papers, reel 1 (Microfilming Corporation of America) a respeito de "perversão do ponto de vista sexual"; Aletta Jacobs to Rosika Schwimmer, 3 May 1909, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-20, sobre masculinização "Manly-Looking"; Helen Archdale to Anna Nilsson, 17 May 1933, Equal Rights International Papers, box 331, Fawcett Library, London Guildhall University, sobre cabelos curtos e vestimentas masculinas; Mia Boissevain, tribute to Rosa Manus, n.d., Rosa Manus Papers, Internationaal Informatiecentrum en Archief voor de Vrouwenbeweging.
[19] Lida Gustava Heymann with Anita Augspurg, Erlebtes-Erschautes: Deutsche Frauen kampfen fur Freiheit, Recht und Frieden 1850-1940, ed. Margrit Twellman (Meisenheim am Glan: Anton Hain, 1972), 62. Ver também Regina Braker, "Bertha von Suttner's Spiritual Daughters: The Feminist Pacifism of Anita Augspurg, Lida Gustava Heymann, and Helene Stocker at the International Congress of Women at The Hague, 1915," Women's Studies International Forum 18, no. 2 (1995): 103-11.
[20] Heymann and Augspurg, 64, 74, 76. Agradeço a Helen Fehervary pela sugestão de tradução de "hergeloffene Frauenzimmer."
[21] Lida Gustava Heymann to Rosika Schwimmer [German], 3 Oct. 1919, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-119; [no signature] to Lida Gustava Heymann, 29 July 1921, WILPF Papers, reel 1; Lida Gustava Heymann to Jane Addams, 4 Nov. 1924, Addams Papers, reel 16 (University Microfilms International).
[22] Emily Balch to Aletta Jacobs, 15 Nov. 1916, Jacobs Papers, box 2; Emily Hobhouse to Aletta Jacobs, 24 Apr. 1920, Jacobs Papers, box 1; "List of individuals expected in Innsbruck" [German], [1925], WILPF Papers, reel 2; Lida Gustava Heymann to Gabrielle Duchene, 17 Feb. 1926, Dossiers Gabrielle Duchene, Fol Res. 206, Bibliotheque de Documentation Internationale Contemporaine, University of Paris, Nanterre.
[23] Anne Zueblin to Jane Addams, 17 Jan. 1930, Addams Papers, reel 21
[24] Clara Ragaz to K.E. Innes and Gertrud Baer, 18 Apr. 1940, WILPF Papers, reel 4; Rosika Schwimmer to Alice Park, 7 Jan. 1944, Alice Park Papers, box 1, Hoover Institution, Stanford, California.
[25] . Lida Gustava Heymann to Mary Rozet Smith [German/English], 5 June 1924, Addams Papers, reel 16; Lida Gustava Heymann to Jane Addams [German], ca. 15 Mar. 1929, Addams Papers, reel 20. On Addams and Smith, see Cook.
[26] Anne Zueblin to M. Illova, 10 June 1929, WILPF Papers, reel 19; Mary Sheepshanks to Mary Rozet Smith, 5 July 1929, Addams Papers, reel 20; Jane Addams to Lida Gustava Heymann, 23 Feb. 1924, Addams Papers, reel 16.
[27] Aletta Jacobs to Jane Addams, 23 Dec. 1915, Addams Papers, reel 9; Aletta Jacobs to Jane Addams and Alice Hamilton, 26 Sept. 1919, Addam Papers, reel 12; Aletta Jacobs to Jane Addams, 12 June 1923, Addams Papers, reel 15. Talvez Jacobs quisesse declarar sua própria identidade sexual em lugar de negar que uma mulher pudesse estar apaixonada por outra. Mas, neste caso, teríamos que considerar o que ela não disse: “ Sempre admirei-a e se eu tivesse inclinações diferentes, teria me apaixonado por ela”. Agradeço a Birgitte Sfland por esta observação.
[28] Karin Lutzen, Was das Herz begehrt: Liebe und Freundschaft zwischen Frauen, translated from Danish by Gabriele Haefs (Hamburg: Ernst Kabel Verlag, 1990), 110-38Rachel Foster Avery to Aletta Jacobs, 14 July 1910, Jacobs Papers.
[29] Rachel Foster Avery to Aletta Jacobs, 14 July 1910, Jacobs Papers
[30] Biography of Anna Howard Shaw, Dillon Collection, box 18, Schlesinger Library; Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 19 Mar. 1914, Jacobs Papers; Aletta H. Jacobs, Uit het leven van merkwaardige vrouwen (Amsterdam: F. van Rossen, 1905), 37, quoted in Bosch, 25; Barbara R. Finn, "Anna Howard Shaw and Women's Work," Frontiers 4 (fall 1979): 21-25, citado por Bosch, 26
[31] in Mary G. Peck to Carrie Chapman Catt, 6 Feb. 1929, quoted in Robert Booth Fowler, Carrie Catt: Feminist Politician (Boston: Northeastern University Press, 1986), 42. Catt também teve uma relação romântica com Peck que, por sua vez, vivia com outra mulher. Catt escreveu para a companheira de Peck: "Mary Peck e eu estamos fazendo, mas com você vigiando-a e com Hay me observando, acredito que ainda levará muito tempo para que uma fuga romântica possa ter sucesso”. (Catt to Frances Squire Potter, n.d., in Bosch, 38). Fowler acha a heterossexualidade de Catt tão forte que dificilmente pode imaginar seu amor por outra mulher. Ver Bosch, 291, for criticism of Fowler.
[32] Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 14 Dec. 1908, Jacobs Papers; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 24 Sept. 1906, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-10; Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 8 Feb. 1909 and 7 Apr. 1911, Jacobs Papers, box 2; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 24 Sept. 1906, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-10; Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 8 Feb. 1909, and 7 Apr. 1911, Jacobs Papers, box 2; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 24 Sept. 1906, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-10; Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 14 Dec. 1908, Jacobs Papers, box 2; Rachel Foster Avery to Aletta Jacobs, 14 July 1910, Jacobs Papers; Anna Manus-Jacobi, tribute to Carrie Chapman Catt [German], 11 Mar. 1947, Manus Papers .
[33] in Mercedes Randall, Improper Bostonian: Emily Greene Balch (New York: Twayne Publishers, 1964), 397, 299.
[34] Lida Gustava Heymann to Jane Addams [German], 16 Sept. 1919, and Helen Cheever to Jane Addams, 13 Sept. 1922, both in Addams Papers, reel 12 and 15.
[35] Randall, 396; quoted in ibid., 397; Jane Addams, Second Twenty Years at Hull House, 197-98, in Randall, 399 .
[36] Elisabeth Busse, "Das moralische Dilemma in der modernen Madchenerziehung", in Ada Schmidt-Beil, Die Kultur der Frau (Berlin: Verlag fur Kultur und Wissenschaft, 1931), 594; in Pieper, 120-21. Os alemães lêem ads "sie leben frauenbundlerisch," que tem um duplo sentido sobre “união de mulheres”, como parceria ou “associação de mulheres”. Agradeço a Helen Fehervary pela sugestão deste sentido.
[37] Alice Salomon, "Character Is Destiny," 218 and 39-42, Alice Salomon Papers, Memoir Collection, Leo Baeck Institute, New York .
[38] Alice Salomon, "The Unmarried Woman of Yesterday and Today," ICW Bulletin 11 (October 1932); Lena Madesin Phillips to Carrie Probst, 28 May 1935, Phillips Papers, carton 4, Schlesinger Library (on Phillips's relationship, see Rupp and Taylor, 121-24); Helen Archdale to Doris Stevens, 14 Feb.1936, and Lady Rhondda to Doris Stevens [May 1928], ambos in Stevens Papers, cartons 4 and 5, Schlesinger Library (sobre as relações de Lady Rhondda com mulheres ver Shirley M. Eoff, Viscountess Rhondda: Equalitarian Feminist [Columbus: Ohio State University Press, 1991], 107-16).
[39] Ver Leila Rupp, "Constructing Internationalism, op. cit.
[40] Ver Lynn Y. Weiner et al., "Maternalism as a Paradigm," Journal of Women's History 5 (fall 1993): 95-131; Seth Koven and Sonya Michel, "Womanly Duties: Maternalist Politics and the Origins of the Welfare States in France, Germany, Great Britain, and the United States, 1880-1920," American Historical Review 95 (October 1990): 1076-1108; Karen Offen, "Defining Feminism: A Comparative Historical Approach," Signs 14 (autumn 1988): 119-57.
[41] Heymann, Erlebtes, 70 .
[42] Lucy Anthony para Aletta Jacobs, 10 Jan. 1915, and Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 30 Aug. 1917, ambos in Jacobs Papers, box 2.
[43] Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 22 Aug. 1915 and 18 Apr. 1916, Jacobs Papers, box 2; speech of Lida Gustava Heymann, WILPF Zurich Congress, [1919], WILPF Papers, reel 17; Minutes, WILPF International Congress, 3-8 Sept. 1934, WILPF Papers, reel 20; "Man Made Wars," Pax 6 (May 1931).
[44] Emily Greene Balch to Aletta Jacobs, 15 Nov. 1916, Jacobs Papers, reel 9; Emily Greene Balch to Jane Addams, 29 June [1922], Addams Papers, reel 14.
[45] Eva Fichet para Emily Balch [French], 19 Aug. 1934, WILPF Papers, reel 20; Catherine E. Marshall to Vilma Glucklich, 14 May [1923], Addams Papers, reel 15. On Marshall, see Jo Vellacott, From Liberal to Labour with Women's Suffrage: The Story of Catherine Marshall (Buffalo, N.Y.: McGill-Queen's University Press, 1993).
[46] May Ogilvie Gordon to [Emma Ender?] [German], 1 Dec. 1926, Helene-Lange- Archiv, 84-331 (6), Landesarchiv Berlin; Ishbel Aberdeen and Temair, "A Message from the President," ICW Bulletin 5 (June 1927). Sobre os relacionamentos de Aberdeen, ver Aberdeen and Temair, "We Twa": Reminiscences of Lord and Lady Aberdeen, 2 vols. (London: W. Collins & Sons, 1925).
[47] Alice Salomon, "To Lord and Lady Aberdeen on the Occasion of Their Golden Wedding, November 7th, 1927,"ICW Bulletin 6 (November 1927); Lady Aberdeen to Emma Ender [German], 31 Jan. 1928, Helene-Lange-Archiv, 78-315 (1), Landesarchiv Berlin; Emma Ender to Lady Aberdeen [German], 13 Feb. 1928, Helene-Lange-Archiv, 85-333 (2), Landesarchiv Berlin; "Lady Aberdeen's Response to Toast Proposed by Baroness Boel...", 13 July 1938, ICW, President's Memorandum Regarding the Council Meeting of the ICW held at Edinburgh, (Scotland), July 11th to 21st 1938 [no publication information], 15-17.
[48] Aletta Jacobs to Rosika Schwimmer [German], 18 Nov. 1903, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-4; see Bosch, 9-12, 53-55.n As reminiscências de Jacobs foram traduzidas e publicadas como memórias: My Life as an International Leader in Health, Suffrage, and Peace, ed. Harriet Feinberg, trans. Annie Wright (New York: Feminist Press, 1996).
[49] Anna Howard Shaw to Aletta Jacobs, 24 Feb. 1905, Jacobs Papers, box 1; Aletta Jacobs to Rosika Schwimmer [German], July 1905, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-7 (on this, see Bosch, 62); Lydia Kingsmill Commander to Aletta Jacobs, 24 June 1907, Jacobs Papers, box 1.
[50] . Margery Corbett Ashby to Brian Ashby, [1926], Corbett Ashby Papers, box 477; quoted in Brian Harrison, Prudent Revolutionaries: Portraits of British Feminists between the Wars (Oxford: Clarendon Press, 1987), 204.
[51] Madeleine Doty to Gabrielle Duchene, 27 July 1925, Dossiers Duchene, Fol Res. 207, Bibliotheque de Documentation Internationale Contemporaine; Madeleine Doty para Jane Addams, 26 Mar. 1927, Madeleine Doty to Mary Sheepshanks, 8 Feb. 1927, and Madeleine Doty para Jane Addams, 10 Feb. 1927, in Addams Papers, reel 18.
[52] Lady Aberdeen, "Presidential Address," ICW, Report of Transactions of Second Quinquennial Meeting Held in London July 1899, ed. Countess of Aberdeen (London: T. Fisher Unwin, 1900), v. 1, 49; ICW, Report of Transactions, 1899, v. 1, 56; Margery Corbett Ashby interview, 21 Sept. 1976, conducted by Brian Harrison, Corbett Ashby Papers, cassette #6.
[53] Carrie Chapman Catt to Martina Kramers, 21 May 1913, box A-33; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 27 May 1913 and 2 June 1913, box A-32 and box A-33; Martina Kramers to Carrie Chapman Catt, 2 June 1913, box A-33; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 27 May 1913, box A-32; Martina Kramers to Rosika Schwimmer [German], 31 May 1907 and 7 Oct. 1908, box A-12 and box A-17, todos em Schwimmer-Lloyd Collection.
[54] Adele Schreiber-Krieger to Rosika Schwimmer [German], 28 Mar, and 15 June 1910, Schwimmer-Lloyd Collection, boxes A-22 and A-23. See Richard Evans, The Feminist Movement in Germany, 1894-1933 (London: Sage Publications, 1976), 115-39; and Christl Wickert, Helene Stocker, 1869-1943: Frauenrechtlerin, Sexual-reformerin, Pazifistin: eine Biographie (Bonn: Verlag J.H.W. Dietz, 1991).
[55] Aletta Jacobs to Rosika Schwimmer [German/English], 5 Aug. 1910, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-23.
[56] Bertha Lutz to Carrie Chapman Catt, 7 July 1936, 12 Feb. 1934, 15 July 1936, NAWSA Papers, reel 12; Doris Stevens, transcription of taped reminiscences, Stevens Papers, carton 3, Schlesinger Library; Bertha Lutz to Carrie Chapman Catt, 12 Feb. and 1 Dec. 1934, 15 July 1936, NAWSA Papers, reel 12. See Leila J. Rupp, "Feminism and the Sexual Revolution in the Early Twentieth Century: The Case of Doris Stevens," Feminist Studies 15 (summer 1989): 289-309.
[57] Martina Kramers para Rosika Schwimmer [German], 30 Nov. 1908, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-18.
[58] Agradeço a Susan Hartmann por este insight
[59] Rosika Schwimmer para Gabrielle Duchene, [1934], WILPF Papers, reel 20.
[60] Minutes, Eighth International Congress, Zurich, 3-8 Sept. 1934, WILPF Papers, reel 20; on Mildred Scott Olmstead's complex personal life, ver Margaret Hope Bacon, One Woman's Passion for Peace and Freedom: The Life of Mildred Scott Olmstead (Syracuse: Syracuse University Press, 1993).
[61] Alice Salomon, "Character Is Destiny," 218 and 39-42, Salomon Papers; Rosa Manus to Clara Hyde, 28 Apr. 1923, Carrie Chapman Catt Papers, reel 4, Library of Congress, Washington, D.C.; Emily Greene Balch to Jane Addams, [1928?], Addams Papers, reel 19; Martina Kramers to Carrie Chapman Catt, 2 June 1913, Schwimmer-Lloyd Collection, box A-33 Bosch marca este ponto sobre as diferentes attitudes em relação à sexualidade nos dois lados do Atlântico.
[62] Elizabeth Baelde, "Impressions of the Visit of the I.C.W. to Canada," in Our Lady of the Sunshine, ed. Countess of Aberdeen (London: Constable, 1909), 310-34; Eline Hansen to Rosika Schwimmer, 12 Mar. 1915, and Edna Munch para Rosika Schwimmer, 18 Mar. 1915, both in Schwimmer-Lloyd Collection, box A-55 and A-57; "Report of Business Sessions," 29 Apr. and 1 May [1915], International Committee of Women for Permanent Peace, International Congress of Women, The Hague-April 28th to May 1st 1915: Report, 111-17, 162-63; "Stenographic Report of Second Congress," 17 Oct. 1921, International Federation of Working Women Papers, Schlesinger Library; "Unfinished History of the International Federation of Business andProfessional Women .
[63] Katherine Bompas to Carrie Chapman Catt, 29 Nov. 1945, Carrie Chapman Catt Papers, box 3, New York Public Library; Margery Corbett Ashby to Josephine Schain, 5 Feb. 1935, Schain Papers, box 4, Sophia Smith Collection; [Mrs. Bader Dimeschquie], "Delegates and Friends," 1935, International Alliance of Women Papers, box 1, Sophia Smith Collection.
[64] Mary Sheepshanks para Yella Hertzka, 16 July 1930, WILPF Papers, reel 2; Idola Saint-Jean to Helen Archdale, 15 Sept. 1931, Equal Rights International Papers, box 334; Minutes, Meeting of the International Alliance of Women for Suffrage and Equal Citizenship Board, Paris, 6-9 Dec. 1938, International Alliance of Women Papers, Fawcett Library.