Labrys Santas ou feiticeiras: a Christine Détrez tradução: tania navarro swain O corpo, apesar de Palavras-chave: corpos femininos, dominação, poder político / simbólico Se a frase de Simone de Beauvoir "não se nasce
mulher, torna-se mulher" obteve tanto sucesso,foi sem dúvida
porque nela e resume o Natureza e cultura >Longa é a tradição que funda as características do
individuo em sua natureza biológica: a A associação entre tipologia física, moral e social,
através dos tempos, inspirou a Coube à antropologia o rompimento com a evidência do
corpo natural: Marcel Mauss afirma assim que "em suma, não existe
talvez ' um modo natural' Em uma perspectiva sociológica, esta pregnância da
dimensão cultural é declinada segundo o pertencimento social: de acordo
com o meio em que evoluem, os indivíduos se comportam de Entretanto, a Mesmo as sensações, que aparentemente respondem à processos bioquímicos traduzíveis em equações, com toda a força de generalização e de universalização que comporta a linguagem matemática, não escapam à relativização: passam igualmente por uma decodificação cultural, variável segundo o país. O corpo, como um idioma, é submetido às grades culturais de cada país, grupo social, segundo "um código, secreto e complicado, escrito em nenhum lugar, não conhecido por ninguém, mas seguido por todos"( Sapir, 1967). O corpo aparece, portanto, como a interface entre a individualidade no que tem de mais singular , e o grupo, mas igualmente entre a biologia e o social. As configurações do corpo feminino O corpo do Além dos exemplos antropológicos, que mostram as múltiplas
combinações possíveis destes elementos, de modo geral a identidade
sexual é o produto de um A diferença biológica entre mulheres e homens, inscrita
na anatomia, intervém como uma justificação a posteriori, Durante longo tempo, o sexo das mulheres era representado
como um órgão masculino invertido, imperfeito. Mas a O Mas mesmo se estamos longe das teorias de Aristóteles,
onde o ventre feminino não era senão o receptáculo do pneuma,
o princípio de vida masculino, certas descrições, entretanto, reproduzem
a mesma dicotomia entre ativo e passivo. As ilustrações são igualmente
edificantes: nos capítulos consagrados aos músculos: as meninas ninam
bonecas ( músculos do braço) enquanto os meninos chutam bola ( músculos
da pernas). As meninas se vestem com saiote de dançarinas, os meninos
mostram os bíceps. As meninas comem maçãs, os meninos hambúrgueres.
Os meninos fazem flexões, escalam, correm, as merinas dormem ou descansam
em uma rede O título é eloqüente "mais nervos! (capítulo sobre
os nervos, em Le corps humain, Nathan)). No melhor
dos casos elas dançam, ou nadam ( reencontrando assim seu elemento,
o Pela força das representações anatômicas, as diferenças
sociais encontram-se naturalizadas, inscritas em profundidade no biológico:
a menina aprende assim rapidamente que o corpo da mulher é linfático,
submetido aos fluidos e hormônios ( como se o sistema hormonal não
existisse entre os homens…) Ela aprende igualmente nestas páginas
que sua realização e sua razão de O corpo feminino:
um Pois a > A ritualização do corpo feminino é assim instrumento
de sua domesticação, de sua dominação: as/ os historiadoras/ os da
Ao dualismo corpo/ espírito corresponde assim o equivalente
homem/ mulher: ao homem a criação, a razão, a esfera do público, à
mulher a procriação, as emoções e as paixões. Esta partilha de esferas
é evidentemente organizada hierarquicamente, É interessante Carreados por uma legitimidade científica, os saberes
sobre o corpo são igualmente poderes, simbólicos ou físicos (Kleinman,
Desjarlais, 1994) : em certas sociedades, apagam-se dos livros
médicos o Não é de se Referências Bateson, Gregory, Mead, Margaret. 1942. Balinese
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em sociologia na Ecole Normale Supérieure Lettres et Sciences Humaines
de Lyon. Suas pesquisas se debruçam sobre a sociologia da cultura
e a sociologia do corpo ; publicou, entre outras obras, Et
pourtant ils lisent, (com Christian Baudelot et Marie Cartier,
Seuil, 1998) e La construction sociale du corps (Seuil, 2002).
Trabalha atualmente, em colaboração com Anne Simon, sobre a representação
do corpo feminino na [1] Na Índia e na China, como já foi amplamente divulgado
pelos movimentos feministas, a ecografia serve também como indicativo
[2] noção desenvolvida por Toril Moi. NT [3] popr exemplo, Annette Messager, Marina Abramovic ou Cindy Sherman, escritoras cujos romances descrevem as realidades mais cruas e materias do corpo, nos anos 70.
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